Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
A "quarta mais bela cidade do Mundo" enviada para a Idade Média.
Confirma-se, o "animal político", ou teria sido dito "o político animalesco", não deixou de ser o grunho aleivoso que sempre foi.
...ou como recorrer a truques, buzinadelas e cantorias, se os "partidos que interessam" não ganham eleições.
Eis o eleiçoeiro projecto do senhor Menezes de Gaia. Talvez fosse uma boa ideia darmos uma vista de olhos nas contas do município de Barcelona, pois por aquilo que os jornais espanhóis dizem, o buraco financeiro parece ser tão largo como o da cratera de Vredefort. Não tarda muito e teremos uma lusa reedição do sr. Mas em menêzica versão.
Uma entrevista a resvalar para o bueiro da esquina e rançosas insinuações acerca do "despesismo do dr. Paulo Portas" - decerto a caquética questão dos dois submarinos que num caso de normalidade deveriam ser uns oito, pelo menos -, mostra bem o quão baixo desceu a alegada "classe" política caseira. Sempre lestos a apontarmos o dedo a Berlusconis e quejandos, deveríamos estar muitíssimo mais preocupados em alijarmos muita desta tralha borda fora. A nau portuguesa mete água pelos costados, há que torná-la mais leve e segura.
Grande filme, possivelmente o melhor jamais feito sobre educação, com Edward James Olmos no papel da sua vida.
Quando eu andava no ensino básico os pais não desautorizavam os professores nem iam para a porta das escolas pedir-lhes meças das reprimendas e admoestações com que brindavam os gnomos, ora tiranetes em potencial pela natureza humana, perante o seu mau comportamento. Au contraire, a veneranda figura do docente, enquanto aspersor do saber, era olhada com deferência. Não havia putos que se apresentassem como animais de matilha, aos uivos, habituados ao excesso de atenção e às encolhas dos pais perante a chantagem que emerge mal a temperatura do ar cai dois graus de uma vez, como hoje acontece. Na escola aprendia-se, porque o saber estar e o saber fazer eram vistos como elementos de distinção. Hoje o que está a dar é ser medíocre, não levantar ondas, dar nas trombas da outra tribo, e correr com os poucos que ainda sabem mais que a média.
Entretanto cheguei ao que é hoje o 5º ano sem qualquer défice no que aos rudimentos, da língua e dos números, pudesse tocar. E de repente estava no secundário, sem percalços nem hesitações. Por dias d'hoje há um séquito de parasitas instalados na modorra social-garantida que exige, em anos ímpares, mais respeito, e em anos pares, menos chumbos; tudo por forma a assegurar o direito adquirido a ganhar sem trabalhar, e a trabalhar sem produzir, de onde sucede a correlação óbvia entre ganhar e não produzir. Vive-se a era Sociozóica, onde cada um se agrega a cada outro de igual persuasão ideológica, mormente a de nada fazer e tudo ter à conta dos outros.
Desculpem, alonguei-me. Vou dar aulas.
Quero apenas agradecer a centena de likes que granjeei com o meu post sobre a multa ao cidadão assoante, aproveitando para deixar aos meus leitores a sugestão de largarem a ilusão facebookiana de que gritar é revolta. Se querem dar-me razão, na letra e no espírito daquilo que posto, não paguem impostos, não comprem, não gastem, não obedeçam, não se associem por causas de merda.
Bem hajam.
(foto do Jornal de Notícias)
Os artistas apanhados em flagrante com a sua invenção-maravilha, deveriam ser reencaminhados para um polo tecnológico, no sentido de se estudar outras aplicações para este veículo eficiente. No entanto, existem perigos que não devem ser subestimados. O alçapão pode ser mais uma ferramenta aproveitada pelo fisco. Uma roulotte de falsas bifanas que se encosta ao contribuinte no sentido de sacar do consumidor, e em flagrante, a mostarda. O grau de elaboração do aparelho fiscal terá sempre uma resposta ao mesmo nível, senão mais criativa. O exercício de sobrevivência irá estimular as mentes daqueles que em última instância não estão a trabalhar para aquecer. Estão a tentar pôr o pão em cima da mesa. Estão a tentar desenvencilhar-se da melhor forma que podem ou sabem. A culpa nada tem a ver com a inspecção periódica obrigatória da carrinha. Tem a ver com a falência de sucessivos governos que não foram capazes de firmar em actos a construção sustentável do país. Não deve constituir surpresa o aumento da quota negra de mercado na economia. A austeridade que quase mata a economia, está a servir de veículo para a inovação na economia marginal quando esta deveria acontecer na economia normal. Encontramo-nos na sombra onde irão ocorrer mais e mais desfalques com mais ou menos grau de apuro. O alçapão é parente próximo do cadafalso. O palanque para onde parecem encaminhar as pessoas deste país, cada vez mais indigentes, cada vez mais desesperadas.
