Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]




Onde a estrada leva

por Fernando Melro dos Santos, em 31.05.15

Bem podem chorar agora por "reformas dignas" e culpar o espelho.

publicado às 11:34

Ao cuidado do menino-ministro

por Fernando Melro dos Santos, em 31.05.15

Verde por fora, vermelho por dentro, negro feitas as contas. 

publicado às 10:08

Sozinho no meio da multidão

por João Almeida Amaral, em 30.05.15

Cada vez há mais pessoas interessantes e cada dia que passa, sinto-me mais só.

Pode ser por estar a ficar velho. Menos tolerante. Mais ansioso. Não sei. 

Nunca como hoje, a comunicação fluiu de forma mais fácil. Mas eu também nunca me senti tão vazio. A questão pode ser sobre o que se fala. Na verdade já não há conversadores, contadores de historias, pessoas que perpetuam memórias e cultura com relatos espantosos, cativantes ,cheios de cores, como livros orais onde nos revemos e nos quais sentimos aquela maravilhosa sensação de pertença.

De igual forma, os comunicadores que vou conhecendo são pessoas muito interessantes, comunicam bem, mas não sabem conversar. Chega a ser assustador. Tudo é politicamente correcto, a homossexualidade é normalíssima, ter filhos está ultrapassado, ir jantar com a cara metade e passar o jantar nas redes sociais é excitante. Blind dates é divertido, ter convicções é retrogrado e para tudo se toma um medicamento.

Não sei. Não entendo. Será que são mais frágeis?

Cada vez me vejo mais sozinho no meio da multidão. Mas a solidão é cada vez maior no meio da multidão.   

publicado às 22:33

Up in the Air

por Fernando Melro dos Santos, em 30.05.15

 

ao fim de varias decadas e centenas de milhar de milhas a voar (com o mesmo pavor de sempre) continua a ser possivel identificar, de olhos fechados, a aterragem e subsequente estrago de nervos ao voltar a lisboa.

os passageiros continuam a ficar quartos de hora dentro do aviao a espera de poderem sair.

a absurdamente serpentina fila para os taxis, a inexistencia de autocarros, a demora na entrega das bagagens, o ingles incompreensivel das maquinas que vendem bilhetes - tudo isto acresce.

acresce, tambem, o aspecto deprimente e degradado das estacoes de comboio, que nunca viram outra cor alem do cinza-betao. e o ar bronco, ilheu, rasca que um varrimento breve sobre os locais persiste em devolver.

talvez aquilo de cuja falta mais sinto seja mesmo a qualidade do ar. fora deste tugurio, quaisquer tres horas podem trazer conversas esclarecidas, espontaneas, divertidas e cheias da fantasia que, supostamente, a latitude e o favor meteorologico confeririam aqui ao quintal.

sucede que nao. so se ouvem roncos, banalidades e silencios sepulcrais como se o outro fosse sempre devedor potencial da alegria que nao assiste ao pobre e misero portugues europeizado.

deve ser, como digo, do ar; porque afinal temos o sol, e as praias e serras e ciclovias e meninagem que se equipara a professores, e professores que ainda viverao uma quarta infancia, e a pax fiscallica, e o sol, que estou a repetir por me sentir estupido e geneticamente alienado de todo este mundinho hermetico onde o sol, o sol, o sol, o sol e nada alem do sol importa àqueles que, incapazes de admitir a sua ineficaz paralaxe, insistem em dizer que eh tempo de avançar, de sol em sol ate a noite final.
portugal tornou-se uma enorme cadeia de fast-food, uma ponte para aquele mediterraneo com o qual nenhuma das sofisticadas criaturas que a tal nos trouxeram admite identificar-se.

conforme aterro, assim anelo por voltar a voar. nao sendo o sol, deve ser do ar.

publicado às 18:12

O SNS e o queixume crónico

por John Wolf, em 27.05.15

stop-sign.png

 

