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Só vejo UBERs à minha frente

por John Wolf, em 30.04.16

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Muito obrigado. Passei a ver UBERs em tudo e mais alguma coisa. No jornalismo - a realidade não pertence aos media nem aos repórteres. Na imperial - a cerveja à temperatura certa a 50 cêntimos mesmo ao lado do Mercado da Ribeira. Nos cabeleireiros - o mesmo corte, a mesma permanente, e mais qualidade a um preço razoável. Nas oficinas de reparação automóvel - com as mesmas garantias e a um terço do preço. Nos serviços de advocacia - o mesmo processo, a mesma lei e os honorários conforme o desfecho jurídico. Nas telecomunicações - o custo de roaming a desaparecer. Enfim, UBER existe desde sempre. Desde Adam Smith. Desde a teoria das vantagens comparativas. O país que descobriu o mundo, que navegou mares desconhecidos e trouxe prata e marfim, ouro e especiarias, é o mesmo que inventou a UBER. Quando Portugal se fez aos mares alterou por completo a estrutura da economia mundial, dinamitou as relações laborais e volvidos séculos continua a encher o peito dos portugueses com um sentido de orgulho muitas vezes questionável, contraproducente. Fizeram a revolução há 42 anos? Pois bem. Foi para isto mesmo. Para que o espírito empreendedor se pudesse libertar. Quem não entende o que está em causa não entende o processo civilizacional. O de Elias ou de outro qualquer.

publicado às 07:18

O Rei do Kebab

por João Almeida Amaral, em 29.04.16

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O grande Mustafa , Rei do Kebab da D. Luís I em Lisboa, deu uma lição a um grupo de marginais africanos, que queriam destruir a sua loja. Como Rei do Kebab o curdo deu-lhes uma tareia que tão cedo não esquecem. Eis como um curdo sozinho repele um punhado de marginais africanos ou pretos como lhes queiram chamar. ( a imprensa classifica-os de jovens)

Por mim e pelo direito de não sermos ameaçados por quem vive de subsídios e golpes, já lá fui cumprimentar Mustafa o trabalhador curdo, que não se deixou intimidar. 

Vale a pena ir ao Rei do Kebab na D.Luís I

publicado às 14:54

António Costa entre o UBER e o PEC

por John Wolf, em 28.04.16

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A política e os mercados têm tanto em comum. Mas uma máxima em particular aplica-se sem reservas. Por mais que queiram insistir no contrário, a verdade é que não existem lugares cativos - a não ser que se trate de uma ditadura. O governo de António Costa e os taxistas partilham a mesma cultura da intangibilidade. Julgam que existe uma estância que não pode ser tocada, um património ideológico sagrado, uma faixa de rodagem inviolável. Contudo, essas intenções estão sujeitas às considerações e às preferências dos cidadãos. No mercado quem concede os selos de aprovação são os consumidores, e na política quem diz que sim são os destinatários finais de decisões governativas. O ponto de equilíbrio resulta da fricção entre o deve e o haver, a procura e a oferta, a qualidade ou a ausência da mesma. Amanhã o protesto dos taxistas irá subtrair receitas à economia nacional. Milhares de cidadãos que não fazem parte desta guerra sofrerão as consequências de um pequeno sector da textura produtiva nacional. O que irá suceder quando a UBER for substituída por veículos sem condutor? Será que a UBER tornar-se-á num arruaceiro? Será que ainda não perceberam que o cliente pode não ter sempre razão, mas que neste caso exprime inequivocamente que deseja algo diferente  - mais qualidade? Os taxistas devem continuar a existir, mas agora a fasquia está mais elevada. E amanhã não sei se ganharão mais adeptos. Parece que será mais um tiro que sai pelo escape. Estou a falar do PEC, naturalmente.

publicado às 19:11

Quando chegares à Velha Europa, amor

por Nuno Gonçalo Poças, em 28.04.16

Praga, Abril de 2016. Uma das cidades europeias que menos danos sofreu durante as duas Guerras Mundiais, grande centro cultural do Velho Continente, terra de Kafka e de Dvorák, postal de arquitectura conservadora, resiste imóvel e impávida ao frio primaveril e ao vento que sopra forte nos edifícios. Os turistas passeiam, fotografam o relógio astronómico sem especiais cuidados com carteiristas, insignificantes delinquentes num País que vive a paz e o cosmopolitismo europeu. De repente, um quiosque improvisado ostenta bandeiras da Ucrânia e da NATO, caricaturas de Vladimir Putin e frases que são bombas-relógio. "Putin, hands off Ukraine". "Putin is the Devil". Os rostos dos manifestantes não são pacíficos. O Secretário-Geral da NATO, depois de reunir com representantes da Rússia, anunciava o caminho feliz das negociações: há esperança num futuro pacífico. Nas ruas da Europa Central, fora dos circuitos turísticos, sente-se o contrário. Sente-se o fio de pólvora. E da paz podre.

