Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Tributáveis além-tumba

por Fernando Melro dos Santos, em 15.04.15

 

publicado às 11:02

YOU´RE OUT, SÓCRATES

por John Wolf, em 14.04.15

Out_Magazine.gif

 

Depois de ver a castanhada que a Hillary Clinton está a levar desde que anunciou a sua candidatura à presidência dos EUA, penso em Portugal e o "país de brandos costumes" que tem poupado os políticos da terra. Manuel Maria Carrilho tem razão. A proposta que colocou na caixa de sugestões do Largo do Rato deve ser lida com muita atenção por António Costa que, à semelhança da Dona Clinton, é um político do passado com pouco para oferecer ao futuro. Mas passemos ao edital de Carrilho: a expulsão de José Sócrates do Partido Socialista (PS) como (uma) forma de redenção. Como segunda medida, e à luz de uma condenação pelo sistema judicial de Portugal, o PS deveria mover um processo ao ex-secretário geral daquele partido por danos causados ao património ideológico tão intensamente conquistado por Soares e outros correligionários. Sim, photoshop com ele. É riscar o homem do mapa e passar adiante. Mas sabemos que em casa de poetas alegres e contentes, os saneamentos são coisas de outros regimes (jamais, dirão eles). Contudo, não se trata de saneamentos. Esses processos de ruptura e canalização acontecem sem fundamento, de um modo injusto, como uma agressão - violência gratuíta. E não é disso que se trata aqui. António Costa e os seus associados podem vir a ter dificuldades na gestão dos danos causados por uma condenação. Ou seja, podem ficar mal na fotografia. Das duas uma; ou sabiam e pactuaram com os percalços ou não sabiam e enfileiraram-se nessa lenga lenga da presunção de inocência. Certamente que outros mais competentes talvez possam oferecer o seu conselho estratégico. Porventura o advogado João Araújo possa lançar alguma luz sobre as hipóteses que se lhes apresentam. Entretanto, irei ver o programa do outro lado do Atlântico. Quero saber se Hillary inalou ou não.

publicado às 14:14

Vácuo?

por Nuno Castelo-Branco, em 13.04.15

Mosteiro-da-Batalha.jpg

 

Este trabalho tem sido feito de forma discreta, mas eficaz. A crise tornou-o mais visível e sem disso termos dado conta, está presente em múltiplos sectores da nossa sociedade: bancos alimentares e de distribuição de vestuário, assistência a toxicodependentes, creches, lares de acolhimento e permanente assistência de idosos, grupos desportivos, enfim, uma grande diversidade de acções promovidas e garantidas por grupos católicos organizados pela hierarquia ou que foram surgindo da iniciativa de portugueses interessados em ajudar quem deles necessita. Anteontem, uma reportagem RTP que nos deu a conhecer um grupo de padres que jogam futebol nas horas vagas, vencedores de um campeonato internacional e congregadores de equipas de jovens paroquianos. Ontem, a notícia de uma concentração de motards que para espanto de muita gente, contam sempre com a presença de um sacerdote distribuindo bênçãos e água benta. Hoje mesmo, a divulgação de um grupo que se dedica à assistência aos reclusos nos estabelecimentos de detenção da zona de Leiria.

À maioria poderá isto parecer como marginal, anedóticas notas de rodapé informativo e sem qualquer importância numa sociedade fortemente laicizada, objecto de todo o tipo de mensagens que indicam a igualdade das religiões como primícia que consubstancia o próprio regime. Este é um evidente disparate, um pobre verniz que não resiste a um olhar mais atento. De facto, as aparências iludem, pois a igreja continua a estar muito presente e ao contrário do país de naturalização do Sr. Valls, a histeria laica é por aqui bastante comedida e circunscrita a um punhado de zelotas sem real peso nacional. Se partidos como o PPD, CDS, PPM e MPT nem por sombras alguma vez se atreverão a qualquer tipo de crítica ácida, mesmo o PC conhece melhor que todos os seus competidores eleitorais, o que representa a igreja católica em Portugal. A partir dos acontecimentos de 1975, como por milagre terminou a sua momentânea verve anti-clerical. É um partido com uma longa história, é a associação política mais antiga do país, temporalmente apenas ultrapassada pela Causa Monárquica. Restam-nos então umas escassas dúzias de excitados no partido do Largo do Rato - sem que entre eles se contem dirigentes à imagem de Afonsos Costas de outros desastrosos tempos - e uns poucos marginais desmiolados do género bloquista, enfileirados em grupúsculos que se vão revezando a cada década. 