Cada um dos dois volumes de A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos, a obra mais célebre de Karl Popper, recentemente publicada em português, custa 26,90 euros, ou seja, 53,80 euros no total. Em inglês, na Book Depository, uma loja que não cobra os custos de envio, pode-se comprar cada um dos volumes por 17 euros, ou uma edição que inclui os dois volumes num só por 22 euros. Partindo do pressuposto que a esmagadora maioria do público-alvo desta obra também lê em inglês e que cada vez mais se banaliza a encomenda de livros através da Internet, como é que se explica o preço da edição portuguesa? A tradução vale ouro ou trata-se de uma edição em capa dura - com uma capa de ouro, claro - ? E quem fala neste caso, fala noutros. Por exemplo, qualquer edição portuguesa da obra de Tocqueville Da Democracia na América custa cerca de 40 euros, enquanto as edições em inglês ficam por 10 ou 20 euros. Por estas e por outras é que já raramente compro livros em português que não sejam de autores portugueses. Depois queixem-se da falência de editoras nacionais ou que os portugueses têm maus hábitos de leitura...
Recebi um e-mail de um centro de estudos de uma universidade portuguesa cujo campo do assunto principia com a palavra "Retificação". Perante o absurdo e aberrante abortismo ortográfico, os seus defensores e os que o adoptam, começa cada vez mais a apetecer tomar emprestada a expressão que Francisco José Viegas utilizou para indicar o que mandaria os fiscais das facturas fazer caso o importunassem. Talvez então alguém se preocupasse em tratar de uma "retificação", seja lá isso o que for.
Agradecemos o destaque dado ao post sobre a colocação de rimel que deu multa. Obrigado Sapo!
Oiço, leio e vejo que muitas e muitos dos comentaristas "paineleiros" que andam, à semelhança de Santana, por aí, davam já por garantido o fim da crise europeia. Não haveria mais volatilidade nos mercados, não haveria mais subida de juros nos países "porcos", não haveria mais dissensões entre o Norte anafado e opulento e o Sul parasitário e pobre, etc., etc. Sim, leram bem, não haveria rigorosamente mais nada. Mais: a instabilidade, uma arma de destruição massiva que vinha ocupando mentes e corações profundamente europeístas, tinha finalmente topado com a morte súbita e o federalismo, a medicina cozinhada por alguns intelectuais avençados pelas elites eurocráticas, surgiria finalmente ao virar da esquina. Imagino o vosso espanto ao ler a linearidade que compassava o raciocínio estratégico das elites políticas europeias. Tudo acabaria por se resolver, com mais ou menos esforço, e, já agora, desforço. Porém, a política, essa porca com P maiúsculo que aparece sempre nas alturas mais impertinentes, resolveu dar um da sua graça na Itália dos Casanovas cantores e dos comediantes convertidos em gente séria e sisuda. O povo compareceu, riscou o boletim de voto e disse de sua justiça. Justiça essa, pouco complacente com a classe politiqueira. Berlusconi, regressado à ribalta com mais ou menos liftings, voltou a ser avalizado pelos italianos. Grillo, o grilo falante que promete um rendimento universal de cidadania e um referendo de saída do euro, tornou-se, para gáudio dos fazedores de anarquias, no fiel da balança. Qual a resposta do establishment a tamanho desastre dos poderes estabelecidos? Para já, ao que parece, apenas desorientação e brados anti-democráticos. Há quem fale numa repetição da experiência grega do ano transacto. Pois é, mas quem traz à colação esse exemplos esquece-se que Itália e Grécia não são comparáveis. Há, contudo, nesta estorieta toda um pormenor que importa ser relevado: a não-resposta do situacionismo à raiva crescente do povoléu será, a curto prazo, insustentável. Ponto. Não vale a pena falar em federalismos toscos, em tesouros comuns, em euros reestruturados, em câmbios elevados, ou em democracias europeias crismadas pelo voto de todos os europeus da Lapónia à Sicília, não vale a pena ir por aí, porque sem pão e com fome o povo votará naqueles que lhes prometerem brioches e champagne no minuto seguinte. Simples e terrífico, eu sei, todos nós sabemos, até aqueles que estão no poleiro do Leviatã o sabem, porém, esta é a dura verdade dos factos. Ou há uma mudança rápida de rostos, caras, políticas e gestos ou a coisa descambará de vez. O mundo está em mudança e a Europa em polvorosa, mas, ao contrário do que diziam os fukuyamistas de turno, não há nem nunca houve o tão afamado fim da história, e o experimento liberal-democrático que permeou os últimos decénios da vida política europeia pode muito bem estar a abeirar-se de uma mudança de agulha. Para onde e para quê, eis as questões do milhão de dólares.