Enquanto os líderes europeus negoceiam, os povos falam como podem. Como em 1991. Há 25 anos, enquanto os líderes da Europa comunitária se sentavam para elaborar o Tratado de Maastricht, rebentava a luta pela independência na Eslovénia e na Croácia. E o Tratado que anunciava paz e prosperidade para todo o sempre na Europa acabaria por ser assinado no ano seguinte, de braço dado com o início da guerra na Bósnia. Passados 25 anos, a União Europeia não tem mãos a medir com tantas crises. A moeda única, os refugiados, a Síria, a Ucrânia e a omnipresente Rússia, a quem o Velho Continente ofereceu um gás metafórico em 2008, na Geórgia. A união da União, por outro lado, vai sendo ameaçada pelo Reino Unido, mas permanece. Mas Espanha tem a Catalunha. E a Bélgica, pacemaker das Comunidades, vive permanentemente sob a ameaça da secessão. A unidade europeia assegura-se pelo paradoxo que é ter medo do passado e amnésia.

A União Europeia, Nobel da Paz em 2012, anuncia-se como o garante da paz e da estabilidade no Continente, um papel assumido desde 1992, conquistado graças à queda da União Soviética e ao desinteresse americano, e perdido em 2008, graças aos conflitos na Ossétia do Sul e à crise financeira internacional. E os europeus do pós-Segunda Guerra, em negação, vão acreditando na resolução dos problemas. No regresso do crescimento económico, na resolução dos conflitos militares e migratórios que temos por temporários. E continuam a fingir que a Alemanha tem capacidade para manter a União.

Em 2016, em Praga como em Kiev ou em Sarajevo, a Europa aquece, num lume brando que nos vai fazendo ferver. Até ao dia em que Franz Ferdinand deixe de ser só uma banda charmosa de escoceses para passar a ser o nome do arquiduque assassinado em 1914 que devemos relembrar. Até ao dia em que a Alemanha entre na sua própria crise económica. Até ao dia em que os conflitos internos dos Estados-membros se tornem mais do que referendos. Até lá, Barack Obama vai pedindo à Europa que permaneça "forte e unida", como um tonto pede a um careca que se penteie.

Quando chegares à Velha Europa, amor, tira uma foto com um bom compositor, como na canção. É o que podemos ir fazendo para manter as aparências.

 

publicado às 16:10

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O Plano de Estabilidade e Crescimento (PEC) * apresentado a Bruxelas não traz um asterisco e uma nota de rodapé com as palavras de Catarina Martins - "Dijsselbloem é o ministro da Offshore da Europa". Mas o PEC não é tímido na requisição de fundos e na proposta de medidas que ficarão aquém do exigido para cumprir as metas orçamentais. Podemos concluir que as declarações de Catarina Martins servem o interesse nacional? Não me parece que sirvam para grande coisa. Para cada palavra de insulto dirigida a quem dá o pão para a boca, certamente que haverá bastantes mais que poderão fluir no sentido inverso - directamente para o governo de Portugal. António Costa e o Presidente da República Portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa falam de consensos, unidade, o chão comum, o fim da época continuada de campanhas eleitorais, mas Catarina Martins, algo limitada intelectualmente, puxa para o seu lado. A sua demarcação rebelde, no entanto, revela outras consternações. Informa-nos o Bloco de Esquerda (BE) que já pressente a inevitabilidade de mais um resgate. Enquanto que na Áustria a falência dos socialistas na última década conduziu aos mais recentes resultados da extrema-direita nas primárias das presidenciais daquele país, a Esquerda portuguesa, encarnada pelo BE, também se prepara para descalabros no seu próprio campo ideológico. Catarina Martins crava a sua demarcação em relação ao governo nas costas da execução de medidas que certamente serão impostas por Bruxelas. A discussão em torno da obsessão de Bruxelas pela despesa tem razão de ser. O dinheiro é deles. O dinheiro é dessa offshore holandesa. O dinheiro é dos alemães. E já agora, o dinheiro também é dos gregos. Catarina Martins navega nestas águas de considerandos, mas esquece qual a bandeira financeira do seu pavilhão. Portugal não é sua pátria.

 

publicado às 10:06

Entrevista de D. Duarte ao jornal El Español

por Nuno Castelo-Branco, em 25.04.16

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Don Duarte Pío, duque de Braganza y pretendiente al extinto trono de Portugal, está de enhorabuena. El pasado lunes el primer ministro de la República, el socialista António Costa, firmó la ley que restablece los cuatro días festivos suprimidos por el anterior Gobierno del conservador Pedro Passos Coelho. Por primera vez desde 2013, este año los lusos podrán disfrutar del Corpus, el Día de la República (5 de octubre), el de Todos los Santos, y el Día de la Restauración Portuguesa (1 de diciembre).

