Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
...Ou COMO FICAR SEM 150 Euros enquanto o diabo esfrega um olho...
No conforto do seu lar, onde foi impelido a permanecer por necessidade absoluta de reactivar uma ligação com a qual pouco ou nada tem directamente a ver, e depois de uma providencial avaria externa ao seu prédio, um concessionário da LISBOAGÁS,a VISABEIRA "decreta" uma grave inconformidade. Em menos de 1 minuto veja o seu gás ser desligado em virtude da deficiência relacionada com a ligação ao fogão, apesar de não existir qualquer fuga e de a própria empresa fiscalizadora já ter estado há pouco mais de um mês em sua casa e de tudo ter sido dado como conforme. Na ocasião é-lhe dado, por um mero acaso, um providencial folheto da entidade que lhe vai salvar o jantar e o banho da madrugada do dia a seguir: a COMFORTLINE. Esta, de forma simpática, e quase sem ter de dizer ao que vem, esclarece tudo: são 35 + 15 + 60 euros (do certificado) + material. E, surpresa das surpresas, um providencial técnico está disponível para vir ao seu encontro entre as 16h e as 18h. Eu, grato, e muito mais leve da bolsa, agradecerei o favor.
Foi hoje em Lisboa e eles andam por aí! Eu, que até estava para mudar a electricidade para a GALP, agora já se vê como vai ser: adeus à electricidade e ao gás. Conheço formas mais estúpidas de perder clientes mas esta não lembrava mesmo ao diabo! Os limites da ganância e da estupidez humana não conhecem, decididamente, fronteiras.
O mais grave da campanha da Olá é que foram muitos os responsáveis pela calinada. Existirá uma designação para aqueles que vêem hífens onde estes não existem? Não se esqueçam que foi um quadro superior que em última instância aprovou a campanha da Olá. Mas houve mais gente envolvida. Pelo menos um account, um copywriter, o director de uma agência de publicidade, um director de marketing, um director financeiro e um designer-gráfico. O trabalhinho passou por tanta gente e ninguém viu nada. Isto não abona a favor de ninguém. Assim vai Portugal - não vê, não viu, ou simplesmente não quer saber. Não sabe.
Esta pessoa, acredite-se ou não, deu aulas no ensino básico durante anos.
Endoutrinou uns, provocou eczema noutros, sem dúvida que houve paizinhos maravilhados com a "abrangência" da coisa.
Eu, se me fosse mais que tangente, tinha-a impugnado. Et pour cause, não sendo de lata nem de vidro, correu-me a vida conforme correu.
Agora está, ou estava, a fazer como então vídeos semanais, onde outros que bem escreviam foram corridos e o capital é bem vindo desde que vermelho.
Ali a sandália continua a valer qunhentolas e o short de subúrbio, ora não-burguesinho porque ir a Tunes inalar pobreza é menos senhoril do que ir ver concertos a Viena, perpetuam o índice do bom gosto.
De resto quem somos senão cães?
Lede e desesperai.
Já vimos este filme não sei quantas vezes. O governo decide cortes e o Tribunal Constitucional (TC) desfaz em cacos as suas intenções. Este tira-teimas serve diversos objectivos. Transfere o ónus da responsabilidade governativa para o TC, demonstra a antiguidade da lei fundamental e faz com que a Troika exija medidas adicionais que compensem o impacto negativo da decisão do tribunal. Eu proponho que se defina um modo de proceder diferente. O TC deveria colocar em marcha um rastreio exaustivo à Constituição da República Portuguesa (CRP) e demonstrar num mapa colorido as zonas jurídicas onde o governo pode actuar sem ferir o que quer que seja. Para completar o quadro, e através dos serviços diplomáticos do ministério dos negócios estrangeiros (parece-me o mais indicado para o efeito), o governo deveria nomear um embaixador no TC. Poderia levar para essa residência uma mala diplomática vazia e trazer na volta uma mão cheia de pareceres favoráveis. Não sei qual a distância entre São Bento e o Palácio Ratton, mas escusávamos de assistir a este pingue-pongue que apenas adia o inadiável. Deixemo-nos de falsas considerações: o TC é (ou passou a ser) um orgão político envolvido na gestão dos assuntos do Estado e no governo da nação. Aliás, se formos realmente exigentes na nossa análise, diríamos que os autores da CRP de 1976 (nas suas diversas versões) plantaram no seu âmago mecanismos expressivamente políticos que agora saltam à vista. Não devemos esquecer que foi ao abrigo da CRP, que, direitos, deveres e garantias económico-sociais dos indivíduos foram salvaguardados, mas convém admitir, sem reservas, que foi também sob a sua alçada que o país conheceu os maiores desvios aos alegados ideais de justiça económica e social. Foi a mesmíssima CRP que autorizou desvios à norma ética e desequilíbrios, que emprestou a ilusão de um Estado-social sustentável. Assistimos deste modo, e porventura, ao esgotar do âmbito de utilidade da CRP na sua presente forma. Aconteça o que acontecer nos próximos tempos legislativos, Portugal está obrigado a uma profunda revisão constitucional. O software constitucional precisa de um upgrade e de uma limpeza por forma a ser eficiente, no quadro de um país profundamente alterado pelas circunstâncias intensamente adversas. Os males, embora não venham a bem, deveriam ser aproveitados para arrumar a casa.