Os principais monumentos nacionais são igrejas, conventos e mosteiros. Os soldados continuam a contar com capelães. As vilas e aldeias ainda batalham pela permanência ou substituição deste ou daquele padre. Fátima é reverenciada como jamais o foi durante a 2ª República, beneficiando claramente da projecção mediática, precisamente da tecnologia e da ciência que segundo a esperança de alguns, varreria a crença.  Não há dia em que a televisão não faça o país cair de joelhos diante do Papa Francisco, centro de toda a atenção de gente como Soares, Marcelo, Moreira e outros bem-aventurados comentadores da coisa pública. Nuno Álvares é beatificado e Portugal estoura de orgulho, lutando todos os canais televisivos pelo maximizar dos tempos de antena. O Cardeal-Patriarca pode sempre contar com a máxima projecção informativa, mesmo que esta parta das emissões da RTP. Tal como muitas freguesias, os hospitais públicos têm nomes de santos. Não existe cerimónia oficial que não conte com a presença de prelados da hierarquia e é ainda hoje impossível imaginarmos qualquer tipo de exigências acerca do fim do toque de sinos, o impedir de procissões desfilando ruas fora, ou a não celebração do Natal e da Páscoa. 

Este Estado é muito antigo, possui uma solidez dificilmente contestável. Portugal tem sabido enfrentar todas as ameaças que parecem demasiadamente poderosas noutros países europeus. Apesar do escasso número de praticantes, os portugueses têm a consciência daquilo que a identidade católica representa na coesão nacional e do Estado. Se, tal como eu, a grande maioria apenas conhece o Pai Nosso e a Avé Maria, isso não quer dizer verificar-se no nosso país aquele catastrófico vácuo em que aparentemente caiu a França. Em suma, por cá não existe qualquer lugar a preencher por outros. Tal como  nós, eles também conhecem a realidade. Para que conste. 

publicado às 15:08

Todos diferentes, todos presidentes

por John Wolf, em 10.04.15

tumblr_m1k9p552k31r6g8ypo1_500_large.png

 

Desengane-se quem pense o contrário. O Partido Socialista é a formação mais democrática de Portugal. O seu espectro é verdadeiramente alargado. Representa os cidadãos deste país de um modo irredutível. Tem membros em todos os cantos da casa. Nas direcções-gerais, nas fundações, nas associações, nas grandes empresas, na academia e nas prisões regionais. O dilema do candidato presidencial socialista demonstra essa pluralidade. Quem disse que os meninos do coro devem concordar em relação ao aspirante em melhores condições para ganhar Belém? No entanto, o problema não tem a ver com os aspectos formais da discussão. Tem essencialmente a ver com uma dimensão substantiva, conceptual. Os nomes socialistas que têm andado suspensos no éter do mistério da revelação presidencial não satisfazem por completo os do Largo do Rato, e muito menos os cidadãos de Portugal. As estaladas entre os pares socialistas já começam a ser distribuídas. Umas porque adoram Sampaio da Nóvoa, outras porque imaginam Jaime Gama como o homem certo. Fica demonstrado que, seja qual for a escolha socialista, continuam acorrentados a noções corporativas e a velhos rancores. Henrique Neto talvez não seja o candidato completo, mas poderia servir de exemplo de genuína intenção de mudança. Mas a prática integrativa de anticorpos não faz parte da matriz política de Portugal. Nos partidos os saneamentos e as exclusões são a norma quando alguém se torna incómodo ou fala verdades. Mas mesmo assim me contradigo. José Sócrates ainda não foi expulso do grémio. Ou seja, os socialistas não cortam efectivamente com o seu passado. Diria mais. Pensam mesmo que na história encontrarão a fórmula do futuro. E não me restrinjo às presidenciais. A campanha para as legislativas, em curso na ordem socialista, tem mais a ver com uma retrospectiva partidária, ideologicamente falida - uma especie de antologia de discos riscados. Enquanto Portugal dobra a esquina económica e social, corre agora o sério risco de deitar tudo a perder com decisões vendidas como cura para todos os males. Como escreveu um amigo há escassos minutos no Facebook. Nem todos somados totalizam um presidente. Quanto às legislativas, o problema é o excesso. O superávit de confiança de alguns.