Em defesa do Sistema Nacional de Saúde (SNS) devo dizer o seguinte: continua a ser um dos melhores do mundo. Por mais queixas que se escutem e protestos que se organizem, Portugal está no Top 10 mundial do sector de saúde pública. Mesmo durante a crise os serviços continuam a desempenhar o seu papel. Obviamente que o SNS também teve de suportar as consequências decorrentes da implementação de medidas de Austeridade. Mas o mesmo está longe da extinção, e não pode nem deve ser utilizado enquanto arma de arremesso político, em nome da honestidade intelectual. Todos os dias, para as centenas que ficam por tratar existem milhares que recebem cuidados adequados. E é essa relação de maioridade que deve ser tida em conta. Se assim não fosse há muito que o SNS não seria sustentável, mas ainda mais importante do que estes números: continua a ser percepcionado pela maioria da população como um excelente serviço do sector público, embora os portugueses tenham especial apetência para reclamar sobre tudo e nada. Nessa medida, há que realçar os aspectos positivos desta odisseia. A capacidade de superação que o SNS tem demonstrado. Mesmo sem os ovos adequados tem conseguido servir as omeletes que o país requer. Se quiserem uma experiência hardcore, experimentem o National Health Service dos Estados Unidos que não se compara nem de perto nem de longe com o caso português. Em suma, o queixume crónico nacional é uma patologia de difícil tratamento. Dizem que não existe cura.

publicado às 08:21

Morreu um Jovem atropelado

por João Almeida Amaral, em 27.05.15

Que raio de justiça temos no nosso pais.

Tive um cão. 

O meu cão Abocanhou um idiota que o provocava regularmente. 

Consequência arranhões e um susto.( cão tinha 60Kg)

Tive que o abater no mesmo dia.

Fui condenado por uma juíza criminal de seu nome Churro, a 500€ mais 200€ de despesas a vitima. Total +- 700€

Ficando no meu registo criminal uma nódoa.

O filho de uns amigos foi atropelado e morreu com 25 anos no Terreiro do Paço.

A condutora que o assassinou tinha 1,64 gramas de álcool e abandonou o local sem prestar assistência.

Foi condenada a 2 anos e nove meses de prisão.

Tem que pagar 1390€ e não vai conduzir quatro anos.  

Perdoem-me o desabafo mas ... que raio de merda de gente é esta ?

como é possível julgar assim ?

Nada lhes devolverá a vida do seu filho mais velho, é verdade.

Mas é um insulto o que a justiça decreta como punição. 

Gostava de saber quantos anos levaria a condutora se o filho fosse da juíza que julgou este caso. 

Para eles magistrados , não passamos de gente que não merece respeito nem é respeitada.

Quanto mais não seja na nossa dor.

Para não gritar de raiva fico por aqui.

Aos pais envio um abraço 

publicado às 00:32

Uma Nação. Um Rei. Uma identidade.

por Fernando Melro dos Santos, em 25.05.15

Aqui.

publicado às 15:26

Grécia, Espanha e embaixadas a Roma

por John Wolf, em 24.05.15

4451358623_305aa18659_b.jpg

 

 

Portugal é um caso à parte. Não é a Grécia nem é a Espanha. Mas os acontecimentos em curso naqueles países podem ter ou terão efeitos indesejados neste país. Tsipras acaba de anunciar antecipadamente aquilo que era expectável. No dia 5 de Junho teremos o primeiro de uma série de defaults gregos. Não existem meios para pagar o que é devido ao Fundo Monetário Internacional e não existe margem política para implementar medidas  adicionais de austeridade. Enquanto esse evento "excêntrico" decorre, em Espanha ainda sopram ventos promissores do Podemos e Ciudadanos. O centro da Europa observa com apreensão. Os dois fenómenos podem funcionar em tandem, emprestando força numa relação de reciprocidade, de engrandecimento e risco. A Troika sabe que não pode penalizar aqueles que cumpriram o seu ditado. Nessa medida, Portugal não será percepcionado como um caso extremo, mas certas condições terão de ser observadas. Já registámos o "baixar da bolinha" do Partido Socialista. O próprio António Costa já chamou "tonta" a abordagem do Syriza, e ele tem boas razões para o fazer. Quer ganhar as eleições, mas essa vitória depende de um acordo pré-nupcial com a Alemanha, a União Europeia, o Banco Central Europeu, assim como outras instituições europeias. Para cumprir as promessas de obras públicas, reposição de pensões e salários, Costa apenas o poderá fazer com meios financeiros adequados, de preferência a fundo perdido, como tem sido apanágio dos socialistas sempre que tomam o poder. As movimentações hispano-gregas devem ser acompanhadas com muito interesse. As semanas que se seguem serão determinantes para Portugal. Portugal é um caso à parte. Começa a dar sinais de ímpeto económico, mas não embarquemos em aventuras. À Embaixada a Roma, esplendorosa e reluzente, seguiram-se ciclos de marasmo e decadência. O Museu dos Coches serve para recordar que cavalos alados fazem parte de um mundo de sonho e fantasia - narrativas que emanam do Largo do Rato com excessiva facilidade.