Atesta Castilho nas « Escavações Poéticas » ser Francisco Gomes, homem do povo, " saído jamais dos seus montes, um dos mais chapados clássicos ".
Por seu lado, é nos Arcos de Valdevez e na Aldeia de Cima, as suas terras " sentimentais ", que o escritor nortenho, um eterno curioso e amante da nossa Língua, busca, e sempre encontra, matéria para alimento dos sempre presentes caderninhos de capa preta, onde alistava os vocábulos e expressões que o povo acalentava à revelia das academias.
Romanisca ( faceira, gaiteira ) ou regateiras-de-Abril ( chuvadas inesperadas, de pedraço muitas das ocasiões ),são exemplo de vocábulos e expressões que desesperava não achar nos dicionários. Nem no seu fiel Morais.
Da boca da senhora Lucília, ou da Maria Rodrigues, as escutava, quantas vezes ao serão, frente à lareira. Sempre com o pensamento no Dicionário Falado que um dia escreveria. Esse Dicionário a que volto mais uma vez.
Foi depois de ouvir os fora da TSF e Antena 1, hoje, que tive esta epifania de ir buscar, por misericórdia, um calendário que mostrasse aos empedernidos da Revolucinha em que circunstâncias vivemos, por seu mérito inalienável.
Calendário actualizado para quem parou de contar os dias em 26 de Abril de 1974.
A frase do dia é de Nani: "quando um jogador não sabe se vai estar nas melhores condições físicas para um Mundial como este isso mexe na cabeça de cada um”, disse, e teve o mesmo destaque que as notícias mais recentes sobre a Ucrânia, o Banco Central Europeu e a epidemia de MERS.
Tudo normal, portanto.
Neste dia não posso deixar de homenagear, como dizia Popper, "the countless men and women of all creeds or nations or races who fell victim to the fascist and communist belief in Inexorable Laws of Historical Destiny". Hoje em particular, os jovens que, com uma coragem imensa, estiveram na Praça de Tiananmen há 25 anos. Não se sabe ao certo os mortos, estima-se desde 500 a milhares. O certo é que, nesse dia, o Exército Chinês abriu fogo perante civis desarmados. Há duas razões pelas quais esta data me afecta especialmente - não só porque a maioria dos mortos tinham a minha idade, mas porque também, já estive na Praça da 'Paz Celestial' (= Tiananmen) e foi uma sensação indescritível, de tentar perceber a dimensão do massacre que ali ocorrera, enquanto que a guia turística (membro do Partido claro) falava "ah e tal, houve aqui um punhado de troublemakers, nada mais". Naquele momento isso causou-me uma angústia profunda - pensar naquela gente, com a minha idade, e tendo as mesmas aspirações que eu, que foi massacrada sem misericórdia em nome de uma ideologia totalitária, e pelo seu 'Exército Popular de Libertação'.
Deixo um poema, de James Fenton, sobre essa sensação e como homenagem e, na certeza porém, que a verdade voltará àquela praça:
"Tiananmen
Is broad and clean
And you can't tell
Where the dead have been
And you can't tell
What happened then
And you can't speak
Of Tiananmen.
You must not speak.
You must not think.
You must not dip
Your brush in ink.
You must not say
What happened then,
What happened there,
In Tiananmen.
The cruel men
Are old and deaf
Ready to kill
But short of breath
And they will die
Like other men
And they'll lie in state
In Tiananmen.
They lie in state.
They lie in style.
Another lie's
Thrown on the pile,
Thrown on the pile
By the cruel men
To cleanse the blood
From Tiananmen.
