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No próximo dia 5 de Abril, vai a leilão na Sotheby's de Hong Kong, uma histórica jóia que pertenceu à Rainha Dª Amélia. O valor estimado é de c. 1,098,240 - 1,387,250€, um preço acessível para um Estado que terá recebido mais de seis milhões de Euro de indemnização pelo roubo holandês das jóias da coroa. Uma parte desse montante foi há uns tempos gasto num pequeno quadro de Tiepolo. Urge uma decidida pressão por parte do muito diligente e competente director do Palácio da Ajuda. 

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 A Rainha D. Amélia ostentando esta jóia (anos 90 do século XIX)



Quanto ao Ministério da Cultura, não se trata de uma renovação da frota automóvel, não se trata de uma adjudicação directa, nem de compra de "imprescindíveis artigos" destinados às sumidades departamentais. Falem menos e ajam mais. 

publicado às 21:05

Em linha recta

por Nuno Gonçalo Poças, em 31.03.16

Vargas Llosa, em ‘A civilização do espectáculo’, diz que Tolstoi, Joyce e Faulkner escreviam livros que pretendiam derrotar a morte, que sobrevivessem a eles próprios, ao passo que as telenovelas brasileiras, os filmes de Hollywood ou os espectáculos da Shakira não pretendem durar mais que o tempo da sua apresentação. Desaparecem, dão lugar a outros produtos de enorme sucesso e efemeridade. Para Llosa, hoje a cultura é diversão, e o que não é divertido não é cultura. Mas, décadas antes, já T. S. Eliot nos falava dos ‘homens ocos’ (“We are the hollow men / We are the stuffed men / Leaning together / Headpiece filled with straw”), na sequência da sua ‘Canção de Amor de J. Alfred Prufrock’, em que um mundo de homens sem personalidade e sem pujança se rendia ao niilismo, abandonava a vida interior e se refugiava no conforto da estética, da aparência e da mansidão ideológica. Eliot escreveu entre guerras mundiais, entre ameaças de comunismo e de nazismo e de aristocracias moribundas. Llosa escreve no tempo das redes sociais, entre ameaças de novos extremismos e de conflitos entre civilizações.

Trazer o contexto de Eliot para um texto que pretendia abordar a perspectiva de Llosa é evitar o saudosismo. Não, não era antigamente que era bom. Mas é nos tempos em que o homem tem medo do tédio, da história, da fé, da morte e do imperfeito que nos devemos preocupar. Para Llosa, a cultura é uma espécie de consciência que impede o voltar de costas à realidade, que hoje funciona como mero fenómeno de distracção e entretenimento. Partindo do pressuposto de que o homem tem uma tendência natural para se divertir, para ocupar o seu tempo, o que Llosa critica é a transformação desta tendência num bem supremo da civilização.

Esta cultura de entretenimento estabeleceu o critério do preço em detrimento do valor, do comercial em detrimento do simbólico. Transformou-nos em turistas perfeitos, potenciados pelas redes sociais. Entretemo-nos. Filmamos e fotografamos para partilhar, para que vejam que nós vimos. O tecto da Capela Sistina tem o valor de um parque de diversões porque o preço é semelhante. É entretenimento. E sorrimos para as fotografias, já não porque a fotografia é uma raridade, mas porque os outros nos vão ver nas fotografias. E o turista perfeito sorri. Está aparentemente feliz.

Enquanto esta civilização niilista, cínica, gerada na ressaca de um conflito mundial, se entretém, vai-se deparando também com novas realidades, com novas ameaças de conflitos. E vai lendo os tabloides, na esperança de que algo mais a entretenha. Um atentado, um suicídio, um escândalo de corrupção. Talvez Foucault tivesse razão quando dizia que as civilizações sempre foram movidas, umas vezes mais e outras menos, por uma pulsão de morte e de sangue. Talvez. Hoje, que somos nós as vítimas dessa pulsão, vinda de outros, estamos só a entreter-nos. A tirar auto-retratos enquanto as paredes da nossa vida e do nosso mundo vão criando fissuras. Sem saber o que fazer. Mas aparentemente felizes. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”, como no 'Poema em linha recta' de Fernando Pessoa. Julgo que é isto. Não, antigamente não era bom. Mas futuramente pode ser pior.

publicado às 12:38

I spent several hours last night wondering about whether to write yet another post on the four pillars that mark my compass - the suicidal demise of Western society; amplified functional illiteracy at work through the internet like, very literally, a virus (in the sense that Neal Stephenson in his novel "Snow Crash", and Laurie Anderson in the same-titled song, have described it) that cripples any possible recovery; regressive leftism as the driving engine of the first two; and why I will always prefer Batman to Superman, in his grimmest, darkest, more brutal and primeval aspects.