La reposición de éste último es de especial importancia para el noble, ya que conmemora un triunfo tanto nacional como familiar: el de su antepasado directo, el rey João IV, sobre los ocupantes españoles, poniendo fin a la Unión Ibérica que mantuvo a Portugal como parte de la Corona española entre 1580 y 1640.

 

“Es un gran día que debe ser celebrado por todos los portugueses, sean republicanos o monárquicos. Ya he felicitado al primer ministro personalmente”, afirma el duque, la cara más visible de la campaña a favor del restablecimiento de los mismos.

El Reino de Portugal terminó hace 116 años al ser proclamada la república, pero el actual jefe de la familia real, don Duarte Pío, mantiene un papel activo en la actualidad lusa. A través de la Fundación Don Manuel II –que lleva el nombre de su tío abuelo, el último rey de la dinastía de los Braganza– participa en actividades de apoyo social para los más desfavorecidos, iniciativas culturales y, a título personal, ayuda al Gobierno en ciertas mediaciones internacionales.

El duque acepta que, probablemente, no verá la restauración de la monarquía durante su vida –“apenas un 29% de la población apuesta por ello”–, factor que achaca a un problema léxico. “Los portugueses rechazan la monarquía porque no entienden lo que es; asocian ‘democracia’ con ‘república’, tanto que algunos creen que España es una república aun sabiendo perfectamente que Felipe VI es el rey. Los únicos que consiguen esquivar ese muro son los jóvenes, que son más abiertos a nuevas ideas”.


El pretendiente al extinto trono de Portugal asume que él ya no lo ocupará. Enric Vives-Rubio

El pretendiente no se resiste a señalar las ventajas de un régimen político más parecido al de la vecina España, con cuya familia real mantiene lazos estrechos –se ve con las infantas Margaritas y Pilar (hermanas de Juan Carlos I) con cierta frecuencia, y con el Rey emérito cuando pasa por Estoril–.  Adora España: visita Galicia a menudo, y confiesa ser fan de las series Hispania e Isabel.

Desde su despacho en la sede de la Fundación, decorado con tapices con el escudo de las armas reales y retratos de sus ilustres antepasados, el noble recibe a EL ESPAÑOL y explica por qué considera que los Estados modernos pueden funcionar mejor si cuentan con “la fuerza neutra de un rey constitucional”.

Los alcaldes del Partido Comunista tienden a ser los más entusiastas con mi asistencia a conmemoraciones históricas en sus municipios

¿Cuáles son sus funciones como jefe de la Casa de Braganza?

Estoy al servicio de los portugueses. A través de la Fundación intento ayudar a los ciudadanos más desprotegidos, especialmente en el interior del país, que está muy ignorado por los políticos ya que esas zonas tienen poco peso electoral.

Financiamos programas de enseñanza práctica para la comunidad gitana lusa, y actividades culturales en nuestras antiguas posesiones de ultramar, o donde hay grandes comunidades de emigrados: en Luxemburgo, Estados Unidos, Canadá… A nivel personal, acudo a conmemoraciones históricas a petición de las corporaciones municipales. ¡Curiosamente, los alcaldes del Partido Comunista tienden a ser los más entusiastas!

Desde el pasado diciembre Portugal tiene un Gobierno minoritario socialista. Muchos temen por la estabilidad de la alianza de izquierdas a largo plazo. ¿Cómo valora la situación política?

Es surrealista. Los ejecutivos minoritarios están sujetos a las divergencias que puedan surgir entre socios, y eso hace que la situación sea delicada. Pese a ello, quiero pensar que las cosas saldrán bien, pues los portugueses siempre hemos sido capaces de adaptarnos a situaciones críticas.

¿Tiene buena opinión de los políticos lusos?

Francamente, sí. Los políticos portugueses están haciendo un enorme esfuerzo dentro de una situación extremadamente difícil. Conozco al nuevo presidente de la república y al primer ministro, y sé que son personas de gran capacidad. Pero mi crítica con los políticos es siempre la misma: son excesivamente susceptibles a sus ideologías.

Tengo muchos amigos comunistas y son personas excepcionales, pero tienen sus visiones condicionadas por una carga ideológica muy fuerte. Y lo mismo pasa por el otro lado, con el liberalismo. Invocan a Keynes, dicen que la libertad del mercado crea prosperidad, y que aumentar salarios aumenta la economía nacional. Se olvidan de que Keynes está desactualizado: vivía en un mundo con aduanas, donde el dinero no circulaba. Hoy en día si el Estado invierte en la economía portuguesa, ese dinero se da a la fuga y nos quedamos sólo con la deuda.

El euro es un sistema deshumanizado que va contra la naturaleza

¿Apostaría por otro tipo de sistema económico?

Abogo por la doctrina social de la Iglesia. La economía tiene que estar al servicio de las personas, y no lo contrario. Gran parte del problema es que el Estado tiene que dejar de intentar controlar todos los recursos, pues es evidente que no sabe hacerlo eficientemente. Los impuestos actuales son excesivos, y los servicios sociales insuficientes. Son sistemas deshumanizados, como el del euro.

