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Quem quiser ficar a conhecer a Associação de Amizade e Negócios Nigéria Portugal e o potencial do mercado nigeriano para Portugal pode encontrar-me junto ao stand da Embaixada da Nigéria no Portugal Exportador 2013.
Para abreviar possíveis críticas, torno a dizer o que já disse noutras circunstâncias: este Orçamento é mau, mas, nas circunstâncias presentes, com todos os constrangimentos que são do domínio público, seria difícil fazer melhor. O ideal seria, de feito, termos um abaixamento da carga fiscal e um corte radical na despesa pública, mas do dever-ser ao ser há um caminho longo e cheio de escolhos. E o primeiro desses escolhos prende-se com a prata deste regime que, a despeito de todos os sacrifícios pretéritos, continua a não aceitar a porca da realidade. Que Deus tenha misericórdia deles, porque os credores não terão.
No auge do entusiasmo das Comunidades Europeias, os programadores culturais tudo fizeram para demonstrar a fraternidade dos povos. As televisões foram os canais privilegiados para mostrar as verdadeiras provas da alegria de uma Europa a caminho da abertura de fronteiras, do mercado comum e das políticas gizadas na grande capital comunitária. Finalmente Bruxelas passava a ter alguma utilidade, mesmo não tendo o carisma de outras metrópoles - o poder efectivo e o glamour de outras coutadas. O estudo cultural que aqui apresento pretende relembrar alguns dos pilares de sustentabilidade da aproximação dos povos do norte e do sul da Europa. O primeiro pilar que refiro é o Festival da Canção da Eurovisão, a festa-maravilha que, em nome da solidariedade e da igualdade de tratamento, lá foi dando prémios políticos a cantores de países necessitados de um abraço, uma palavra de estímulo para se aproximarem do norte trabalhador e inventor da excelência. Depois vem-me à memória mais um icone da baboseira lúdica - os Jogos sem Fronteiras. Uma espécie de instituto de integração dos desajeitados e trapalhões (Eládio Clímaco foi o terapeuta de serviço). Neste belo programa já se notava um certo tratamento discriminatório das equipas a concurso. Os países do norte mais hábeis e os do sul queimados pela vida airosa do mediterrâneo pontuavam quase sempre menos (mas eram muito esforçados). As diferenças entre as equipas mal formadas e as exemplares passavam em horário nobre como se nada fosse, para ajudar nessa lenta conversão à norma, ao modelo salutar de desenvolvimento e progresso - vocês são um atraso de vida, mas podem ser como nós. Foram belos tempos de ilusão televisiva apresentados em forma de cavalhadas e quedas na piscina de águas límpidas. Mas no clímax da excitação, do entretenimento televisivo, houve quem quisesse ir mais longe. Uns quantos especuladores precoces quiseram verter as suas considerações para um patamar ainda mais rebuscado, próximo da sexualidade que faz mover o homem na busca da perfeição estética ou laboral. Os alemães não quiseram deixar que a coisa descambasse por completo e resolveram demonstrar a sua aproximação aos estilos de vida do sul. O programa Tutti-Frutti tinha logo à partida todos os ingredientes para se tornar num sucesso de bilheteira, como se fosse um estímulo para combater o problema de envelhecimento que já se fazia sentir na Europa - ide e reproduzai-vos - foi o mote. Sim, podemos entender esta iniciativa como uma forma de miscigenação pré-Schengen - o desenvolvimento de relações íntimas entre os parceiros europeus. Os italianos, indignados pelo assalto alemão à libertinagem, pertença exclusiva dos sulistas, não foram de meias-medidas e avançaram com o seu formato de uma Europa ainda mais sexy. Quem não se recorda do famoso Colpo Grosso? O programa internacional, proposto pela direcção de informação da SIC, deixou a RTP a morder a poeira das cantigas do festival ou a chover no molhado daqueles joguinhos. Pois é. E eis que nos encontramos aqui sem concorrente à altura. Um programa que espelhe o grande entusiasmo, a esperança e a vibração que se fazem sentir no seio da União Europeia.
Uma limpeza geral. Não aquela que se desejava, mas sim a outra que quase todos temiam.
Aqui está mais uma bela obra da gente que em bicos de pés se diz "de cultura". Imaginemos então como seria se não reivindicassem tal originalidade. Aguardamos a atempada indignação da culta Roseta, do culto Zé que faz falta, da "portuguêcha" Pilar del Rio, da voz bem colocada do filho da Srª Dª Lucília do Carmo, do culto Soares e restante traquitanada da mesa posta.