Then, like any good lab rat, I set out to update my samples. And, upon finding a spike on the graph, decided to abstain from further comment. The moment was a sort of butterfly-effect driven epiphany for me. The portuguese prime-minister, a corrupt and flabby-necked windbag whose vacuity can only rival that of his electorate, claimed (criticizing his predecessor, who is also a socialist, but of a different sect) that schoolchildren have been, and I quote, "forced to take tests on their final terms only to serve an agenda of selective racial purification".

Upon reading this, and coupled with the slaughterhouse-like hubbub raised among feminists, liberal overeducated nerds, and every other life form on the hyena taxonomy branch following Trump's remarks on abortion, I just poured a shot of bourbon, gulped it down, and went to bed where I lay reading Stephen Baxter's "Iron winter" until sleep overcame my senses.

The only thing on my mind was this post from a month ago:

http://www.safehaven.com/article/40540/no-way-out

Stay safe out there.

publicado às 09:40

Esganiçados da União Europeia

por John Wolf, em 28.03.16

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Passei uns dias em Madrid. Três noites bastaram para arejar a cabeça e ganhar distância em relação à pequena política de esganiçadas ofendidas ou feriados reconquistados pelos campeões socialistas. Há mais vida (e morte) para além do sórdido local. Karl Marx escreveu o seu Manifesto Comunista em Bruxelas e podemos afirmar, sem reservas, que foi um sucesso notável. A capital belga é um emaranhado de 19 bairros administrativos, uma torre de Breugel de burocracias e gastos despropositados. Mas dizem salvar o orgulho "nacional" por via da intransigência dos idiomas, do flamengo ao francês, passando pelas casas políticas dos socialistas valões, os democratas-cristãos ou os nacionalistas do norte. Contudo, a manta de retalhos de Bruxelas não fica entre portas. A sua vocação disfuncional confunde-se com a da própria União Europeia. Porém, não se sabe ao certo qual o sentido da contaminação. Se os comissários europeus se inspiraram nas virtudes nativas ou se Bruxelas impôs a sua cultura letárgica às instituições comunitárias. O tema de constructivismo político permite as mais variadas interpretações. Podemos, no entanto, concluir, que não seremos os únicos observadores das brechas da alegada construção unionista. Os jihadistas sabem muito bem onde fraqueja a ambição europeia, e Molenbeek, tratado pelos media como um gueto, não é um banlieu à distância de duas horas. Da rue Dansaert (Av. Liberdade dos Gucci e Armani lá do sítio) ao coração das comunidades muçulmanas marroquinas é um tiro - quinze minutos chegam. Pelos vistos a paz e prosperidade de Robert Schuman e Jean Monnet não bastaram. Cometeram-se erros crassos de leitura histórica. A França e a Bélgica (e muito pouco da Alemanha) foram impérios coloniais e não terem pensado o conceito de construção da Europa sem levar em conta o seu legado implica algum teor de responsabilização. Portugal, também grandiosamente imperial, fez um trabalho mais interessante. Os angolanos, os cabo-verdianos ou os moçambicanos, são "portugueses" no modo equivalente com que estabelecem relações cordiais com os seus "anfitriões". Nessa medida, Portugal deve ser considerado um caso de sucesso. A língua é a mesma, e as gentes entendem-se. Na Bélgica, os flamengos não sabem ou recusam falar francês, e ainda têm de levar com aqueles que falam alemão na região de Liége. A monarquia, a suposta cola de contacto das divergências, também não serve de grande coisa. Em suma, a grande questão de integração, que aflige os espíritos iluminados de uma esquerda baudelairiana, deve ser encarada de um modo frontal, mas dirá mais respeito aos da casa do que àqueles de proveniência excêntrica. Os estrategas do Estado Islâmico são porventura muito mais inteligentes do que os eurocratas ou qualquer eurodeputada que se chame Marisa Matias. Conseguiram arrestar a entrada de políticos na capital belga. Simplesmente fecharam o aeroporto de Zaventem, enquanto pacifistas europeístas descartam informação importante fornecida pelos serviços de inteligência turcos. Portugal, com Marrocos aqui tão perto, está obrigado a acautelar-se. Não sei qual o grau de superficialidade dos jornalistas da praça portuguesa, mas parecem omitir a taxa de radicalização dos marroquinos no bairro de Molenbeek, que é, como sabemos, das mais altas. No meu regresso via Barajas em Madrid, confirmei os meus piores receios. A Europa parece estar à espera que a próxima aconteça. Existe luz ao fim do túnel. Mas não é essa.

publicado às 13:13

Comprovado conluio entre ISIS e Turquia

por Pedro Quartin Graça, em 25.03.16

 