¿Considera que Portugal debe salir de la eurozona?

El euro es una cosa que va contra la naturaleza. Es una locura pensar que la economía portuguesa pueda competir al mismo nivel que la alemana, y sin embargo ahora mismo operamos con una divisa germana. Yo me manifesté en contra en su momento, junto a los economistas que auguraron que esto sería un desastre, pero los políticos insistieron que se trataba de un proyecto político y se tenía que hacer.


Don Duarte Pío cree en un modelo de confederación como el suizo para la UE. Enric Vives-Rubio

¿Se considera europeísta?

Absolutamente, pero de otro tipo de Unión Europa. La actual quiere homogeneizar todo y quitar los elementos nacionales, la cultura propia que enriquece a los pueblos; no me sorprende que los ingleses se sientan amenazados. Al igual que mi primo, el fallecido archiduque Otto de Habsburgo, que fue uno de los padres de la Unión y un eurodiputado durante mucho tiempo.

Yo creo que debemos seguir el modelo de la Confederación Helvética –o sea, Suiza–. Se tienen que respetar las diferencias, no intentar borrarlas. En algunos países las monarquías por lo menos suavizan esta situación, porque aunque se haya perdido mucho ante la Unión, los reyes son la representación viva de la patria.

¿La representación nacional exige un comportamiento ejemplar?

Siempre es preferible que sea así, pero los reyes son personas humanas, con todos sus defectos. Los pueblos generalmente saben diferenciar los problemas personales y sus actuaciones políticas. Pero los reyes tienen que ser ejemplares.

El juicio del caso Nóos favorecerá a la imagen de la familia real

¿Cómo valora la forma en la que se está tratando el caso Nóos en España?

Es un drama, tanto para la familia real como para la gente que la apoya. Las familias reales son familias normales, con la diferencia de que tienen el deber de ser ejemplares. Creo que Felipe IV ha tomado una posición clara a este respecto, evitando interferir con el trabajo de la Justicia. Es una situación dolorosa, pero si ella [en referencia a Cristina de Borbón] lo hizo, tendrá que pagar por ello.

¿Cree que el juicio dañará la imagen de la familia real?

Al contrario, creo que le favorece. Este juicio muestra que la monarquía es lo suficientemente sólida como para que la familia real no esté ‘abrigada’ por la Justicia. En muchas repúblicas los presidentes son pillados en situaciones ilegales y consiguen evitar consecuencias legales. En Francia muchos presidentes han estado implicados en ilegalidades, pero nunca han ido a la cárcel; todo indica que uno de ellos incluso se vuelva a presentar en los próximos comicios [en alusión a Nicolas Sarkozy].

En Brasil vemos lo mismo. Aquí hay señales de que [el ex primer ministro, José] Sócrates hizo algo, pero nadie cree que será condenado por ello. Y más que injusto es inmoral. Las repúblicas saben que son frágiles y por eso evitan meter a sus presidentes en la cárcel, para evitar inestabilidad. Las monarquías tienden a ser más éticas.

En las monarquías del norte de Europa las comisiones anticorrupción son nombradas por iniciativa real y son infinitamente más efectivas

Sin embargo, una de las principales preocupaciones de los ciudadanos del Reino de España es la corrupción…

El Rey necesitaría tener más poder para nombrar entidades independientes para investigar la corrupción; cuando el propio Gobierno elige quién le investiga, no debe sorprender que la corrupción sea endémica. En las monarquías del norte de Europa las comisiones anticorrupción son nombradas por iniciativa real y son infinitamente más efectivas, porque son neutras.

En Portugal hemos tenido presidentes muy partidarios. No se entiende que en un partido de fútbol el árbitro sea claramente favorable a uno de los equipos, e igualmente no se entiende en un Estado. Incluso en Marruecos el rey es visto como un garante de la independencia del Estado.

Los reyes son figuras que unifican, como se ve en Bélgica –donde se dice que el único belga en esa tierra de flamencos y valones es el propio rey–, o como era el caso con el emperador austro- húngaro, que logró unir a pueblos que se detestaban hasta la desgraciada Primera Guerra Mundial.

La solución al problema catalán y vasco es crear un estatuto de reino unido

Pero en España la figura del rey no parece sofocar el movimiento independentista en Cataluña…

El tema se ha manejado mal. La solución al problema catalán es crear un estatuto de reino unido, tanto para Cataluña como para el País Vasco. Es evidente que son naciones, y eso se debe reconocer, pero ofreciéndoles un lugar dentro de un “Reino Unido de España”, como hicieron los británicos y los holandeses, con sus respectivos Gobiernos, pero con un rey y unas fuerzas armadas comunes. La separación radical sería traumática, especialmente para los catalanes.