Entretanto, na Câmara continuam a brincar às casinhas. Não têm remédio.
Em vez de "engenharias urbanas", o Sr. Costa que dê uma vista de olhos ao que foi feito em Londres com a recuperação do Teatro Camden Palace. Pode até ser que a sua cultura de mão esquerda suba uns degrauzinhos. Aqui fica a imagem:
Agora que comprar ou vender uma casa sem certificação energética vai dar direito a multa no valor de uma casa, aguarda-se a obrigatoriedade de andar tatuado, na testa e em dimensões padronizadas, com a certificação energética de cidadão.
Agradecimentos pela imagem à Elisabete Portela.
Pelos vistos, em Angola já se terão apercebido da cada vez maior dicotomia entre muçulmanos e islamitas. Conhecendo-se a timidez dos primeiros que não ousam impor-se e o activismo dos segundos - o termo "islâmico" passou a fazer parte da política turra-e-bruta -, as autoridades de Luanda fizeram algo de impensável no resto do mundo e aproveitaram para uma oportuna limpeza geral às caixinhas de recolha "evangélica". Aguardemos então as reacções, uma delas da sempre irritada Voz da América.
A propósito de indignados de barriga cheia, visitem esta página e leiam os comentários. São mais elucidativos do que a própria notícia.
Os corredores diplomáticos de há perto de três décadas, confirmavam as suspeitas lançadas pela Casa Imperial iraniana. Sobretudo por duas razões, os norte-americanos da catastrófica administração Carter ter-se-iam interessado pela queda do Xá Mohamed Reza Pahlevi: a primeira respeitaria à cada vez maior proeminência do Irão no Médio Oriente, estando em vias de obter uma confortável independência face à tutela estabelecida por Washington após a queda de Mossadegh. O Xá era poderoso, estava cada vez mais crítico - tinha relações com os israelitas, mas atrevia-se a criticar a exclusivista política americana na região - e agia demasiadas vezes segundo o exclusivo interesse do seu país, sendo isso intolerável. Segundo aquilo que normalmente se alega, "falou demais", não hesitava em apontar as falhas internas dos seus teóricos aliados.
A segunda razão consistia nas ambições nucleares que o soberano acalentava, prevendo a rápida modernização do país e insistindo numa fonte de energia alternativa ao petróleo que exportava. Não se excluía também a possibilidade de passada a fase da energia para fins pacíficos, o Irão ingressar no restrito clube das potências nucleares. Para outro país daquela parte do mundo, isso seria intolerável. Conseguiu-se impedir o caminho gizado pelo Xá, mas acabou por ser o Paquistão o beneficiário.
O Irão alcançou uma importante vitória em vários sectores. Diplomaticamente quebrou a unidade ocidental, conseguiu esbofetear o Estado de Israel e iniciou uma fase de degelo que externamente oferece alguma legitimidade ao regime absolutamente tutelado pelo clero xiita. Economicamente as vantagens são imensas, conseguindo aquilo que o regime de Saddam jamais obteve, ou seja, o levantamento de sanções que antes de tudo estavam a minar gravemente o regime, fazendo desesperar uma população que hoje se encontra muito longe dos padrões de consumo e de progresso material e social dos tempos do Xá. Esta conferência poderá significar a salvação do regime islâmico e as autoridades locais estão muito justamente eufóricas. O Ocidente cedeu e numa época de profunda crise, os negócios estabeleceram o diktat.
As garantidas dadas pelo governo de Teerão, não valem a folha de papel em que foram escritas. Todos o sabemos, embora os ocidentais tentem dourar-nos a pílula.
Não é apenas Israel que teme os resultados desta conferência internacional. Todos os vizinhos do Irão estão receosos pelo evoluir de uma situação que queiram ou não queiram os norte-americanos, acabará por conceder a Teerão a arma final. Tratando-se apenas de uma questão de tempo, não são de descartar alguns realinhamentos estratégicos na zona.
Há perto de oitenta anos, a Alemanha remilitarizou a Renânia, denunciou - com toda a justiça, há que dizê-lo - o Tratado de Versalhes e daí rapidamente passou à ofensiva diplomática, económica e militar. É este o longínquo paralelo que em primeiro lugar a quase todos ocorre: Munique.
Não deverá ser muito difícil proceder a um exercício de imaginação acerca daquilo que a administração de Obama significará para a história, mas de um dado podemos estar certos: com alguma baraka para os iranianos, o risonho Sr. Obama concedeu-lhes a bomba atómica. Bem pode correr escadas acima para bordo do Air Force One. Missão cumprida.