Este  é um documentário bastante elucidativo da RT que põe a nú a "verdade oficial" de Ancara e demonstra a "economia negra" que existe entre os terroristas islamitas e a Turquia. A entrada desta última na União Europeia seria, pois, a oficialização da entrada da raposa no galinheiro e lança seriíssimas dúvidas sobre a colaboração financeira da UE com os turcos.

publicado às 12:17

Tanto para tão pouco

por Nuno Gonçalo Poças, em 24.03.16

O problema dos consensos, em Durkheim, apontava a necessidade de crenças comuns por parte da sociedade ocidental, numa fase em que se acreditava que a religião já não seria capaz de as proporcionar. Os construtores do projecto federal europeu acreditaram, muito mais tarde, que essa crença comum seria o caminho de paz e de prosperidade que Maastricht prometia. A cidadania europeia daria corpo a essa crença comum. A verdade é que essa construção falhou desde sempre, na medida em que a cidadania europeia, enquanto conceito colectivo e mecanismo de construção de um povo uno, falhou. Os povos recusaram sempre alcançar uma crença comum maior do que a liberdade mínima de circulação de pessoas, bens e capitais. Recusou a Dinamarca, por referendo. Recusaram os britânicos, umas vezes mais, outras menos. De uma forma ou de outra, os eleitorados da Grécia, da Alemanha, da Hungria, de França, de Espanha também a vão recusando. A própria União Europeia esforçou-se por fomentar este cepticismo, nomeando Governos ilegítimos em Itália ou no Chipre. Falharam todos. O que finalmente uniu os europeus em torno de um projecto comum foi o terrorismo islâmico. O terrorismo que foi existindo na Europa ao longo do século XX não foi um terrorismo contra europeus. Foram vários tipos de terrorismo, fenómenos de análise individualizada, na Irlanda, em Espanha, em Itália. Este novo terrorismo, que é praticado contra um modo de vida, contra uma cultura, é que nos veio unir. Porque o medo, que é real, será sempre mais forte que quaisquer utopias. O problema agora é que parece não haver ninguém que nos socorra.

publicado às 09:45

O Islão não é uma religião de paz

por Samuel de Paiva Pires, em 23.03.16

A repetição ad nauseam de que o "Islão é uma religião de paz" não torna esta patetice numa verdade. Na realidade, nem o Islão nem o Cristianismo são pacifistas, pois estão no seu cerne as ideias de conversão, submissão e aniquilação do Outro, o que implica e implicou sempre violência, quer psicológica, quer física. Claro que para o Cristianismo o tempo das Cruzadas já lá vai e o confronto entre catolicismo e protestantismo já não tem os contornos de outrora, além de que as seitas fundamentalistas são residuais, mas para o Islão a violência continua a ser um instrumento primordial. Independentemente da crença em Deus, a religião está sujeita aos desejos e ímpetos humanos e historicamente talvez apenas o número de mortes causadas pelos totalitarismos do século XX supere o número de mortes em nome da religião.

publicado às 14:21

E agora?

por Nuno Gonçalo Poças, em 23.03.16

Estamos em guerra. É isto, não é? Estamos em guerra e ela está a travar-se cá dentro. Nos aeroportos, nos centros comerciais, nas salas de espectáculos. E dizem-nos que não podemos ter medo. Aqueles que nos prometeram paz e prosperidade para todo o sempre, que se fiaram no fim da história, pedem-nos que não tenhamos medo. É isto, não é? Dizem-nos que temos de nos habituar, que isto vai ser sempre assim, que atentados terroristas, a partir de agora, podem sempre acontecer em qualquer altura. E pedem-nos coragem. Aqueles que recusaram o choque de civilizações, que confundiram tolerância com relativismo e multiculturalismo com passividade, agora pedem-nos coragem. Pedem-nos que continuemos a viver o nosso quotidiano da mesma maneira. E nós continuamos. Encurralados em prédios sem conhecer a vizinhança. Fechados em centros comerciais, a cismar em frente às montras. Sem que pertençamos a alguma coisa. Sempre cínicos, sempre disponíveis para rir do amor dos outros, sempre a brincar com a fé dos outros. Sem crença no País e no Estado. Encurralados nos subúrbios que não são de ninguém ou nos centros onde cada um é também só de si próprio. E a assistir a uma vaga cada vez maior de gente adolescente e pós-adolescente que quer mais do que isto e que encontra mais do que isto em células terroristas, numa religião, no diabo a quatro. Com a complacência das comunidades. E pedem-nos que continuemos a assistir a isto sem medo, firmes, orgulhosos do marasmo, da falta de moral, da incapacidade de distinguir o bem do mal. Pedem-nos que nos habituemos. Porque isto vai ser sempre assim. Mas nós temos medo. Temos medo, estão a ouvir? E viramo-nos para que lado? Para quem nos pede que nos habituemos? Há quem peça aos Estados. Mas os Estados são instituições de solidariedade social, são reservas de dinheiro. E esse dinheiro já nem existe. Os Estados não têm exércitos. Mal têm polícias. E os polícias que têm, mal conseguem encher os depósitos dos carros. E os Estados decidem o quê? E como? E quando? Decidem todos juntos, sobre alguma coisa, quando não se conseguem entender sobre coisa nenhuma. Os Estados, todos juntos, dizem-nos que o mal está lá fora. Mas nós sentimos o mal cá dentro. É isto, não é? E pedem-nos coragem. Pedem-nos que continuemos a confiar e a levar a nossa vida tranquila e sem grandes crenças. Querem que continuemos a ser cínicos. Mas nós precisamos de alguém. De alguma coisa. E olhamos à volta. E temos casos de corrupção a encher a vida pública por todo o lado. Confiamos em quem, então? E continuamos a olhar à volta. E temos extremistas, uns mais loucos que outros, a ganhar terreno por todo o lado. E viramo-nos para que lado, então? Devíamos estar a confiar nalguma coisa. Nos vizinhos lá do bairro, na associação cultural, nas Forças Armadas. E devíamos estar a acreditar nalguma coisa. Em Deus, na família, na pátria. Sem complexos de fascismo, que Deus, a Pátria e a Família não são conceitos fascistas, não servem para ostracizar ou para reprimir. Servem para estabilizar. Para nos dar solidez. Mas já vamos tarde. Estamos em guerra, pá. E a guerra está a fazer-se cá dentro, ao nosso lado, por gente que podemos conhecer e de quem podemos até gostar. O nosso mundo mudou. Para pior. Acreditem que, para quem tem 30 anos e uma vida inteira à frente, isto é dramático.