publicado às 09:31

Das presidenciais

por Samuel de Paiva Pires, em 07.04.15

Se há coisa que o tacticismo e a qualidade dos até agora alegados candidatos a Belém, à esquerda e à direita, podem fazer, é permitir a muita gente compreender a superioridade da monarquia na selecção do Chefe de Estado. É que, atendendo aos tempos que vivemos, na verdade, Cavaco Silva até tem razão quando afirma que o próximo Presidente da República deve ter experiência em política externa, e entre Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa, ou Santana Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa, aquela não abunda - bem pelo contrário. Na impossibilidade de termos um rei, sempre ficávamos melhor servidos com Paulo Portas, Durão Barroso, António Guterres ou António Vitorino.

publicado às 11:06

Esperar para ver

por Nuno Castelo-Branco, em 06.04.15

 

fernandomedina.jpg

 

Por vezes temos de considerar as funções de presidente da CML muito mais relevantes, no que à memória futura do decisor diz respeito, àquelas desempenhadas pelos presidentes dos conselhos de ministros. De Pombal, o que para sempre ficará na mente da maioria dos portugueses? Como homem que se envolveu nas grandes decisões tomadas após o cataclismo de 1755, aponta-se-lhe a genialidade da escolha, investindo no arrojo, alijando interesses particulares, colocando em plano secundário os direitos de propriedade de alguns e uma Lisboa que quis construir não apenas para os homens do seu tempo, mas sobretudo para as gerações futuras. Do seu exercício da chefia do governo, poucos recordarão as Companhias comerciais, a lavoura, a política externa, as novas indústrias, ou a calamidade que para o ensino significou a expulsão dos jesuítas. Resta então o infame, indecente Processo dos Távoras, onde o orgulho que esconde o recalcamento, impeliu-o ao fero exercício da prepotência. Pois sim, também nos nossos dias, a função de presidente da Câmara Municipal de Lisboa poderá ser incomensuravelmente mais relevante do que um rotineiro cargo de primeiro-ministro. 

Cumpridas as formalidades sucessórias de António Costa, Lisboa conta com um novo presidente da Câmara Municipal. Não merecendo qualquer esforço a chamada de atenção para este render da guarda que mereceria ser sufragado pelos principais interessados, os lisboetas, há que enfrentar a realidade do facto consumado. Apesar do esforço dispensado nos últimos dias pela tradicional boa imprensa, poucos conhecem o Dr. Medina.

Contemporizemos por algumas semanas. Os problemas da capital portuguesa são imensos e de difícil resolução. Deixando de lado os estranhos negócios do sector imobiliário, a CML enfrenta o amontoar de dossiers nos quais surgem sempre as candentes questões de dinheiro, a satisfação das corporações interessadas no status quo e sobretudo, a gestão dos próprios recursos, a urgente rentabilização do património camarário que se encontra no estado que todos conhecemos. Se a isto acrescentarmos os lobbies da construção interligados com fundos financeiros ditos de reabilitação urbana - no caso nacional, reabilitar significa demolir e construir de raiz - e os incontornáveis gabinetes de arquitectura, temos um quadro onde os problemas parecem inextricáveis. Deixemos então algumas sugestões ao Dr. Medina:

1. Esclarecimento cabal das contas camarárias, até agora apresentadas como radicalmente beneficiadas pela gestão Costa/Salgado e em claro contraste com as presidências de Santana Lopes e Carmona Rodrigues. É isto propaganda? Não sabemos. A divulgação das ajudas governamentais e a apresentação do que de facto existe, os famigerados teres e haveres, apenas poderá beneficiar a imagem do novo presidente camarário.