publicado às 21:46

As Gaivotas e o Pivot

por João Almeida Amaral, em 22.05.15

Mais uma vez me arrependo de ver Televisão em Portugal.

Ontem a notícia do dia era a abertura do novo Museu dos Coches. 

Achei que a TVI tinha tido uma ideia interessante. O noticiário das 20h era feito no novo espaço. Muito branco a contrastar com os dourados e negros dos veículos expostos. Era realmente a prova de que o meu cepticismo em relação ao novo espaço não fazia sentido.

José Alberto Carvalho , pivot da TVI  lá ia lendo as suas deixas de um tablet que trazia nas mãos e que o dificultava no manuseio do microfone.

Ao chegar ao fim ,(e sem nunca referir que o Museu existe, porque a Rainha Dª Amélia salvou da destruição estes veículos) aproximou-se de uma peça especial ; um "Landau" onde o Rei D. Carlos e o Príncipe Luís Filipe foram barbaramente assassinados. Aparece uma imagem do assassino, já morto e para minha surpresa, o Pivot José Alberto faz o elogio do assassino, referindo o seu testamento feito dois dias antes.

Esperava mais e melhor desta cara da TVI. Fiquei mais uma vez chocado.

Então o José Alberto Pivot faz o elogio do assassino do chefe de Estado Português?

Não entende que como pivot tem que pensar bem melhor no que vai dizer a centenas de milhares de pessoas ?

Foi uma desilusão . Afinal é isto um profissional de televisão?

Mas como dizia um velho pescador : " ... isto esta tudo de perrnas prro ar, agorra já são as boias que cagam nas gaivotas."  

Que desgrraça de pivots.

publicado às 11:29

Carta aberta ao Ministro da SS, presente ou futuro

por Fernando Melro dos Santos, em 21.05.15

Excelência,

 

tomo nota com grave preocupação do estado a que chegaram as - previsivelmente - fadadas à desgraça operações conduzidas pela Instituição a que preside VExa.

 

Designadamente, passo a elencar aquilo que me perturba, e que no meu parco entender deveria preocupar qualquer contribuinte - activo como nós que vos damos a comida para a boca, ou passivo como os parasitas de benesses insustentáveis que vós, gente de vistas curtas e concupiscência irreprimível, seduzis ano após ano. 

 

Actualmente, a SS é equiparável a um morto-vivo, uma amálgama "zombieficada" que desconhece a sua própria dimensão e cuja sobrevivência, mercê da aniquilação demográfica, da imbecilidade advinda da ruína educativa e do êxodo a que décadas de estado-paizinho forçaram a desgraçada população desta cloaca onde tive o azar de nascer para testemunhar a ascensão de figuras como VExa, se encontra com os dias contados. 

 

Não bastando a escassez de fundos e a desertificada tesouraria, querem ao que parece os governos actual e seguinte, não contentes em proxenetizar o trabalhador extorquindo-lhe tributo para o qual jamais encontra retorno, alargar a égide da v/ tenebrosa organização aos nascituros, quiçá tendo em vista - à semelhança do que fazem outras excrescências desta endémica ignorância que vos elege vezes sem conta, em busca da proverbial migalha - o controle presente, futuro e hereditário sobre toda e qualquer alma infeliz quanto baste para aqui ser parida e registada. 