publicado às 13:05

Das relações entre o Ocidente e o Islão

por Samuel de Paiva Pires, em 22.03.16

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 Samuel Huntington, The Clash of Civilizations:


Some Westerners, including President Bill Clinton, have argued that the West does not have problems with Islam but only with violent Islamist extremists. Fourteen hundred years of history demonstrate otherwise. The relations between Islam and Christianity, both Orthodox and Western, have often been stormy. Each has been the other's Other. The twentieth-century conflict between liberal democracy and Marxist-Leninism is only a fleeting and superficial historical phenomenon compared to the continuing and deeply conflictual relation between Islam and Christianity. At times, peaceful coexistence has prevailed; more often the relation has been one of intense rivalry and of varying degrees of hot war. Their "historical dynamics," John Esposito comments, "... often found the two communities in competition, and locked at times in deadly combat, for power, land, and souls." Across the centuries the fortunes of the two religions have risen and fallen in a sequence of momentous surges, pauses, and countersurges.

publicado às 14:43

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Estou mesmo desiludido. Tanta coisa nos idos de Évora e agora nada. Não há quem organize um evento de defesa de Lula na Aula Magna da Universidade de Lisboa? Não existirá modo de financiar um cartaz alusivo à forma descarada como estão a destruir o carácter do homem? O próprio Lula da Silva tem mais espírito empreendedor do que aqueles que marcaram as conferências de José Sócrates. O santo serralheiro já meteu mãos à obra e estará na manifestação pró-Dilma. Que bonito. Só tenho a acresecentar o seguinte. Mal estalou o escândalo de Lula no Brasil, os mercados encararam o evento como algo de positivo. O ETF do Brasil (ticker: EWZ) valorizou de um modo dramático (ontem fechou com ganhos na ordem dos 8%). Por outras palavras, os investidores internacionais observaram o fenómeno como sendo o início de uma "limpeza profunda" da realidade corrupta do Brasil. A partir destes factos poderemos extrapolar qual será o comportamento dos mercados em relação a Portugal quando for deduzida a acusação contra José Sócrates. Em suma, mas sem querer aconselhar caminhos de investimento, Portugal, por analogia, pode vir a beneficiar da clarificação judicial que estará implícita no processo Marquês. Afinal Sócrates ainda pode dar algumas alegrias a pequenos e grandes aforristas. É tudo por hoje. Boa noite.

publicado às 19:07

Romagem de lazer ao Kosovo

por Nuno Castelo-Branco, em 18.03.16

 

 

Parte hoje mais uma missão das F.A.P. para o Kosovo, um local mal afamado pelas razões que todos conhecem e a maioria prefere ignorar. Esperemos que desta vez impeçam crimes como aqueles facilmente identificáveis no filme que aqui fica.

Não se trata de uma missão em qualquer espaço da lusofonia. Após 1974, além de todas as bravatas jamais cumpridas, também nos prometeram que jamais as F.A.P. seriam enviadas para fora do âmbito da defesa do espaço português stricto sensu mas, condescendamos, reinterpretemos isto à luz da realidade da CPLP.