2. Urge mudar a política e a face demasiadamente notória do pelouro do urbanismo. As insinuações ou alegações correm à boca escancarada. A CML não pode continuar sob a suspeita de naquele sector de governação municipal existir qualquer tipo de conflito de interesses. As notícias que apontam a saída de imóveis do Inventário Municipal, permitindo-se assim a rápida demolição dos mesmos, confere uma péssima imagem a qualquer vereação, nisto sendo totalmente indiferente a cor partidária na liderança da mesma. Os casos acumularam-se ao longo de gerações e não recuando muito, aponta-se com alguma injustiça, a origem de um mal que teria início em Nuno Abecassis. Como sempre, tendemos à condescendência  no desfiar de contas do passado mais longínquo. Apenas retemos na memória aquilo que um dia vimos e decerto ainda vivem muitos lisboetas que testemunharam à catastrófica destruição de património valioso, irremediavelmente perdido. Da Praça da Figueira ao aniquilar de inúmeros edifícios galardoados com o Prémio Valmor - zonas contíguas da Avenida da Liberdade, R. Castilho, Marquês de Pombal, Duque de Loulé, Avenidas Novas e da República - temos ainda dezenas de quarteirões devastados pela permissividade que há muito se instalou na gestão municipal. Os nossos avós terão presenciado o estertor do Martim Moniz, ainda hoje ameaçado com o acumular de mais intenções de erros crassos de péssima política, em boa parte ditada esta por risíveis maluquices, pequenas vaidades, interesses escusos e pior ainda, incompetência dos decisores, aqueles que escolhem e julgam saber como impor o seu "bom gosto".
Numa cidade com veleidades à classificação internacional da Baixa, a visão de fachadas onde predominam alumínios e de montras ilegal e perigosamente rasgadas nas décadas de 60, 70, 80 e 90, o misterioso sumiço de mobiliário urbano que é exclusiva propriedade de todos os lisboetas - os candeeiros do Terreiro do Paço e noutras zonas da Baixa, por exemplo -, são alguns dos muitos problemas patentes à vista desarmada. Não foram positivas algumas das opções tomadas pela propagandeada devolução da histórica zona ribeirinha.
O eternamente inacabado Terreiro do Paço foi objecto de mais experimentalismo em toda a zona pedonal, a praça não foi substancialmente valorizada apesar dos esforços dispensados - a placa central é má, os desníveis são ridículos, a periscópica iluminação consiste num insulto, persiste-se na colocação de barracas de plástico nesta zona que deveria ser interdita a este tipo de paródias -, a estátua equestre está parcialmente restaurada. A poente, as rampas do Arsenal são um exemplo de péssima decisão que aflige qualquer principiante estudante de arquitectura, ao mesmo tempo que amesquinha a grandeza da construção decidida pelo dupla D. José-Marquês de Pombal. Pelo que se vê, no nosso país caçoa-se facilmente da perspectiva e não se presta qualquer atenção à valorização dos espaços vazios que significativamente conferem mais importância ao construído. Faltam ainda as namoradeiras até hoje mutiladas ou simplesmente desaparecidas. Permitiu-se a construção de observatórios comunitários na zona do Cais Sodré, em clara ruptura com toda a envolvente que tinha sido beneficiada com a reabilitação da Estação de caminhos de ferro e do Mercado da Ribeira. Persiste-se ainda na mania da construção de muralhas de betão entre a cidade e o Tejo, avultando exemplos como as torres EDP, outro Centro Cultural nas imediações de Belém e ainda betonando mais aquela zona, o novo Museu dos Coches. Dir-se-ia ser a CML totalmente impotente quando lida com bem identificadas manobras. Porquê?  