 

Aliada esta iniciativa à subversão da deriva evolucionária que desde há milénios (mal grados os esforços dos néscios sumamente prepotentes como VExa, seus congéneres e os cabecilhas de Vossas seitas) mal ou bem ainda vem salvando uma réstia de esperança para quem Vos renega, não contentes com isso, não contentes com a matança de inocentes sem voz em regos hospitalares infectos às custas do contribuinte, não contentes com a banalização da estupidez, da insídia, do nanismo e onanismo intelectuais, da merdificação crassa de gerações a fio, vêm VExas considerar a consagração de "direitos" como a adopção, isto é, a experimentação hedonista por parte de casais-proveta, fazendo tabula rasa de todo o bom senso.

 

Não falo das contas públicas, VExa e os demais nababos que se banqueteiam e espraiam plumagem à conta do erário são prova bastante do desfecho que nos aguarda, a todos, amarrados ao mastro da mesma nau condenada. Nessa precipitação, terei gosto em acompanhar VExa. 

 

Falo da abjecção a que é possível reduzir um eleitorado, ora massa de querubins academizados e putas sem brio, ao ponto de eleger e reeleger, de sufrágio em sufrágio até ao ditador final, homúnculos do quilate de VExas. 

 

Fodei-vos. 

 

 

Leitura acessória: é proibido vender tigelas de barro sem pedir autorização aos cabrões que são pagos por quem vende tigelas de barro.

publicado às 14:53

Pronúncia e ortografia

por Cristina Ribeiro, em 21.05.15

image.jpg

" Rádio e Televisão deveriam ser escolas de pronúncia da língua portuguesa. Pois não são... Em vez de escolas, são latíbulos que geram monstros. Nós, os espectadores, somos " espequetadores ". Nós, os ouvintes, somos os " óvintes ", os... timados óvintes. " Busquei este excerto da Enfermaria por me ter dado conta da grande confusão que vai lá no facebook: acham não poucos que o C de espectador se deve pronunciar. Disseram-me na escola primária que neste caso, como noutros - por exemplo o de actor - tal consoante é muda. Tem um valor diacrítico: substitui o acento gráfico ( espÉtador ); sucede, porém, que ao escrevermos espectador, estamos a respeitar a história do vocábulo, pois que provém ele da forma latina speCtare ( olhar ).

publicado às 14:42

A proposito de Pais e Filhos

por João Almeida Amaral, em 21.05.15

Daniel Oliveira publica um artigo no Expresso sobre as relações entre pais e filhos, ao lê-lo senti que era um tema actual. Não concordo nem discordo tenho uma opinião diferente.

Talvez a chave dos problemas desta geração passe por aqui. Pais e filhos e filhos e pais.

Até aos anos 80 em Portugal o que vigorava era uma relação de respeito entre Pais e Filhos. "filho és pai serás , assim como fizeres,  assim receberas" o normal era um respeito biunívoco. O Pai vestia a pele de Protector, polícia, professor e educador. Amava com a distância normal de Pai para Filho.

Afinal os filhos não são, nem poderão nunca, ser os nossos melhores amigos. Eles têm um estatuto diferente ; o importantíssimo estatuto de Filhos.

Em contrapartida os Pais eram respeitados porque para além de se darem ao respeito eram geralmente um exemplo para os filhos. (não me lembro de ter ouvido uma única vez o meu pai praguejar a minha frente)

20 anos mais tarde no inicio do século XXI surge a geração dos filhos que fruto da largueza económica e do consumo desenfreado são conhecidos como os "Meninos Deuses" , transversais a todas as classes sociais são o produto de uma sociedade que se perdeu, que caminha sem rumo.

O normal passou a ser o Pai, respeitar e venerar o filho que, o não respeita, que acha que o que os pais fazem é sempre pouco. Os filhos que se "enervam" porque não há refrigerantes , os filhos a quem os país vão servir ao quarto porque não se dignam estar a mesa com a família, os filhos que querem Vans ou outra porcaria semelhante.Os filhos que aos dezoito anos ainda vão para a escola com os paizinhos (e sempre atrasados, pois o mundo tem que esperar por eles, afinal são Deuses)

Os exemplos são dramáticos:

Filhos que batem nos pais ou que se viram a eles

Filhos que abandonam os pais em lares e outras instituições com nomes falsos e desaparecem

Filhos que exigem playstations, motas, roupa de marca , etc .

Filhos que só têm direitos e nenhumas obrigações. 

Filhos que decidem se falam aos pais ou não em função da satisfação de caprichos.