Parem de nos comprometer e em consequência, de nos envergonhar. 

publicado às 13:51

Museu Nacional Grão Vasco

por Nuno Castelo-Branco, em 16.03.16

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São sumamente divertidos os subterfúgios e "reconstruções da história" que os responsáveis por alguns sectores sempre arranjam para florear um dado acontecimento. Vem isto a propósito do centenário do Museu Nacional Grão-Vasco e das declarações hoje proferidas à RTP pelo seu diligente director.

 

Muito política e artisticamente foi dizendo que se trata de um museu da república, com um suspiro afirmando através de truque oratório, ser na sua prática totalidade constituído por bens flagrantemente roubados à igreja logo após a coisa de 1910, ou seja, algo a juntar-se aos milhares de livros antigos despedaçados, rasgados de norte a sul de Portugal e que serviram para embrulhar castanhas, enquanto outros ardiam em autos-da-fé em ruas, praças e vielas deste país. Claro que outros foram parar a colecções privadas e vão de vez em quando miraculosamente reaparecendo em leilões da especialidade para venda a bom preço.

 

Isto é transversal a todo o património, tal como o grotesco e ainda recente caso do ceptro fúnebre de D. Pedro IV, hoje no Palácio da Ajuda, é demonstrativo deste tipo de mazela nacional.

 

Roubados foram os conventos - numa antecipação daquilo que em 1975 aconteceria na Embaixada de Espanha, muitos houve que se locupletaram escandalosamente com o saque -, despedaçadas e atiradas às fornalhas foram para sempre perdidas incontáveis obras sacras em talha, ao mesmo tempo que eram em plena rua sovados  padres, esfaceladas ficaram as suas vestes talares, publicamente rapados foram os seus crânios, tal como 25, 34 ou 35 anos depois se veriam em cenas de pré e pós guerra mundial.

 

Nada de novo, entre umas resmas de Mirós, este país é mesmo um antro de gente de cultura exemplar.

publicado às 21:03

Orçamentira

por John Wolf, em 16.03.16

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As 10 orçamentiras

 

"Cada filho vale 600 euros" - filhos? A taxa de natalidade mais baixa da Europa, ok? "IMI: taxa máxima em 0,45% e desconto por filho" - por filho? A taxa de natalidade mais baixa da Europa (outra vez). E não explicam qual o rácio de descendentes por metro quadrado? 7 anões por T0 ou 4 irmãos por moradia unifamiliar. "IVA na restauração" - simpático o bife de Seitan e o pudim de Tofu. Perguntem ao chefe Silva o que pensa da brincadeira? "Apoio ao desemprego: majoração para casais e apoio extraordinário" - Lembram-se do Rendimento Social de Inserção? Pois. Isto é diferente. Vai apenas eternizar a condição de desempregado. Nem vale a pena sair da cama. "Consumo mais caro: ISP, ISV, Tabaco" - pensava que iam devolver o poder de compra ao Zé. "Taxas moderadoras descem" - é despachá-los logo na Linha Saúde 24 e evitar que se desloquem ao centro de saúde. "Funcionários públicos sem cortes" - sim, os eleitores especiais devem ser recompensados. "Aumento das pensões" - não, não são 60 cêntimos. Esses fazem falta para mais meio litro de gasóleo. "Tarifa social de água e luz" - duches às escuras acabaram. "Apoios sociais: CSI, abono de família - manuais gratuitos, mas encomendados a editoras de amigos, está bem?

 

publicado às 20:11

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 Na saga Guerra das Estrelas, episódio III, Anakin Skywalker e Obi-Wan tentam resgatar o Chanceler Palpatine, sequestrado pelo General Grievous. Depois do resgate, quando Anakin regressa a casa, Padmé, a sua mulher, conta-lhe que está grávida de um filho seu. A partir desse momento, Anakin passa a ter pesadelos relacionados com esta notícia, prevendo que Padmé morreria durante o parto. Dominado pelo medo e obcecado pelo Bem, junta-se aos Sith, seduzido pelo Lado Negro da Força. Anakin Skywalker passa, assim, a ser o famoso vilão da história do cinema Darth Vader.

Este absoluto desejo pelo Bem conduzi Anakin ao Lado Negro na medida em que ultrapassa os seus pontos de equilíbrio e ignora as barreiras do seu próprio ego e da sua moral. Foi o medo da barbárie que conduziu Anakin Skywalker a Darth Vader.