3. Medina deve atender ao momento político internacional e em conformidade impõe-se o imediato congelar do abstruso projecto de uma mastodôntica mesquita numa zona onde o Martim Moniz surge como o mau exemplo que colocou a cidade perante um constrangimento que já data dos finais dos anos 40. Não parece existir qualquer vontade de optar corajosamente, apesar de nas últimas semanas já se ventilarem certos interesses financeiros que decididamente intervirão, avultando o de certos países do Golfo Pérsico. Colocando de parte a fábula do investimento oriundo do Bangla Desh, é por demais inevitável uma futura atribuição da cornucópia financeira aos detestáveis regimes da península arábica. É mesmo uma questão política, isto é subversão descarada. Sabemos o que tem isto significado noutras capitais europeias e o alarme que desnecessariamente causará na nossa cidade. Será um projecto sumamente impopular, disso não tenha o Dr. Medina a menor dúvida. Poderá facilmente comprová-lo através da organização de um referendo municipal e decerto não desejará futuramente ser conhecido pelos muitas vezes injustos sarcasmos em que nós, portugueses, somos peritos: Al Medina, Medinet Abu, poderão ser alguns exemplos de previsíveis brincadeiras.  Não estamos em tempo de revistas à portuguesa. Os argumentos para a construção de tal colossal tijolo de betão, fundamentam-se sobretudo, no "escasso valor dos edificios a demolir". Habituados a desopilantes fins de semana em Paris, Viena ou Londres, os nossos decisores esquecem-se de uma Lisboa onde a única avenida comparável aos boulevards do II Império, é a da Liberdade, pois há muito perderam tal lustro as vergonhosamente vandalizadas Fontes Pereira de Melo e a antiga Av. Ressano Garcia, hoje da República. Construções da Baixa pombalina e umas tantas edificações burguesas ou da velha nobreza que sobrevivem na Lapa e zona do Príncipe Real, confirmam o predomínio das construções relativamente modestas e que à cidade oferecem aquele tipicismo que os visitantes procuram e gabam.

Dr. Medina, não traga a Expo, as Telheiras ou Alfragide para o centro histórico. A descarada desvalorização do património que hoje ainda subsiste da forma mais precária, não passa despercebida a qualquer munícipe, para isto pouco importando a preferência eleitoral neste ou naquele partido. 

9843142_lQZWb.jpeg

 Arruinado prédio camarário (Rua de S. Lázaro)


4. Esclarecimento acerca do estado da propriedade municipal. O que possui a Câmara? Como tem gerido esses bens e quais os edifícios devolutos, em perigo de completa ruína? Terá o Dr. Medina qualquer projecto inovador? A cedência de edifícios de habitação, até hoje fechados, à disposição de uma criteriosa reabilitação que os torne aptos à atempada ocupação - mediante rendas baixas -, por quem se organize para realizar essas obras fiscalizadas pela CML, pode ser uma hipótese a estudar seriamente. A cidade deve ser devolvida a quem nela um dia aqui habitou e àqueles que nela almejam viver, estabelecer-se. É a única forma de mantermos um bom estado geral de conservação, paralelamente garantindo a segurança e o nascer de pólos de pequenos negócios que cativarão a atenção de muitos lisboetas e visitantes. A Baixa é um exemplo de abandono, incúria e perigo iminente. 

5. O alijar da paixão partidária, pressupõe a não repetição de tristes episódios como o abusivo congelamento da circulação naquela que foi a única obra da gestão de Santana Lopes. Os lisboetas foram pesada e repetidamente abusados, pois além da canga orçamental para a execução daquele projecto, tiveram ainda de suportar o capricho bem-pensante do Sr. Fernandes e os prejuízos dele decorrentes. Hoje ninguém questiona os benefícios do túnel do Marquês e no seguimento do mesmo, as alterações na Rotunda. Muito criticámos esta obra e de nada nos custa reconhecer o erro. Se excluirmos os esquecimentos no escoar das águas pluviais, a alteração mostrou-se positiva.

s320x240.jpeg

Casa aguardando demolição (Rua Camilo Castelo Branco) 


A C.M. procedeu a um grande esforço de divulgação da nossa capital, nisto sendo Lisboa beneficiada pelo afluxo de torrentes de turistas que lhe dão uma grande visibilidade internacional. Pois aproveite então o Dr. Medina para lhes mostrar que esta cidade não se limita à Baixa, a uns tantos edifícios bonitos na Avenida e ao Parque Expo, esta espécie nacional de micro cidade nova do Panamá. Preserve aquilo que nos foi deixado pela Regeneração, pelo Fontismo. Reabilite o quase nada que subsiste da Belle Époque, salve o nosso modesto Deco, não deixe adulterar as construções características da 2ª República. O conglomerado de desastres que hoje é o I.S.Técnico, não pode continuar a repetir-se. Não se esqueça da calçada portuguesa e se turismo e visibilidade urbana são economia, na calçada bem mantida encontrará um activo. 