Dir-me-ão mas acha que são todos assim?

Há evidentemente excepções mas a realidade é muito má. 

Quando se transpõem para a escola é a geração que bate nos professores, professores esses que em grande parte não conseguem impor o respeito porque já pertencem a chamada geração rasca.

Como a loucura comunista do pós 25/4 esta factura terá um preço. Que será pago por eles próprios porque ao serem Pequenos Deuses acham que não se devem reproduzir para não repartir os rendimentos com filhos (ou estragar o corpo), logo , não terão quem olhe por eles na velhice.

Esqueceram algo fundamental, ser velho é apenas uma fase que começa na infância e eles vão acabar, como meninos velhos, que nunca foram homens mas aspiraram ser Deuses. 

Pobres Meninos Deuses.

 

publicado às 13:38

Breaking News

por Fernando Melro dos Santos, em 20.05.15

ANTÓNIO COSTA PROMETE AUMENTAR A ESPERANÇA DE VIDA, PARA TODOS, ATÉ AOS 99 ANOS JÁ EM 2015

 

(notícia em actualização)

 

Actualização às 20h15: Isabel Moreira será a Ministra do Ajustamento Biológico, avançam vários órgãos de comunicação social em falência. 

publicado às 20:15

Não discutimos a pátria (nem o futebol)

por Nuno Resende, em 19.05.15

«Não se discute Deus e a sua virtude; não se discute a Pátria e a Nação» - disse António de Oliveira Salazar. Talvez não tenha acrescentado o futebol, por pudor. Acrescentemo-lo agora a propósito das recentes comemorações benfiquistas.

O futebol é uma prática desportiva. Até aqui tudo bem. O desporto é uma característica que distingue a humanidade da sua biologia animal: hoje o Homem já não precisa de caçar para alimentar-se, nutrir-se e manter-se em forma para evitar ser caçado. Apesar disso no presente o Homem pode existir sem que isso implique mover-se.

Mas o futebol, ao contrário de muitas outras práticas desportivas, saiu, há muito tempo, fora das quatro linhas, tornando-se um espectáculo de massas, consubstanciado com o recurso a um vasto conjunto de artifícios, em grande parte motivados pelo luxo, pelos excessos e pelo desejo de poder – coisas que o comum dos mortais deseja como as pegas desejam os objectos brilhantes e que topam no seu longínquo voo.

O futebol não é, por isso, apenas, uma prática desportiva. A sua organização em equipas torna os seus fãs ou adeptos em milícias que visam enaltecer, proteger e defender (se preciso até à morte) uma pequena oligarquia de jogadores que vive acima das possibilidades do comum dos humanos. Mesmo nas equipas menos bem pagas, o clubismo transforma-se numa expressão longínqua da antiga vida em tribo. Sem necessidade de alianças para caçar e defender-se das grandes presas pré-históricas o Homem moderno usa o futebol como forma de catarse e exercícios de violência mantendo assim os níveis de epinefrina capazes de aguentarem a sua virilidade em pé.

Claramente difundido em algumas sociedades ocidentais (sub ou sobredesenvolvidas – o índice de desenvolvimento económico não é para aqui chamado como muitos argumentam) o futebol constitui, assim, a mais clara expressão de um comportamento hominídeo primitivo que articula a expressão violenta da subsistência com a sustentação de uma rivalidade inter geracional e rácica.

Toda esta conversa pseudo-sociológica e intelectual serve para resumir que há décadas que o futebol significa, mais do desporto: significa dinheiro, violência e absoluto desrespeito pela convivência entre indivíduos. Que se faça de um momento de violência um discurso pró ou contra agressores ou agredidos, nem sequer é ridículo. É escusado.

Devia, isso sim, discutir-se o futebol, o seu papel educacional e pedagógico enquanto desporto. Isso e só. Tudo o resto tem contribuído para a transformação da sociedade numa enorme massa uniforme de unanimismos. De facto não há assunto, pelo menos em Portugal, tão consensual como o futebol. Nem a democracia é tão consensual quando se trata de defender a imagem de um futebolista ou de um treinador. E isso é preocupante. Talvez assim se justifique que da Esquerda à Direita, todos os políticos, quando entrevistados introduzam o tópico do futebol como uma expressão de clubismo ou amizade saudável.