Já na trilogia Batman, de Christopher Nolan, deparamo-nos com o contrário. Bruce Wayne compreendeu a existência de limites à luta pelo Bem. Em ‘O Cavaleiro das Trevas’, o segundo da saga, face à presença do Mal absoluto, encarnado por Joker, Batman é conduzido à pergunta final: o Mal absoluto de Joker legitima ou não o poder absoluto do Bem de Batman? Bruce Wayne faz o percurso contrário ao de Anakin Skywalker e rejeitou a resposta fácil. Batman aceita o seu lugar secundário na história, aceita não ser o herói, aceita comprometer-se com a realidade e, pasme-se, aceita ainda passar pelo papel de vilão.

No último episódio, ‘O Cavaleiro das Trevas Renasce’, Alfred Pennyworth, o mordomo de Bruce Wayne começa por pedir-lhe que não faça renascer Batman. O milionário decide o contrário, mas o filme termina com um Bruce Wayne maravilhosamente transformado num ser humano que, aceitando o fim de Batman, reconhece também que o Mal é uma inevitabilidade e assente que é apenas um homem e não um herói. O fim da trilogia não é unívoco. Pode parecer que Bruce Wayne desistiu; pode parecer que Bruce Wayne se rendeu ao cinismo e à indiferença, à não distinção entre o Bem e o Mal. Não creio. No fim da trilogia de Nolan, Bruce Wayne aceita-se, conforma-se com os seus limites e presta-se a viver uma vida simples, decente e sem a aspiração ao Bem absoluto.

 Tzvetan Todorov, filósofo búlgaro radicado em França, afirmou, em ‘O medo dos bárbaros: para além do choque de civilizações’, que é o medo dos bárbaros que ameaça converter-nos em bárbaros, no sentido em que a cura pode ser muito pior que a doença. Bruce Wayne compreendeu isso. Não quer isto dizer que o Mal deixe pura e simplesmente de ser combatido. Pelo contrário. Quer dizer que o Bem ganha quando nos recentrarmos, quando soubermos que é no nosso quotidiano que ele se pratica. E quando deixarmos de tentar ser heróis. Numa época em que os dedos da acusação se apontam com tanta facilidade, era bom que a mensagem de Bruce Wayne se espalhasse. Era bom que aprendêssemos que somos falíveis – e que é por isso que precisamos de salvação. E que também precisamos que nos deixem falhar à vontade.

publicado às 14:41

Para o caralho e para a caralha

por Fernando Melro dos Santos, em 16.03.16

apercebi-me ao ler um post de pessoa face-amiga que certas criaturas, infelizmente nao vincendas, terao estipulado que um cão ou uma cana, um xisto ou uma xista, e todas as variacoes homotricopenetrofantabulares de tara urbanita valerao, desde agora e em sede de IRS, percentagem arbitraria de quanto vale uma criança humana, nao abortada nem arrumada na prateleira dos confortos restauro-hoteleiros.

juro pelas encomendas a todo o Sagrado que ja nao suporto viver no seio deste aquario saido dos pesadelos mais cronenberg-ianos. esta gente é toda louca, demente, assaz internavel. ide todos comer seixos, passear palmeiras, declarar animais e sonegar ao mundo pessoas, que é a melhor prenda dado o estado da coisa.

bardamerd@, capazes de tudo.

publicado às 13:27

McChiado

por John Wolf, em 15.03.16

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Estamos de acordo em relação ao seguinte: o mundo é plano (Thomas L. Friedman tem razão), mas como poderemos estabelecer um critério de defesa da identidade cultural de um país, quando a mesma é uma amálgama de influências e estilos? Para acabar com esta incursão de "comida rápida" teríamos de ser coerentes e excomungar outros vícios. A saber: essa nefasta praga de festivais de rock; as calças de ganga rasgadas pelas nalgas; as tatuagens e piercings de umbigo; as passadeiras vermelhas de uns globos de ouro (versão manhosa do red carpet de Hollywood); os bonés de hip-hop e os cumprimentos ritualizados que envolvem encosto de punhos e "tá-se bem"; revistas tipo Vanity Fair, mas chamadas de Cristina e afins ou os surfistas e toda a sua parafernália de moda e estilo. Enfim, o lápis vermelho não é seguramente o baton da Catarina Portas. Quando a senhora empresária decidir internacionalizar a sua "vida portuguesa" para uma rua confinante à Times Square em Nova Iorque, o que dirão os porto-riquenhos que já tomaram conta do bairro italiano? Pasta medicinal Couto?

publicado às 12:19

Sagração da Primavera

por Fernando Melro dos Santos, em 15.03.16

o putedo de esquerda, ponto um: lula, dilma e a tribo de selvagens emersos da jamba tupi lixam-se para a justica e para o eleitorado, decretando de caminho a irrelevancia dos primeiros, dos segundos e dessa coisa terciaria chamada realidade.

 

ontem gostei de ver "os imortais"; a-p vasconcelos eh um realizador de merda mas o nicolau, o unas, o almeida e a emmanuele seigner salvam aquilo tudo. boa historia, daria para muito mais se coppola ou john irving lhe pegassem. como se passou no cu do mundo (copyright socrates), nao pegaram.

