Se quiser debater o amor, encontra por aqui vários textos meus. Mas referia-me apenas ao ponto central que, parece-me, o politicamente correcto impede muita gente de perceber: o de que cada indivíduo, sendo um ser único e irrepetível, no contexto racionalista moderno e relativista pós-moderno pode sentir-se à deriva perante o niilismo e desta forma encontra uma via para se revoltar e/ou afirmar.
De salientar que não é um protesto geracional num sentido colectivista, isto é, organizado e com propósitos contestatários bem definidos (como o foram as lutas estudantis que o JAS refere) mas, num contexto de crescente isolamento individual, pode acabar por funcionar quase espontaneamente como forma de revolta não se sabe bem contra o quê, em virtude do niilismo, do vazio de significado e propósito, e alguns indivíduos acabam por se reconhecer nesse tipo de comportamento, tornando-o uma moda e atraindo mais gente. Conheço alguns casos que me parecem estar perfeitamente enquadrados nisto, daí dizer que o ponto central do artigo merece ser explorado. É interessante do ponto de vista sociológico, porque acaba por ser um fenómeno que vem a ter alguma visibilidade (no Chiado é mais do que evidente) mas talvez mais do ponto de vista da psique individual. É uma revolta pessoal, mais do que social ou política.
E note-se que, sendo a nossa personalidade, da qual faz parte a orientação sexual, fruto da combinação de factores genéticos, que nos são transmitidos pelos pais, e de factores sociais/ambientais, o que acho (até porque também tenho amigos gays que acham isso) é que há uma predisposição genética, e há vários estudos que apontam nesse sentido, sendo este um debate já bem velhinho. Não estou a fazer nenhum juízo de valor ou a criticar. Pelo contrario, estou a dizer que é natural e que não é uma doença, uma fase ou uma escolha. Por outro lado, a ideologia de género é que inventou as muy politicamente correctas possibilidades de escolha do género e orientação sexual, que acabam, essas sim, muitas vezes por originar perturbações mentais. Não há contra-senso porque, tal como o JAS, o que digo é que há gays que o são realmente, e depois há estes que não sabem bem o que são e que vão pela moda/imitação, podendo na origem destes comportamentos estar uma necessidade de afirmação ou revolta individual. Mais, coloco até uma terceira hipótese, a da combinação dos dois factores. Isto apenas também para ilustrar que, sem fazer juízos de valor sobre o que é uma verdadeira orientação sexual, mas sim sobre processos sociais e individuais que advêm de teorias falsas que se desenvolvem e propagam num contexto niilista e relativista, é saudável sairmos dos redis do politicamente correcto e questionarmos aquilo sobre o que nem a ciência ainda nos deu respostas muito esclarecedoras.