Não acredito que um governante com sérias responsabilidades possa dizer, de ânimo leve, de que não dispõe de um plano B. Está a gozar com os cidadãos de um país inteiro? O político mal nasce vive de planos B, e já agora de planos C, e aí por diante. A condição política assenta na grande probabilidade e não na pequena certeza. Isto é ABC que qualquer dona de casa entende. Não há carne? Prepara-se uma massa. Não há gás? Lava-se o sovaco com água fria. Por vezes penso que estamos a lidar com amadores, embora tenham sido os presidentes do conselho de administração de grandes empresas. O orçamento, seja doméstico (para ir ao super-mercado), ou de Estado (para dificultar a ida das pessoas ao mini-mercado), assenta nessa areia movediça, na ideia de vários planos de contingência que se vão revezando até se encontrar a solução. Os governantes têm de se munir das ferramentas de trabalho adequadas, ou então não vale a pena se apresentarem ao serviço. Os planos com todas as letras do alfabeto têm de existir; num anexo ao barracão do governo ou perto do conselho de ministros, tem de haver um armazém com o stock cheio de planos alternativos. Pires de Lima, ao afirmar que não tem à mão um plano B, estará porventura a transferir o ónus do falhanço do plano (A) para o tribunal constitucional. O antigo cervejeiro sabe que o tribunal constitucional não trabalha com planos. Usa a chapa N (N de não) e os juizes perguntarão indignados: plano B? O que é isso? Nunca ouvimos falar e não temos disso na nossa despensa. E quanto ao plano A? há - mas não é verde. Vai ficar maduro lá para Junho de 2014, quando terminar o programa de ajustamento. E aí sim. A partir desse momento é o ver se te avias de planos. É o plano de acessos aos mercados. É o plano de emprego e crescimento. É o plano da função social do Estado. E não passamos disto. Não encontramos modo de quebrar o enguiço, este diálogo de teimosias que arrasta Portugal pela lama da sua desgraça económica e social. Nem é preciso saber muito de planos para perceber que muitas vezes não funcionam - os grandes planos. O plano faz parte de algo consensual, quase sexual, faz parte da relação poligâmica do poder e muda de parceiros constantemente. Os planos estendem-se sobre a mesa, com indicações claras dos caminhos a tomar, mas a dada altura do filme, há quem rasgue o guião e olhe para a estrada que tem por diante. Todas as excelsas considerações caem por terra, e os planos passam a valer muito pouco porque a paisagem é montanhosa, íngreme - pouco plana.
Com o episódio desta noite no Pinhal Novo, mais uma vez se evidencia como a GNR e demais autoridades fazem falta e devem ser munidos de todos os meios (e liberdade) para intervir em nossa defesa, sem que se vejam reduzidos à condição de "guardas florestais" como os sucessivos governos - que temem os nossos polícias, e bem, pois um braço militar forte é a última garantia de liberdade contra a opressão do Estado corrupto - tentam desde sempre fazer.
Parabéns à Guarda e bem hajam, e que o vosso camarada morto no cumprimento do dever descanse em paz.
A balada de Hill Street da Assembleia da República não é uma melodia linear. Os polícias que romperam a barreira colocada por outros polícias levanta algumas questões pertinentes. Como distinguir o cidadão-polícia do polícia-cidadão? Qual o protocolo a seguir no contexto de conflitos que opõem membros de uma mesma facção? A haver um banho de sangue "canibal" entre irmãos compatriotas e colegas profissionais, será que se autoriza a mesma tipologia de comportamento noutros quadrantes? Será que o que aconteceu configura os requisítos de embrião de conflito civil? Como se definem os limites do território físico-político inviolável pela vontade popular? A que degrau da escadaria entramos nesse domínio restrito, em sentido lato ou em stritu sensu? As questões que decorrem dos actos praticados exigem uma interpretação mais profunda, menos emocional e ideologicamente idónea. No calor da noite muitos raciocínios terão sido processados pelo comando policial. À luz de uma óptica de custos e benefícios, sou da opinião que foi necessário escolher o menor dos males. E o cenário equacionado pela liderança foi uma decisão tomada ao abrigo da independência política. Não foi Miguel Macedo a dar seguimento a um despacho operacional ou Passos Coelho que, de um modo executivo, teve de implementar uma boa parte da teoria do jogo que esteve em causa nessa noite. A panela de pressão da manifestação estava muito mais perto de um ponto de explosão do que se possa imaginar. A polícia que estava do lado de lá conhece as mesmas regras de interacção dos que