 

o putedo de esquerda, ponto dois: tres socialistas (um ex-ministro da saude que num pais normal teria sido executado por milicias de rua, um nao-ente e alguem de centro-direita cuja densidade desconheco) contracenaram no pros & contras, pagos pelo mesmo erario de onde saem prebendas divanescas para os vicejantes da rtp, com o unico ser são que ali andava - plateia inclusa - jose eduardo martins. um povo que ignora estes arrobos de circo romano ou que, vendo-o, encolhe os ombros eh um povo irremediavel a quem nao deve ser dada a liberdade de mandatar o uso do poder, i.e , nao merece a democracia.

 

carthago delenda est, mas ja tarda.

publicado às 11:16

Beirut e o McDonald's do Chiado

por Nuno Gonçalo Poças, em 14.03.16

Eu sei que as cidades não se descaracterizam. Evoluem. Claro que evoluem. A pequena Lisboa do Eça já não é a pequena Lisboa do Eça. E é claro que compreendo o mercado. Que diabo, claro que compreendo, que o dinheiro é escasso. Não há aqui ironia. Eu compreendo tudo. E dá-me jeito. Claro que dá. E é claro que uma multinacional espanhola que vende calças de ganga baratas e produzidas-numa-cave-qualquer-do-Bangladesh-por-crianças-que-podiam-ser-meus-filhos-a-ganhar-meio-cêntimo-por-dia pode perfeitamente estar numa loja do Chiado. Eu gosto de calças de ganga baratas. E claro que eu gosto das coisas modernaças. Trendy, claro.  E aceito que os barbeiros tenham deixado de ser senhores e que sejam agora putos hipster cheios de estilo, com penteados retro. Eu aceito tudo. Deixo-me ir, levado pela civilização, pelo progresso, pelo futuro. Eu, um daqueles lugares comuns que acha que todos os momentos da sua vida deviam ter a companhia de uma banda sonora, tenho o problema de ouvir a banda-orquestra do Zach Condon quase todos os dias. Porque sinto naquilo que ouço um punhado de jovens-que-são-na-realidade-velhos-melancólicos a falar para um congénere seu, na contramão do mundo. Porque ouço em Beirut os abandonos e os reencontros, a esperança e a dúvida, o passado e o presente, as lembranças e os desejos. Um avanço e recuo nostálgico, a pressa de viver e a vontade de o fazer devagar. Eu sou esse lugar comum que percebe e aceita o McDonald's ao lado da Brasileira, num sítio onde já esteve uma barbearia centenária e onde cortei o cabelo meia dúzia de vezes. Sou esse lugar comum que gosta das calças baratas de uma multinacional qualquer, em sítios onde já houve lojas familiares. Sou esse lugar comum que gosta de espaços modernos com gosto, mas que não os trocava por um clássico-ainda-que-todo-badalhoco. Percebo porque me dá jeito, porque é a vida. Mas não me peçam para gostar. Não enquanto os Beirut tocarem no meu antiquado-ainda-que-aos-meus-olhos-moderníssimo leitor de MP3.

publicado às 14:16

Alemanha e o voto dos refugiados

por John Wolf, em 13.03.16

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Portugal queixa-se da sua Direita, mas a estirpe benigna da mesma deve ser louvada. Paulo Portas, definido pela Esquerda como perigoso e ultra-conservador, afinal foi um dos políticos mais moderados que a história democrática de Portugal conheceu. Mas passemos adiante. A Alemanha enfrenta perigos muito maiores, e, por arrasto, a Europa corre o risco de replicar certas tendências ideológicas. Pela primeira vez na história da Alemanha os refugiados vão "eleger" políticos, e não são uns "quaisquer". O AfD (Alternative für Deutschland), o partido mais jovem de extrema-direita, irá, nas eleições que se seguem, desferir um duro golpe no partido de Angela Merkel e nas demais forças do espectro político moderado daquele país. Putin, malentendido e subestimado, tem sido um formidável jogador europeu, um híper-realista capaz de confundir os seus adversários e lançar o caos na política de salão da União Europeia, ainda crente nas virtudes das suas instituições, mas coxa no capítulo da política externa comum (PESC) - podemos incluir os refugiados no conceito de guerra híbrida da Rússia. Se juntarmos a tudo isto umas pitadas de irreverência monetária de Mário Draghi e do Banco Central Europeu, estão reunidos os factores para uma tempestade perfeita. Os eurocratas têm sido lestos na interpretação dos genuínos desafios que se lhes apresentam. Portugal deve ter algum cuidado com aquilo que deseja. A sorte do país continental é ter apenas duas fronteiras - a do Oceano Atlântico e aquela de Espanha. Se Portugal fosse a Áustria, com as suas sete portas de entrada, não estaria a dançar o bailarico canhoto da Esquerda. Os portugueses devem agradecer a moderação e o civismo político de Paulo Portas que se encontra a milhas de distância dos monstros que estarão para nascer na vossa Europa civilizada. Não vale a pena referir o governo de António Costa e parceiros. Imaginem se o preço da gasolina fosse mais baixo nas ilhas Canárias?