Mas o que se tem visto ao longo do último século é tudo menos saudável: além de uma excessiva participação estadual nos grandes clubes, a comunicação social aproveita-se daquele desporto em detrimento de outros assuntos, bem mais prementes do ponto de vista cívico.

Enquanto o futebol for assunto tabu dificilmente avançaremos do grau civilizacional onde estamos e que conduzem às imagens degradantes que as televisões, jornais e redes sociais têm repetido ad nauseam.

É que violência não é só a física e corporal…

publicado às 15:11

Há poucas petições que valha a pena divulgar e assinar, mas esta é uma delas.

publicado às 12:14

hottowel.jpg

 

O pai que bateu no filho que foi morto pelo cão que não era polícia. As comadres que defenderam o cão e acorreram para defender os agressores da escola. A Inquisição que ateou o fogo que arde e cem a ver. O ácido muriático que desfigura canos e faces. O transsexual do bungee jumping sem retorno na clareira da construção pouco civil. O rapaz que vestia os ténis de marca à hora errada. O vizinho do lado que não gostou que lhe mexessem nos marcos do terreno foi à caça e teve um dia em cheio, e não ficou para contar a história aos netos cujo tio afagou. O aficionado que levou a derradeira estocada de uma outra modalidade. O missil lançado no estádio nacional que se desviou da sua rota. Os meninos da casa pilha que lhes roubou a dignidade. Os sociólogos de escaparate que nos agridem com a explicação do vil, a partir da sua torre de vigia de superioridade moral, académica. Este país nunca foi de brandos costumes. Baltimore fica ao virar da esquina. São todos  iguais. Os de cá, os de lá. Os fardados, os destrajados, os que ostentam cachecóis ou usam as próprias mãos para esganar no trânsito. Este é o Portugal moderno, sonhado por revolucionários que prometeram libertar sem limites. E foram bem sucedidos. Democracia, Direitos e Deveres, Liberdades e Garantias, Constituições da República  - intocável. Agora escolha. Prefere o livre arbítrio da desordem reinante? E por quem vai chamar quando for consigo? Os defensores dos direitos dos animais? Não existem nichos. Não existem Musgueiras. Não são estratos económicos e sociais. Não são níveis académicos. É algo mais profundo que assola o país. Faz parte da matriz e de nada servem os paninhos quentes. De nada serve tomar uma posição firme. Estão todos errados.

publicado às 08:43

A epiderme mais fina de sempre

por Fernando Melro dos Santos, em 18.05.15

mais uma indignacao por parte da turba flor-de-estufa: o suficiente para que o telejornal abrisse com a ministra da justica a garantir que a policia será escrutinada. os anjinhos graudos podem dormir descansados, e va la que nao foi causado stress a nenhum examinando nem angustia a caes ou gatos. da proxima vez podem ir tambem ver a bola contribuintes romanis, acompanhados dos filhos menores, assaltar adeptos. estarao seguros para exercerem a sua profissao.

publicado às 21:28

Este país não é para velhos... nem novos...