Truth is a secret.
Keep it dark.
Keep it dark
In your heart of hearts.
Keep it dark
Till you know when
Truth may return
To Tiananmen.
Tiananmen
Is broad and clean
And you can't tell
Where the dead have been
And you can't tell
When they'll come again
They'll come again
To Tiananmen."
José Maria Eça de Queirós, em Cartas de Inglaterra:
«A verdade é que o inglez não se diverte no continente; não comprehende as linguas; estranha as comidas; tudo o que é estrangeiro, maneiras, toilettes, modos de pensar, o choca; desconfia que o querem roubar; tem a vaga crença de que os lençóes nas camas d'hotel nunca são limpos; o vêr os theatros abertos ao domingo e a multidão divertindo-se amargura a sua alma christã e puritana; não ousa abrir um livro estrangeiro porque suspeita que ha dentro cousas obscenas; se o seu Guia lhe affirma que na cathedral de tal ha seis columnas e se elle encontra só cinco, fica infeliz toda uma semana e furioso com o paiz que percorre, como um homem a quem roubaram uma columna; e se perde uma bengala, se não chega a horas ao comboio, fecha-se no hotel um dia inteiro a compôr uma carta para o Times, em que accusa os paises continentaes de se acharem inteiramente n'um estado selvagem e atolados n'uma putrida desmoralisação. Emfim o inglez em viagem, é um ser desgraçado. É evidente que eu não alludo aqui á numerosa gente de luxo, de gosto, de litteratura, de arte: fallo da vasta massa burgueza e commercial. Mas mesmo esta encontra uma compensação a todos os seus trabalhos de touriste quando, ao recolher a Inglaterra, conta aos seus amigos como esteve aqui e além, e trepou ao Monte Branco, e jantou n'uma table-d'-hote em Roma e, por Jupiter! fez uma sensação dos diabos, elle e as meninas!...»
Os meias brancas da nossa informação especializada em mexericos, dramas, terrores, adenovírus urbi et orbi, pés chatos, naperons sobre a geleira e cachecol do clube emoldurando a TV, andam numa fona com o que nas últimas vinte e quatro horas se passou em Espanha. A gente de Balsemão - João Carlos I deveria ser mais selectivo quanto às amizades que por cá mantém - fala de uma "maré republicana", para logo depois depararmos com a visão de uma modestíssima praça que dá pelo nome del Sol, apinhada com 20.000 pessoas oriundas das sedes habituais. Em Barcelona, foi ainda menos evidente a reclamação da república, reunindo apenas 5.000 furibundos. Tão modestas reuniões, fazem-nos logo recordar a ainda muito recente festança da vitória do Real Madrid que em pouco mais de meia hora, arrebanhou um milhão de entusiastas de "bandeira monárquica" em riste. Perdão, há que chamar-lhe bandeira de Espanha. Por outras palavras, no nosso CRonaldo vale mais que todo o pagode visto nas Puertas del Sol, Ramblas e similares.
Por cá os artifícios são sempre os mesmos vulcões de ranho espirrado por patetas pivotados apontando o dedo a quem para lá da fronteira, vive num país muito mais moderno, justo e progressivo que esta grotesca republica de falsários, incompetentes institucionais, reservistas mentais e reputados gatunos de comenda ao peito. Dir-se-ia que a gente da RTP, SIC e TVI jamais deu conta dos Limites Materiais da revisão constitucional, pecisamente no que estes apontam naquele infamante artigo que proibe os portugueses de reporem no devido lugar, a legalidade histórica e institucional roubada em 1910. Em Portugal, nada de referendos!, pois vigora o princípio do facto consumado, seja este quanto à república, "descolonização", adesão à CEE, Maastricht, adopção do Euro, Tratado de Lisboa, etc. Como a propósito de Maastricht disse um dia o Sr. Cavaco Silva, ..."os portugueses não estão preparados para este tipo de decisões".
Quanto a Espanha, nada de preocupante. As entrevistas feitas in loco já demonstram a falta de convicção e de fibra daquela gente: já não se trata de João Carlos I o tal O Breve de quase quarenta anos de reinado. Já nenhum deles se ilude quanto à entronização de Filipe VI. Agora, a conversa é outra: ..."su hija jamás sera Reina!".
Já cá não estarei para comprovar ou não o dia da proclamação de Leonor I, mas tenho a certeza de que há coisas que dificilmente mudam.
Adenda: no meio de tanta cretinice televisionada, aqui está alguém que merece a nossa atenção.