Hay algunos catalanes que apuntan a la independencia de Portugal como un ejemplo a seguir.

La Unión Ibérica de Portugal y España sólo duró 60 años, y Cataluña es parte de España desde hace siglos. La interpenetración es mucho más profunda que la que tuvimos nosotros, e incluso así la separación de España y Portugal fue traumática.

Un antepasado de mi mujer era el gobernador de Madeira cuando declaramos la independencia de España, y él tuvo que elegir entre mantenerse leal a su patria o tomar el partido por su esposa portuguesa. Ganó el amor –y por eso Madeira es portuguesa hoy en día– pero fue una decisión traumática igualmente.


Don Duarte Pío medió al inicio del conflicto en Siria en 2011. 

Además de dirigir la Fundación Don Manuel II, usted es conocido por sus mediaciones en conflictos internacionales.

Intento ayudar en lo que pueda. Mi técnica es simple: se basa en crear empatía y confianza con las personas que trato, para que sepan que soy un actor neutro en el asunto.

En Timor, donde medié entre los independentistas y el Gobierno de Indonesia, funcionó muy bien, y el presidente indonesio aceptó que los timorenses decidieran su futuro. En Siria también lo intenté.

Fue muy criticado por ello.

Sí, en los medios portugueses. Cuando fui [como parte de una delegación europea en 2011] me reuní con el presidente [Bashar] al Asad –que conozco desde sus días de estudiante de oftalmología en Londres– y los partidos de la oposición. Hice una propuesta de paz que fue aceptada por él y por parte de la oposición, con el fin de crear un gobierno de unidad nacional hasta poderse celebrar unas elecciones.

La parte que no aceptó fue Al Qaeda, y la gente que ahora forma parte del Estado Islámico. Y por eso no salió aquello. En Portugal se me criticó por hacer elogios al presidente sirio en una rueda de prensa, pero es obvio que si no hubiese hecho eso nunca me hubiera dado su confianza. Para mediar es necesario entenderse con ambas partes.

Reagan me animó a presentarme a presidente de la república. Decía que sus informaciones aseguraban que ganaría

Pese a ello, disfruta de cierta popularidad en Portugal. ¿Nunca consideró presentarse a las elecciones dentro del régimen republicano, tal y como hizo su familiar Otto de Habsburgo en Austria?

Hace unas décadas el presidente estadounidense Ronald Reagan me animó a que lo hiciera. Decía que manejaba información sobre que si me presentaba a la presidencia de la república, ganaría. Pero no puedo hacer eso.

Primero, sería una traición a los monárquicos. Y además sería poco honesto con la propia república, pues no puedo ocupar un cargo y luego hacer todo lo posible para que deje de existir.

Usted acepta que no verá la restauración de la monarquía durante su vida. ¿Está educando a su hijo para que sea rey algún día?

Estoy preparando a mi hijo para que esté al servicio de Portugal. Su deber, y el deber de mi familia siempre ha sido servir a esta nación. Algunos lo han hecho mejor o peor –creo, por ejemplo, que mi antepasado el rey Manuel I cometió un error terrible al promulgar la expulsión de los judíos bajo presión de los reyes de Castilla en el medievo–, pero por lo general mi familia siempre ha servido a los portugueses, y lo ha hecho bien. Y así lo seguiremos haciendo, sea cual sea el régimen nacional.  

publicado às 18:06

Tributo a Prince

por John Wolf, em 21.04.16

Crónica publicada pela revista Maxim (todos os direitos reservados) - Prince em Lisboa, Agosto 2013

 

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Quem teve o privilégio de assistir ao concerto de Prince, e a sua banda 3rdeyegirl no Sábado passado, foi contemplado com a genialidade de um dos maiores compositores e guitarristas de todos os tempos. O que interessa o atraso de 45 minutos?

O público que encheu a sala por completo, veio ao engano, mas saiu rendido. Prince, independente nas suas escolhas, mas profícuo na reinvenção dos seus estilos musicais, purgou a sua apresentação de todos os clichés que a audiência estática estava à espera. A expressão funky-soul-rhythm and blues foi preterida e substituída por uma abordagem metalista de rock puro e duro. Em palco, as secções de metais e sopro, os backing vocals, os teclados de acompanhamento ficaram em casa e deram lugar a uma banda de garagem crua e nua - à moda antiga.

As várias gerações de espectadores presentes na sala parecem terem parado no tempo (deixaram-se ficar pelos anos 80 e 90), e apenas aqueles profundos conhecedores da obra de Prince Rogers Nelson não se quedaram nas suas convicções musicais porque sabem que a revolução musical é o que define este grande artista, um visionário que decerto já estará a preparar o próximo ciclo criativo. Um bom número de jornalistas que relatou o concerto épico esqueceu-se de referir algumas dimensões do espetáculo. O Coliseu dos Recreios não é uma sala de referência em termos acústicos. É um palco concebido há muitos anos para outros fins que não os musicais. Os profissionais sabem-no e para evitar que as sonoridades sejam engolidas pelos nichos e galerias do antigo circo, os técnicos da mesa de mistura optam quase sempre por bombardear a sala com níveis de áudio acima do expectável. No entanto, essa opção não comprometeu a qualidade musical do espetáculo fortemente alicerçado nas guitarras eléctricas do prodígio de Minneapolis e da nova estrela Donna Grantis – mais uma protegida do génio.