estavam do outro lado. Quando ambos os concorrentes dispõem do mesmo grau e qualidade de informação, a gestão das expectativas mais difícil se torna. Ainda me lembro bem das aulas de estratégia proferidas pelo brigadeiro François Martins e das implicações da ameaça do uso de força e o uso efectivo de força. Dadas as circunstâncias políticas em que se encontra o país e tendo em conta a possibilidade de se observar violência substantiva às portas de, ou no interior da Assembleia da República, penso que o resultado alcançado foi o possível - não o desejado pela ideia fundamental que define um Estado soberano e a defesa do mesmo a qualquer custo. A haver vandalismo sério, com feridos graves à mistura, a situação mudaria radicalmente de figura. Não nos devemos esquecer que na escala de valores pátrios, os militares já sugeriram que estão dispostos a sair à rua. Nesse quadro hipotético, o que aconteceu em frente ao Parlamento, poderá até ser considerado um cenário desejável, um resultado óptimo. Enquanto os polícias se quedaram pelo simbolismo do patamar superior da Assembleia, outras vozes se levantaram no Campo Grande fazendo uso da palavra violência e mais do que uma vez. Nesta fase do campeonato é irrelevante saber se Miguel Macedo cumpriu o seu papel ou não. Para sabermos isso, uma revolução teria de ocorrer e a história de Portugal teria de ser benévola para com muita gente reunida em defesa da Constituição e alegadamente em defesa do efectivo interesse nacional.
Pelos vistos, o fascismo higiénico continua em alta. Exige-se, portanto, aos deputados que, em outras circunstâncias, manifestaram o seu horror relativamente a estas manigâncias legiferantes, que actuem em conformidade.
Perante o que sucedeu nas escadarias da Assembleia da República, Miguel Macedo só tem uma saída: demitir-se.
" Enquadrada num cenário de montanhas cor de bronze, Bragança irradia, em anfiteatro, seu casario ao longo de uma ondulação do planalto, , modelado pelas águas de um pequeno afluente do rio Sabor e pelo próprio Sabor. A toda a volta, horizontes intérminos e belos. ( ... )
Graças ao esforço tenaz do homem bragançano, que, sem desânimo e com poucas falas, teima em amanhar o bocado que lhe é dado, ora grato, ora ingrato.( ... )
No próprio Outono, aqui e além, ainda subsiste, nas ilhargas dos montes boleados, a nota cromática de indizível pulcritude das corolas douradas dos frondosos soutos. Chegando os rigores daa invernia, a extensão imensa dos descampados, batida pelo vento agreste vindo das estepes de Zamora ou dos cimos brancos da Sanábria, cobre-se de um verdadeiro sudário branco. Os dias e as noites parecem então intermináveis, sob os grandes nevões. Daí o velho dito, excessivo, definidor da terra e do clima: - « Nove meses de Inverno e três de Inferno » -, contra o qual já se insurgia, por injusto, o velho Abade de Baçal, sempre em andanças por montes e vales. ( ... )
A parte antiga da cidade, cercada por uma cintura murada e dominada pela possante torre de menagem, de robusto e formoso recorte, conserva ainda muito da sua antiga fisionomia, constituindo uma verdadeira cidadela de feição medieva sobranceira à aglomeração urbana mais moderna. "
Maria José Teixeira de Vasconcelos
Sant'Anna Dionísio
Como o Abade de Baçal, andámos por montes e vales; como o Abade de Baçal apaixonámo-nos por tanta beleza; como o Abade de Baçal olhámos e sentimos a grandeza da História Local. Uma visita, há anos, ao museu que hoje tem o seu nome, sensibilizou-me e preparou-me para melhor ver a região. Com olhos de ver.
Isto diz muito acerca de quem hoje somos. É o dia da esperada cacofonia acerca do assassinato de Kennedy. Nos jornais, nas estações de televisão e nas redes sociais, não se fala noutra coisa senão no impossível deslindar da responsabilidade do crime. Tal não seria de estranhar, se em Portugal não persistisse a deliberada ocultação de um crime que há 105 anos para sempre mudou a história do nosso país, destruindo o regime constitucional e abrindo o caminho à subversão como forma de exercício do poder do Estado.
Existiram meia dúzia de cópias do Processo do Regicídio, tendo uma delas ido parar às boas mãos do Sr. Afonso Costa. Compreensivelmente, deu-se-lhe o esperado sumiço. Outra, provavelmente desaparecida aquando do estranho assalto à residência de Sua Majestade o Rei D. Manuel II, para sempre terá deixado de poder ser consultada. É possível ainda existir qualquer um dos remanescentes exemplares, seguramente guardado a sete chaves por quem julgue ter o dever de ocultar as responsabilidades criminais e políticas de conhecidos nomes que decoram ruas e praças deste país.