Para quem perdeu ontem a sessão de autoflagelação, aqui fica o original restaurado.
http://sotaodeblogues.com/arquivo/antonio.blogs.sapo.pt/index.html
O que seria de nós sem o Vítor Cunha.
António José Seguro recorreu à ideia das Primárias para ganhar tempo e inverter a tendência que lhe é desfavorável no partido, e consequentemente a nível nacional. Mas há muito mais que pode fazer. Pode, por exemplo, avançar com uma petição (com não sei quantas assinaturas) para que o Parlamento leve a discussão a reformulação da lei que rege os partidos políticos em Portugal. Pode concomitantemente, ou em caso de insucesso da solução que acabo de avançar, propor ao mesmo grémio legislativo um referendo nacional sobre e sua eligibilidade ou não, enquanto secretário-geral do PS ou candidato a primeiro-ministro (sem especificar por que ordem). Para além disto, pode ainda aliar-se a António Costa e negociar uma coligação intra-partidária. Para isso basta imitar o governo e a relação quase simbiótica entre Passos Coelho e Paulo Portas. Ou ainda, à chairman ou CEO, negociar com a empresa PS uma saída com um pacote indemnizatório com opções à mistura - uma rescisão quase-amigável de contrato político com uma pensão dourada e uma posição no conselho de supervisão do Partido Socialista. Ou finalmente, ir à guerra (quem vai dá e leva) e levar a maior coça política que alguma vez se viu em Portugal. Para já, enquanto não passam aos murros e pontapés, António José Seguro anda a monte, perseguido por captores da própria casa que o amamentaram, jotalizaram e que agora parecem dispostos a pô-lo no olho da rua. Uma outra opção seria requerer asilo político num país sem acordo de extradição. França não me parece que seja um destino favorável e Espanha também será de excluir agora que o Rei D. Juan Carlos colocou em marcha o seu próprio processo de sucessão. Realmente ando preocupado com o futuro de Seguro. Havia tanta gente que depositava esperança no rapaz e agora é o que se vê.
Ao ver a barba de Raul Meireles na fotografia em que as figuras mais relevantes da selecção Nacional* surgem sorrindo, ocorreu-me logo Pinto da Costa (o Velho) aquando da autópsia a Júlio Sebastião, agricultor do Oeste suicidado por uma trituradora de pêra na sequência de protestos e desobediência civil, à época em que a proto-URSS Ocidental começava a ditar o envio de fruta para a fossa.
Evoco a sua memória - e não estou a gozar, falo seriamente de uma figura que faria, agora, mais falta do que qualquer apparatchik jotinha armado em portador de andores - com uma fotografia tirada do blog "Para mim tanto faz".
Já foi há uns bons anos, mas deve haver mais quem se recorde.
*Cavaco incluído.
Pouco me interessa o modelo de regime espanhol e das grandes monarquias europeias: apesar das vantagens, que para mim não deixam de ser evidentes, de ter-se como chefe de estado um Rei numa monarquia constitucional, o problema essencial mantém-se, ou seja, continua a existir uma dependência da nação a uma pequena pseudo-elite para quem a nação em si não consta na lista de prioridades.
Numa monarquia tradicional, onde a democracia é orgânica, uma pequena parte do poder está reservada ao Rei, num contrato que é estabelecido de forma natural, transparente e descomplexada entre o Rei e o Povo. Neste sistema, verifica-se que a grande parte do poder está na sua essência distribuído pelo Povo e pela Nação através dos municípios e dos seus mecanismos de administração.
Na democracia inorgânica, por outro lado, o essencial do poder está entregue de forma discreta e dissimulada a uma pequena pseudo-elite composta pelos homens que se escondem atrás dos partidos, pela maçonaria e pelos grandes interesses económicos. Neste cenário, que é aquele em que nos encontramos juntamente com a maioria do mundo dito civilizado, apenas uma parte insignificante do poder está de facto nas mãos da Nação, expressa pelo direito ao voto: um direito inútil e obsoleto que hoje é confundido com as noções de Democracia e de Cidadania.
Esta é a grande ilusão que nos tem sido vendida desde os tempos da Revolução Francesa, e consiste em convencer-nos de que a pirâmide do poder não está invertida. Só quando nos libertarmos do complexo da igualdade é que poderemos voltar a viver numa verdadeira Democracia, onde o poder, personificado na figura do Rei, emana de facto da nação e para o progresso e para o bem-estar da nação é conduzido.