O Dr. Medina tem agora uma excelente oportunidade para mostrar a sua autonomia, aproximando-se dos seus munícipes, aqueles que antes de tudo desejam viabilizar esta cidade como a residência de centenas de milhar de portugueses e de tantos outros que aqui demandam na esperança de entre nós encontrarem a segurança e talvez um dia, a prosperidade que a todos beneficiará. 

6. A Câmara Municipal deverá de forma inequívoca esclarecer acerca do que considera ser de todo o interesse preservar. É insuportável e insultuosa a proliferação de cabeçudos - recheados de escritórios e de umas tantas habitaçõespara ricos - , moda que talvez se tenha iniciado com o Heron Castilho, ignominiosamente alcunhado de Frankenstein. Vão-se erguendo Frankensteins na Av. da República, nas perpendiculares da Av. da Liberdade e em todo o vasto espaço urbano delimitado pelas Avenidas Novas e Almirante Reis, nesta área se incluindo o Saldanha, a Estefânia e a Av. Duque de Loulé. Repense a opção hoteleira, nem todas as décadas vindouras garantirão o maná visitante. Uma cidade de hóteis, centros comerciais, estádios e escritórios, não nos serve.
Decida o que fazer com o Pavilhão dos Desportos, preserve-o e modernize-o, devolvendo-o a Lisboa, aos eventos desportivos e outras festas. Não permita mais disparates como aquele que neste preciso momento ocorre no Odeon. Esta ânsia de destruição de todo o nosso século XIX e início do XXº, dir-se-ia fruto de uma qualquer sanha saneadora de um certo período da nossa já secular história constitucional. Por muito desagradável que a muitos tal possa parecer, esta vital época de progresso e construção de uma Lisboa mais moderna, europeia, vai desaparecendo pela vontade de certos interesses financeiros que totalmente arrasaram uma praça como o Saldanha e uma outrora bonita avenida como a Fontes Pereira de Melo. Nesta última, ainda há dias se anunciou mais um clamoroso erro que roça o escândalo sussurrado de favoritismo pintado de trapaça. Implica o arrasar de quatro edifícios - três dos quais são hoje apenas belas fachadas - e a sua substituição por uma muito plutocrática torre arrasa-volumetrias. Em suma, este caso torna o crime Monumental um dia cometido pelo Sr. Abecassis, numa pioneira e mera nota excêntrica. 

São estes alguns dos problemas que o Dr. Medina tem em mãos e para os quais poderá mostrar a vontade e a firmeza de que tanto necessita para nos dizer que afinal, nem todos são iguais. Pois concedamos ao novo presidente algum tempo, contemporizemos.

Infelizmente nunca pudemos contar com Gonçalo Ribeiro Telles, um arquitecto avesso a certos pressupostos que conferem à classe dirigente, o direito ou a impossibilidade de ocupar a presidência da edilidade olissiponense. Esta é a triste realidade, é o esquema, o regime. 


publicado às 19:18

Tipo Sampaio da Nóvoa

por John Wolf, em 06.04.15

salsichas-top-8-unidades.jpg

 

O candidato presidencial Sampaio da Nóvoa é do tipo:

 (escolha uma opção apenas)

  • Tipo Jorge Sampaio 
  • Tipo Mário Soares 
  • Tipo Cavaco Silva 
  • Tipo Ramalho Eanes 
  • Tipo Frankfurt 

publicado às 16:41

Para quem queira ficar a conhecer melhor a Nigéria, aqui fica o link para um artigo da minha lavra publicado na Revista Militar n.º 2553 de Outubro de 2014.