Como quer o sistema ser levado a sério, se passados três regimes desde a subversiva, violenta, ilegal e desastrosa destruição da Monarquia Constitucional, um Processo que já é parte da história - estando mortos todos os envolvidos no crime -, continua sem ser concluído?
A menos que algo exista que possa fazer perigar a segurança desta república, ou por isso mesmo, já é tempo de sabermos a verdade dos factos.
Entrevista a Manuel Sobrinho Simões:
«Como vê as alterações que a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) introduziu ao financiamento da ciência?
A FCT está de uma incompetência como eu nunca vi. Está a mudar permanentemente as regras e os prazos. Não há coisa mais difícil do que alguém planear a sua vida sem um mínimo de estabilidade.
E concorda com os critérios de avaliação, baseados na produtividade científica e na obtenção de patentes, por exemplo?
São terríveis. Primeiro, porque coloca os investigadores das ciências sociais e humanas numa situação de dificuldade. E a sociedade portuguesa precisa, como de pão para a boca, de ciências sociais. Depois, parece-me que é mais importante a repercussão da nossa actividade no mundo científico e na sociedade do que o facto de se publicar numa revista com muito impacto. A FCT não pensa o mesmo.»
...tem um número: 24 mil milhões que "eles" querem controlar, pois alegadamente existirão comissões já recibidas por promessas de TGV e aeroportos. Apenas poderão cumprir, se estiverem no poder. Tudo o mais não passa de fumaça.
Não estive presente na gala da Constituição apresentada por Mário Soares, mas acedi a imagens em directo a partir do portal da Esquerda. Primeira nota; a qualidade do webcast era excelente. Não houve interrupções no streaming. A única coisa chata (decerto que também para os organizadores) foi estar sempre a aparecer publicidade ao Commerzbank (tinha de ser um banco alemão) - o pop-up não se cansava de aparecer. Mas adiante. Mário Soares fez as honras da casa, mas o espectáculo começou verdadeiramente com o artista Carlos do Carmo que sem demoras se pôs a revisitar a sua carreira, não se sabe se de fadista ou de político frustrado. Masturbação para aqui, narcisismo para acolá - não se sabia se a noite seria aproveitada para homenagear a sua carreira (pelo que se foi percebendo através do Facebook, Carlos do Carlos passou a ser Pepsi para muita gente). Por momentos o evento fez lembrar outros palcos. Por instantes tive a impressão de estar a ver uns globos de ouro ou uma revista à portuguesa. Uma quantidade de frases bonitas foi declamada, decalcada da lei fundamental para umas estrofes de encantamento ideológico. E depois foi dada a palavra a Pacheco Pereira, que servindo-se de retórica elaborada, afastou a tentação dos outros, a inclinação para lhe chamarem novamente de camarada. O filósofo das quinas prosseguiu a aula de etimologia para explicar em detalhe a origem do termo - sim, vem de cama, e se quisermos tem a ver com cópula. Os outros palestrantes, brutos ou menos Bruto da Costa, foram por esse caminho também de defesa da constituição e ataque às políticas de destruição do país, mas não passou de diagnóstico intenso, como se a comissão de honra tivesse sido convocada para validar a sua imunidade em relação às responsabilidade políticas que estão na origem da crise. Como se uma nave especial tivesse vindo de um além para aterrar num país que não lhes pertence. O lirismo da modalidade praticada por Manuel Alegre contagiou os estilos de quase todos, como se o poeta fosse o inspirador dos arcanjos da constituição. Devo confessar que abandonei o webcast quando o senhor que se seguiu a Pacheco Pereira fez uso de outras palavras para dizer o mesmo. Em jeito de reportagem incompleta do certame, devo dizer que não fui testemunha de vestígios de um plano substantivo para salvar o país. A noite foi de convívio de frases sonantes e lágrimas ao canto do olho, mas nada se altera com este encontro de egos gigantes. Mais valia os polícias terem dado à sola da escadaria da Assembleia da República e terem marchado em direcção à aula magna para, de viva voz, recitarem as estrofes do seu descontentamento. Tenho a certeza de que poderiam render a guarda destes sentinelas da constituição com mais conhecimento de causa da dureza da vida. O que aconteceu ontem foi um festival de estilos e peitos inchados. Não fiquei até ao fim do concurso da eurovisão, por isso não sei quem levou o prémio para a mais pura demagogia da noite.