Na guitarra baixo Ida Nielsen excedeu-se e nunca ficou na sombra de grandes como Larry Graham, que Prince havia resgatado de Sly and the Family Stone para outras andanças musicais e tournées. A baterista Hannah Ford manteve a consistência rítmica a um nível absolutamente avassalador – é uma Sheila E. de cor branca metalizada, sem expressão latina na percussão porque desta vez não era para aqui chamada. Voltando à questão da sala – o Coliseu dos Recreios foi o parceiro menor de uma noite de sonho, mas este grande artista nunca se queixa da ferramenta, e sai sempre por cima – sujeitou a pobre arquitetura do espaço à sua superioridade e talento. O alinhamento ácido de cordas e a virtuosidade da noite abriram com uma versão menos swingada de Let ́s go Crazy do álbum Purple Rain (1984), e ao longo da noite fabulosamente mesclada pela banda 3rdeyegirl , Prince viajou pelos temas que melhor encarnam a sua doutrina mais próxima da guitarra lendária de Hendrix ou Gary Moore. Eu sei que as comparações não são para aqui chamadas, mas no pedestal da magnitude de riffs e acordes eléctricos, Prince está lá em cima, senão no topo.

Na carteira musical e oficial de discos editados, Prince tem muito por onde escolher. De 1978 a 2013 há muita cereja melódica para saborear. Um tema precoce de Prince que remonta a 1979 (extraído do seu segundo álbum de originais de seu nome Prince) é o hino à guitarra eléctrica – Bambi. Muito poucos do público reconheceram esse DNA de há largos anos e receberam o tema como se de um original se tratasse – maravilhosa a frescura de um tema com mais de vinte anos. Seguiram-se mais "lados B", que, de um modo geral, tinham sido ignorados pela audiência ainda hipnotizada por canções que não constaram no repertório da noite. Em vez do glamour de Kiss, Pop life ou Raspberry Beret, a noite foi assaltada por canções como Endorphinmachine, the Max, FixUrlifeUp ou the Love we make. Da caixa de ferramentas da noite, Prince não podia deixar de fora a sua mais recente bandeira – Screwdriver. A partitura foi concebida de um modo continuum sem pausas, mas com pontes musicais pontuadas pelo maestro incondicional da perfeição. Muito, mas mesmo muito trabalho está por detrás destes arranjos para simples gozo do público. Always in my hair, com a sua forte carga sexual, também esteve presente em versão hard-rock-café. Quando todos se preparavam para apenas um encore de remate, Prince entra na onda (ou não sai dela!) e arrasta para o palco contemplados da noite para um delírio dançante inaugurado com Hot Thing do álbum Sign O ́Times de 1987.

Nas passagens de uma época musical para outra Prince serviu-se da prata da casa. De um modo subtil, lá estavam algumas frases do Black Album de 1988 (a edição clandestina desse ano) como Superfunkycalifragisexy. O homem- guitarra quis também demonstrar que é um baixista de primeira água e por uns breves instantes roubou o instrumento à Ida Nielsen para seguir devolver a guitarra baixo ainda a arder notas. Nas teclas Prince agraciou a velha guarda do público com amigos de longa data; Nothing compares to you (de sua autoria) fez vibrar os nostálgicos, para encadear logo e sem demoras a peça final - Purple Rain. O artista norte-americano foi especialmente generoso para com Portugal, que aliás foi o mote da noite inteira, com uma referencia sentida à ninfa Ana Moura que ele coroou como "Queen of Portugal" (Take care of her, I love her). Mas havia ainda uma outra mensagem subliminar na poética religiosa de Prince; o Gospel do amor esteve presente no coliseu com a repetição do refrão de amor fraternal: Love one another. Love one another.