publicado às 14:03

A névoa presidencial do Partido Socialista

por John Wolf, em 03.04.15

pink-fog.jpg

 

A candidatura presidencial de António Sampaio da Nóvoa tem o beneplácito de António Costa e dos demais socialistas. E por uma razão muito simples. A tradição política portuguesa assenta na dissonância partidária entre o Governo e a Presidência da República. António Costa sabe que os socialistas não podem ocupar os dois postos em simultâneo, portanto faz todo o sentido promover a candidatura de um perdedor, e que haja apenas uma vitória socialista - um desfecho legislativo favorável. Não está mal pensado, não senhor. Se o candidato presidencial socialista tivesse os pergaminhos e a fama de António Costa a coisa mudava logo de figura. O eleitorado ficaria confuso e começava logo a pensar que talvez o ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa não fosse a pessoa indicada para liderar um governo nacional. Os meses que se seguem vão ser de campanha em crescendo e António Sampaio da Nóvoa vem mesmo a calhar. Tem o perfil indicado. Não ofusca a presença ubíqua de António Costa. É uma espécie de Fernando Nobre do Largo do Rato. Um outsider sem uma carreira de truques e armadilhas, respostas e saídas espertas. Registo aqui, sem grande surpresa, um certo cinismo socialista. Estão a entregar lenha ao benjamin presidencial para que este se queime. E no espesso da névoa que se seguirá, António Costa pensa escapar-se por entre a bruma. Mas nada disto é trigo límpido. Não é líquido que a goleada que os socialistas prometem venha a acontecer. António Costa, se chegar a mandar, vai provavelmente ter de casar com uma noiva de segunda escolha. Uma dama de uma porta ao lado da sua preferência demagógica. Avante Nóvoa. Quero ver.

publicado às 20:46

Bananas em pijamas

por João Quaresma, em 03.04.15

Interessante, o comentário de Paul Krugman ao desaparecimento de José Silva Lopes, no seu blogue.

Dias depois de Armando Sevinate Pinto, Portugal perde mais um dos poucos que sobram das gerações que ainda sabiam o que era governar um país. E o que assusta é que, entre as novas gerações, formadas e educadas com o dinheiro dos pijamas, com acesso a lugares de decisão governativa, não se vêem muitos que os substituam. Agora, sim: bananas.

publicado às 01:25

Manoel de Oliveira - maior que cinema

por John Wolf, em 02.04.15

0003z8pd.jpeg

 

Em 2007 tive o enorme privilégio de trabalhar com Manoel de Oliveira na qualidade de "pequeno actor" no filme  Cristovão Colombo - o Enigma. Guardo as seguintes imagens da sua presença. A grandeza de um cavalheiro, a paixão pelo cinema e a liberdade para percorrer os caminhos ditados pela sua alma. No final da rodagem da cena em que entrei como enfermeiro com pronúncia americana, dirigi-me ao realizador para agradecer e prestar a minha homenagem, ao que ele respondeu: "Ora essa, deixe-se disso meu caro".

publicado às 14:28

Mr. Clean Costa

por John Wolf, em 01.04.15

Mr_Clean.jpg

 

O mais recente ex-presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML) é a última pessoa do mundo que deve declarar que deixa a casa arrumada ao abandonar a autarquia. Eu, por exemplo, tenho opinião diversa. Onde eu moro não deixou uma das ruas arrumadas. Nem sequer deixou rua. Falta à mesma um passeio. Os caminhantes servem-se há 8 anos de um estrado de madeira com uma extensão de mais de 100 metros! António Costa pode meter o quadro financeiro sustentável onde bem entender. O homem esqueceu-se que os residentes deveriam ser os principais destinatários da sua missão. Em todo o caso, o senhor não leva a chave da CML. Agora teremos a oportunidade de vasculhar e descobrir se o trabalho foi limpinho ou não. E com tanto festejo e glorificação, passamos de Meca a Medina sem termos sido consultados. Acabei de pagar o IMI, mas não existem atenuantes.

publicado às 14:49

Pág. 2/2







Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas


    subscrever feeds