publicado às 10:54

Paulo Portas e o Congresso do CDS

por Nuno Castelo-Branco, em 12.03.16

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Conheci Paulo Portas em 1980, na campanha da Aliança Democrática. Ocasionalmente participámos nas longas, por vezes divertidas, por vezes perigosas, colagens de cartazes que se iniciavam à tardinha e terminavam já raiava o dia seguinte. Salpicadas por intervalos de galhofa e devorar de bolos comprados na Praça do Chile, serviram como convívio antes do surgimento das redes sociais. Era o cara a cara de outros tempos para sempre idos. Era ele um membro avulso da JSD, enquanto eu, ainda não inscrito, aparecia pela coordenação da sede da então JPM - a organização juvenil do PPM - sediada na Rua da Escola Politécnica, elementos de uma coligação eleitoral a que se acrescentava o contigente enviado pela Juventude Centrista, vindos do largo do Caldas.  

Os contactos não foram muito além disso, mas dele retenho a palavra fluida, a graça mordaz, a precocidade e rapidez do raciocínio, a análise certeira, própria de um adulto. Teria ele uns dezassete anos e pelos jornais fui seguindo na década seguinte, a sua carreira de acérrimo adversário daquilo a que então se crismou de cavaquismo, como se de uma ideologia se tratasse. Não era ideia, era e é uma prática que preenche mandatos, sejam eles laranja ou rosa e que em si mesma trouxe o que de melhor e pior este país tem interiorizado ao longo de séculos. Trinta anos passados, ainda algumas vezes o encontrei na rua e estivesse ele com quem estivesse, a mim sempre se dirigiu, não olhando ao meu trajar e tratando-me pelo nome. Há atitudes que não se esquecem e ao Paulo Portas muito poderão alegar, salvo a sobranceria. Não precisa dela, nasceu com muitas certezas e poucas ou nenhumas dúvidas. 

Segui hoje o seu discurso de despedida e excluindo o demais, retive apenas dois pontos que me pareceram urgentes porque óbvios, embora isto à maioria obcecada com contas de mercearia e politiquice caseira que pouco ou nada têm a ver com a intemporalidade das civilizações, quase nada diga. De facto, estamos perante um confronto civilizacional.

O primeiro, possivelmente o mais urgente e indicativo de perigo iminente, é a situação em que a Europa se encontra, mercê de políticas absolutamente erradas e infamantes para as quais foi atirada por uma elite descabelada de gula e de cegueira perante realidades que em tudo a transcendem. Paulo Portas, sem sequer precisar de ir muito além - para bom entendedor a sugestão bastou -, mencionou a incontornável necessidade do entendimento europeu com russos e chineses, alargando então ao espaço atlântico, ao qual não podemos ou ousamos escapar, essa aliança que obrigatoriamente deverá enfrentar um inimigo comum, infernal, impiedoso, brutal e que aproveitando aquilo que julga ser a nossa fraqueza ditada pelo liberalismo politicamente correcto, arde de delírios de há muito fanada grandeza postiça e assassina. Neste âmbito, a viagem inaugural do mandato de Marcelo Rebelo de Sousa quererá inequivocamente  marcar uma posição que contradiz toda a tralha que o costismo de há cem anos eterniza: separação entre o Estado e a Igreja, sim, definitivamente sim, mas...

O segundo, talvez aquele que mais directamente nos diga respeito, é a relação com Angola, hoje mediaticamente posta em causa devido aos erros que de longe vêm e que por única e exclusiva culpa da antiga Metrópole, permitiram a ascensão ao poder de um núcleo de mandantes que o exercício da realpolitik deve hoje apresentar-nos como os necessários interlocutores, eles mesmos num processo de transição inexorável.

A portugalidade vai muito além de bandeiras, hinos, regimes, favoritismos de partido e personalidades. É algo entranhado que galga séculos e esbate tonalidades de pele, o inexplicável sentimento de pertença a um devir comum que não conhece fronteiras ou passageiras ideologias. Há quem ilusoriamente julgue poder substituir isto pelo interesse geral do mercado global. Não é assim,  desenganem-se, pois temos a certeza de que do PC ao CDS, aquele sentimento de pertença é comum. Tudo o mais é questionável e fica o que interessa.

Digam o que disserem, obrigado, Paulo Portas. 

publicado às 16:52

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