Prince materializou a sua empatia em relação a um povo que atravessa um momento difícil. A mensagem de Prince, qual espiritual negro e branco, serviu para levantar os ânimos de perto de 4000 espectadores que esqueceram as agruras da vida durante duas horas e meia de magia. Assisti a uma noite épica em Lisboa. Recebi doses de luxo musical como nunca antes. Obrigado, Prince.

publicado às 22:54

Não passam cartão a Catarina Martins

por John Wolf, em 21.04.16

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Sempre achei de grande utilidade o Partido Comunista Português (PCP), muito mais do que o seu derivado com aditivos pseudo-intelectuais - o Bloco de Esquerda (BE). Quer se concorde com o PCP ou não, temos de dar a mão à palmatória. Esse partido da Esquerda ortodoxa é igual a si. Não aprecia grandes mudanças de guião. O PCP faz lembrar o McDonald´s - um Big Mac é sempre um Big Mac. A Catarina Martins enganou-se no verbo, no género, no predicado, enfim, desbaratou uma imensa cartilha de imprescindíveis. Acordou um belo dia e pensou para com os seus botões de rosa: o que faz falta a Portugal? Ninguém me passa cartão. Boa ideia, isso mesmo. Cartão, cartolina. Motivo de chacota, dispensável. Vamos embora, venham de lá essa medidas de consolidação que não distinguem o género de austeridade. Jorge Machado, do PCP, deu-lhe com o martelo.

publicado às 16:22

Um resumo do pensamento político de Edmund Burke

por Samuel de Paiva Pires, em 20.04.16

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 Peter Berkowitz, "Debate Club":

Burke’s thinking is informed by an opinion about nature very different from Paine’s conception of solitary and asocial man. For Burke, man is by nature a social animal: Human beings are always living in a complex web of relations to other human beings and bound by obligations that tie each individual not only to the living but also to the dead and those not yet born. Political society does not derive its legitimacy from consent but rather from its ability to satisfy human needs. Individual liberty may be the highest need satisfied by politics, but satisfying it does not consist primarily in the enumeration of rights but in respecting duties, exercising restraint, maintaining soundly structured institutions, and adjusting laws to the habits, sentiments, and passions of the people. Political analysis is led astray by the search for abstract principles of reason; it should rely instead on study of “the history and character of one’s own society.” Principles of justice are embedded in long-standing practices and traditions, discerned on the basis of experience, and implemented by prudence or practical judgment. Since “change is the most powerful law of nature,” statesmen must constantly adjust, balance, and calibrate, crafting reforms that proceed gradually, incrementally, and in keeping with the spirit of the people and the principles that have served them well. While Burke believed in human equality, he thought that preparation for the hard task of governing required the kind of leisure and education typical of a natural aristocracy within a free society. Because of the limits of human reason—both its inability to resolve the deepest philosophical issues and its weakness in directing the passions and disciplining the imagination—a large role in political life must be reserved for “prescription,” or the presumption in favor of the long-standing institutions of civil society, particularly family and faith, that mold morals. Political parties “must ever exist in a free country” since citizens uniting around their favored principles is the best way to nurture the variety of principles on which freedom depends. Revolution of the sort seen in France is always wrong; it undermines the freedom in whose name it is undertaken by destroying the manners, mores, and attachments that restrain the human lust for power.

publicado às 09:00

Não invocarás a democracia em vão

por Samuel de Paiva Pires, em 19.04.16

Enquanto no Brasil os deputados que votaram no processo de impeachment de Dilma não se fartaram de invocar Deus para justificar o seu sentido de voto, por cá, à esquerda e à direita, há quem defenda e critique Dilma e invoque, de um lado e do outro, a defesa da democracia. Já vai sendo hábito ver a democracia invocada em vão por tudo e por nada, servindo instrumentalmente para defender algo e o seu contrário. Um crash course em teoria da democracia não faria mal a muita gente cá do burgo. Podiam começar por estes dois manuais bem pedagógicos.

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publicado às 19:36

Impostos emigrados de regresso a Portugal

por John Wolf, em 19.04.16

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Quantos portugueses emigraram? Não me refiro à vaga dos últimos 3 anos. Quantos portugueses efectivamente emigraram e vivem há décadas lá fora? 5 milhões? 6 milhões? Sei que em New Bedford, nos EUA, há perto de 400.000 portugueses. Mas há mais, muitos mais, espalhados por esse mundo. Não sei se estão a ver onde quero chegar. António Costa, à falta de receitas domésticas, com a torneira do dinheiro fácil do BCE a apertar, o orçamento a dar para o torto, e a economia a estagnar, é óbvio que assine de cruz a nova modalidade que aí vem. Uma coisa são offshores, outra coisa será tributar rendimentos de portugueses no estrangeiro. Não é nada que me espante. Tenho uma opinião esclarecida e cumpridora em relação à matéria. Os norte-americanos, onde quer que se encontrem e trabalhem, são obrigados a declarar rendimentos à Autoridade Tributária dos EUA. Há aqui um filão interessante a explorar pela autoridade tributária portuguesa. Ele é contas de enfermeiros portugueses no Reino Unido. Ele é contas de técnicos informáticos portugueses na Alemanha. Ele é contas de arquitectos portugueses na Bélgica. Enfim, a oferta é grande e diversificada. Vai ser um festival. Quando se refere o controlo das contas no estrangeiro não são apenas aquelas dos portugueses. São as de todos, ou de quase todos, nessa lógica recíproca e multilateral. Queriam a União Europeia? Pois bem. Agora terão a União Tributária, sem ser uma União Fiscal. Agora terão multilateralismo, sem haver uma ideia sequer de um mecanismo comum de segurança social europeu. Agora, como sempre, será oportunismo fiscal. Deitar a mão aos rendimentos gerados por trabalhadores nacionais que se encontram noutras paragens. Pensem nisto. Eu já penso nisto há décadas. Está a acontecer. Já não há para onde fugir. Impostos. Por essa razão assim se chamam. Até os gatos percebem.