Não é todos os dias que se ouve um governante português a dizer, preto no branco, que desconfia do Leviatã. Aleluia!
(@JPintoBastos) 28 de fevereiro de 2013
Certa vez, numa história que alguns pretendem apócrifa, perguntaram a Roberto Baggio o que é necessário para se ser uma lenda do futebol. O transalpino respondeu que o essencial é jogar divinamente durante um bom par de anos e depois cair completamente em desgraça. Soa-vos mal, não é? Mas Baggio tinha razão. Ele melhor do que ninguém sabe que o futebol só é futebol se tiver dimensão trágica. Algo que escapa manifestamente aos Messis deste mundo. O Henrique Raposo, com a sua prosa escorreita, escreveu aqui que o futebol não é um "espectáculo de entretenimento", chamando à colação o exemplo de Mourinho. O essencial da posta corresponde à realidade dos factos, contudo, o Henrique falha rotundamente, a meu ver, naquilo que é a essência do futebol. O futebol é, sim, entretém. Sempre foi e sempre será. Duvidam disso? Não duvidem, porque aquilo que faz a essência do futebol é a alegria e o sorriso estampados no rosto de cada adepto após uma jogada genial ou um piropo técnico virtualmente impossível. O futebol é isso. Mais: nem um show de golfinhos seria suficientemente belo em comparação a um elástico de Ronaldinho ou a um chapéu de Maradona. Ontem, num zapping noctívago, vi e ouvi, por momentos, Domingos Paciência dizer algo que me ficou na memória. Dizia o ex-avançado, a propósito do panenka jacksoniano, que se algum de nós perguntasse a uma criança o que mais gosta de ver num campo de futebol, a resposta seria, obvia e evidentemente, a arte técnica exposta no remate imprevisível à la Panenka. Quem diz criança, dirá, certamente, um adepto graúdo. Reduzir o futebol à essência de uma batalha de vida ou morte é despi-lo da beleza que lhe é inerente. Porque o pontapé na bola é, também, o riso desbragado, a gargalhada contagiante que une os desavindos, e a lágrima interminável que corre pelo rosto dos adeptos mortificados pela derrota. Riso e sentido do trágico. Foi com estes dois princípios que se formaram as grandes lendas do desporto. Talvez haja aqui um certo romantismo, mas o certo é que sem rasgo não há futebol que sobreviva.