por Manuel Sousa Dias, em 18.05.15

Como tantos outros estou, à conta da crise, a iniciar outra actividade profissional radicalmente diferente da que até agora - e com bastantes dificuldades - vinha desempenhando enquanto empresário em nome individual. No nosso país nem sempre é fácil mudar de profissão (ou re-inventar-se como agora pretensiosamente se diz) depois de passados os 40 anos, ou 47, no meu caso. Eu, depois de uma sequência de azares, tive sorte. Se por acaso nesta idade se procura trabalho na mesma área de actividade corremos o risco de ser, além de velhos, sobre-qualificados, o que leva muitas empresas a preferir "sangue novo" por tuta e meia em detrimento dos serviços de alguém com experiência cheio de vontade de trabalhar. A desculpa da sobrequalificação é um disparate. Porque não optam as empresas por um profissional de topo que, por força das circunstâncias está a preço de saldo? Recordo-me agora de um internamento hospitalar que tive em Londres há 4 anos e da conversa que tive com um enfermeiro inglês especialmente atencioso e muito simpático. Contou-me ele que até aos 42 tinha sido contabilista mas que estava farto da profissão, pelo que resolveu mudar de vida: estudar enfermagem, profissão a qual, aos 40 e poucos, sentia que era a sua verdadeira vocação. Então fez um ano de universidade, o ano de estágio no hospital, que foi o momento em que o conheci, e iria terminar os seus estudos com mais um ano na universidade. A história dele não é diferente da de tanta gente, em Inglaterra ou por essa Europa fora, na qual a mudança da actividade profissional é uma experiência valorizada profissional e humanamente, para não dizer académicamente. E sem estigmas. As novas oportunidades não são programas de intenções para inglês ver... Em Inglaterra muitos trabalhadores experimentam o "friday night stress", que não é mais do que um despedimento à sexta-feira, seguido de um stress de fim-de-semana, a procura de emprego na segunda-feira, a entrevista à terça e novo emprego na quarta-feira. Okay, talvez esteja a ser um pouco optimista nas virtudes da cultura "hired and fired" anglo-saxónica mas não estarei assim tão longe da realidade. Muito do desemprego que existe é friccional, de trabalhadores entre empregos e de curta duração (não há também tanta dificuldade em mudar de cidade porque, regra geral, não se compra casa, aluga-se). Em Portugal a coisa fia de maneira diferente. Vivemos num país envelhecido e cheio de contrasensos. Por vezes ouvimos dizer que alguém que morreu aos 75 anos morreu novo. Paralelamente ouvimos também que aos 40 estamos muito velhos para iniciar nova carreira porque de facto há poucas oportunidades. Que raio de país este.

publicado às 19:23

Os gregos e o campeonato da Europa

por John Wolf, em 18.05.15

 

greece-ball-flag-5376545_s-123rf.jpg

 

Enquanto alguns festejam o 34º e outros se queixam de cargas policiais, aproximamo-nos a passos largos do fim de um outro campeonato. Uma liga onde Portugal disputa o seu futuro. A Grécia está cada vez mais perto de um desfecho dramático. O default grego é uma inevitabilidade. Aquele país praticamente já não tem dinheiro em caixa para pagar as contas. Como vem descrito no artigo do CNBC, resta saber quem irá abater o cavalo (de Tróia). Tsipras já disse que não a um referendo que em última instância aprovaria mais medidas de austeridade. Pelo andar da carruagem não haverá uma entidade externa a empurrar a Grécia para fora do euro. Serão os decisores políticos gregos que carregarão o ónus da falência. E se Tsipras e Varoufakis forem fiéis ao estilo a que nos habituaram, irão vender a tragédia como um sucesso. O governo de Passos Coelho sabe que estes eventos jogam a seu favor. A instabilidade externa promove, sem margem para dúvida, a ideia da necessidade de continuidade. O aventurismo dos socialistas já se está a fazer sentir. As sondagens podem ter valor relativo, mas António Costa já não convence o eleitorado nacional. Iria mais longe até. Comparado com Seguro, não acrescentou nada que se possa ver. Distingue-se do seu antecessor, mas pelos piores motivos. Não pretende a regeneração nem do partido socialista nem da ideologia subjacente. Há portanto semelhanças entre Tsipras e Costa: são ambos teimosos. E provavelmente passarão a ter mais em comum - derrotas políticas. Há outra coisa  de que António Costa se esqueceu: já não pode entregar a taça a Luís Filipe Vieira ou a Jorge Jesus nos paços do concelho. É assim. Foi bom enquanto durou.

publicado às 12:17

They Live

por Fernando Melro dos Santos, em 18.05.15

 

publicado às 11:54

Pág. 1/4







Arquivo

  1. 2024
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2023
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2022
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2021
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2020
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2019
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2018
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2017
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2016
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2015
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2014
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2013
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2012
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2011
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2010
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2009
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2008
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2007
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D

Links

Estados protegidos

  •  
  • Estados amigos

  •  
  • Estados soberanos

  •  
  • Estados soberanos de outras línguas

  •  
  • Monarquia

  •  
  • Monarquia em outras línguas

  •  
  • Think tanks e organizações nacionais

  •  
  • Think tanks e organizações estrangeiros

  •  
  • Informação nacional

  •  
  • Informação internacional

  •  
  • Revistas


    subscrever feeds