Restringindo-me ao conceito de grande História de Portugal, pergunto, onde estarão Passos Coelho e António José Seguro por daqui a dez anos? Será que os encontraremos exilados em Paris, a vender a uma multinacional os contactos político-económicos que coleccionaram ao longo das suas carreiras públicas? Ou de um modo utópico, mas em perfeita sintonia com o que agora afirmam fazer (servir o país!), emprestarão os seus "talentos" a Portugal em nome do superior interesse nacional e a título gratuito? A questão também se coloca retroactivamente. Será que antes de escolherem a vocação política, foram cidadãos activos na construção do interesse público? Será que serviram as gentes dos seus bairros e as comunidades onde cresceram? São políticos naturais ou nem por isso? Como podem invocar o princípio de serviço público, se as suas vidas civis não foram pautadas por trabalho comunitário na sua acepção mais pura? A genuína obra que gira em torno de pessoas, de uma escala humanamente mensurável, e que deve obrigatoriamente preceder o sacerdócio político? Porque é disso que se trata. A coerência integral e plena, a indivisibilidade do cidadão e da causa pública que distingue o estadista do oportunista. Se tivéssem realizado obra na sociedade civil, teriam um track-record para mostrar, um currículo que não requer um aval partidário ou ideológico, mas que aufere grandes níveis de credibilidade junto da população. Pergunto novamente, onde estarão estes senhores, por daqui a quinze anos, e onde estará Portugal? A questão deveria implicar um debate profundo, com implicações jurídicas, por forma a estabelecer um período de nojo para o envolvimento de ex-governantes em negócios, onde fazem uso despudorado do manancial de privilégios e segredos de Estado que acompanham posições governativas. A questão que resulta destas considerações também tem a ver com um debate filosófico profundo. O que define o político? E se formos bem sucedidos em estabilizar esse conceito, também poderemos determinar o que contraria essa condição. Quais os comportamentos passíveis de constituirem uma traição aos desígnios nacionais? Será que pegar no telefone a partir de Paris e ligar para o Hugo Chavez e pedir ajuda para vender comprimidos é legítimo? Ou, será que, no intervalo que ocorre entre ser primeiro-ministro e ocupar um cargo na União Europeia, facultar conselhos e sugestões a instituições financeiras deve ser considerado normal? Nem vou responder. Não vale a pena. Não é um assunto de Estado. É uma matéria detestada.
"Desconfio do Estado, desconfio muito do Estado, essa desconfiança não se atenua pelo simples facto de estar do lado do Estado."
Uma frase magistral de Adolfo Mesquita Nunes, possivelmente o primeiro homem livre a ocupar um cargo político em Portugal.
"Se a liberdade significa alguma coisa, será sobretudo o direito de dizer às outras pessoas o que elas não querem ouvir."
George Orwell
Parabéns Insurgente
O comunismo, em teoria, é sacrificar as aptidões dos melhores na diluição das inaptidões dos piores, para que uns não passem mais frio, fome ou privações que outros. O que pretenderá tal doutrina alcançar escapa-me à Razão.
O comunismo, na prática, é aprisionar, torturar, silenciar e distorcer a diversidade humana, pela força dos números e das armas, até não haver melhores nem piores, apenas gente igualizada a passar frio, fome e privações. Esta implementação pretende alcançar a ditadura dos medíocres sob uma capa de progresso ("avante").
Excepção deve ser feita aos membros do Comité, que não são melhores nem piores, mas que para poderem zelar pela continuidade da distribuição devem gozar de condições diferenciadas, ficando para seu grande sacrifício parcialmente segregados da revolução. Foi assim com todos os queridos líderes, é assim com cada projecto de tiranete labrego e ignorante, de Louçã a Seguro, armado pela fome de um séquito sem outra esperança que não a de comer à mesa do Estado.
Por isso mesmo, em Portugal não há partidos de direita; Portugal é um país moderno, tecnologicamente avançado, conquistador da evolução social, e onde não se promovem regimes extremistas. Basta olhar para quem tem pago as "nossas" benesses e percebe-se logo que são uma chusma de retrógrados, onde os comunistas nem sequer obtêm expressão eleitoral.
Multas de 375 euros para quem não "actualizar" o número de contribuinte? Ide castrar-vos.
Não valerá a pena tentarem agora disfarçar. Durante umas semanas, os crânios da nossa imprensa escrita e televisiva garantiram que apenas a "mudança" interessaria a Itália. Fazendo contas traduzidas em termos de uma nossa oportunidade caseira, isso traduzir-se-ia numa clara vitória da esquerda do sr. Bersani. Em simultâneo, o sr. Monti era apresentado como um homem sério e afastado da partidocracia e assim sendo, uma parte da solução. O bunga-bunguês Berlusconi ressurgia como o pérfido palhaço do sistema e desde já condenado a uma esmagadora derrota. Mas terão os nossos comentadeireiros escutado uma única vez aquilo que o Balsemão transalpino disse durante toda a campanha? Parece que não, pois se assim fosse, talvez tivessem sido obrigados a imaginosos artigos e a outro tipo de charlas.
Na Itália, o negregado Berlusconi disse precisamente aquilo que em Portugal, o agora levado em ombros Seguro tem repetido até à exaustão. A grande diferença é que um é de "direita", um imbecil. O outro é de "esquerda" e portanto, um santinho.