publicado às 11:33

Quando a arrogante desfaçatez é ilimitada

por Nuno Castelo-Branco, em 19.04.16

 

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Uma das primeiras medidas do governo Costa (Afonso), foi a do confisco das propriedades da Casa de Bragança, incluindo estes os bens pessoais de D. Manuel II, de D. Amélia, de D. Maria Pia e do infante D. Afonso Henriques e os patrimoniais que faziam parte do único morgadio existente e constitucionalmente consagrado no país. 

Os ingleses ficaram furiosos e enviaram uma seca mensagem ao governo do dito Costa (Afonso), avisando-o de que não aceitariam tal coisa, não se ralando minimamente em esticar o tempo e à inglesa deixar o "novo regime" empastelar meses a fio sem o urgente reconhecimento internacional. Há que não esquecer que naquela época Portugal não estava reduzido à sua actual e mais ínfima dimensão, contando com um Ultramar que seria facilmente ocupado pelas potências com quem tínhamos relações. Como seria normal, não sendo a república reconhecida por um único Estado, os navios portugueses eram obrigados a deixar os portos nacionais com a flâmula inspirada no pano da carbonária - o que ainda temos como bandeira nacional - e passadas as águas territoriais, logo hasteavam a bandeira azul e branca, impedindo assim serem considerados navios piratas ou algo do género. Muito mais tarde, na Paris mergulhada na Primeira Guerra Mundial, em 1916 João Chagas veria com choque e espanto a antiga bandeira esvoaçando nos principais hotéis da capital francesa, prova de que para a maioria dos estrangeiros, a república era uma existência simbolicamente ignorada e na prática assim permaneceu mesmo até depois do fim da guerra. Os postais alegóricos demonstram-no.

Entretanto, ainda nos finais de 1910, em Lisboa e por intermédio dos seus correligionários a quem foram concedidos pelouros de decisão governamental, o Costa (Afonso) ia fazendo calmamente o seu programa que ia muito para além da declaração de guerra à Igreja, o ataque e saque de conventos, espancamento ou assassinato de adversários reais ou imaginários, destruição de jornais, adulteração e cerceamento dos cadernos eleitorais. Colocou bens pessoais da realeza deposta em hasta pública, algo que segundo as felizmente existentes más-línguas do costume, terá beneficiado muita gente que lhe era próxima.

Como se vê, os actuais maus hábitos têm antecedentes. Sai o titular do cargo de gerência de bens roubados e logo é substituído a título provisório por um regente

Na 1ª república desapareceram jóias, móveis, quadros, roupa das rainhas e sabe-se lá mais o quê. Inicialmente chegaram ao ponto de pensar em tornar a Ajuda no palácio presidencial, mas a opinião pública não era de fiar, ainda por cima já entusiasmada pelo presidente que segundo se dizia em voz embargada de emoção e em bucólicos lirismos à medida da Ilustração Portuguesa, "era tão sério, tão sério, tão sério e tão modesto que ia de eléctrico para Belém, pagava renda pelo uso do Palácio e correspondentes contas de electricidade." Quanto à água para os hipotéticos banhos ao fim de semana, disso não rezam as croniquetas. Curioso seria sabermos hoje quanto simbolicamente terá desembolsado por todos esses exotismos: 1$00? 2 ou 3 Escudos?

Sabe-se o que sucedeu. O novo regime esteve longos meses sem o reconhecimento internacional e a França foi, uma vez mais por sugestão inglesa, o primeiro Estado a fazê-lo. Tal ocorreria após a formal devolução ao rei D. Manuel II, daquilo que hoje em mais reduzida parte forma a Fundação da Casa de Bragança. Mas este caso de gula estrangulada não ficou esquecido. 

Estiveram os bens da C de B na legalidade até ao passamento do monarca, em 1932. Salazar viu então uma oportunidade para liquidar de vez esta questão, apossando-se "o Estado" do apetitoso bolo que pelos ingleses lhe fora negado duas décadas antes.

Assim tem permanecido este descarado roubo desde então, servindo de coio para todo o tipo de amigos das várias trambiqueirices que se vão sucedendo umas às outras.

Aqui como em todos os labirintos do querer é poder, também a segunda república deixou descendentes na terceira que enjeita a mãe e a avó. 

E isto não mudará, quanto a factos consumados não tenhamos ilusões.
 

 

publicado às 08:01

Empêssegamento de Dilma Rousseff

por John Wolf, em 18.04.16

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Este post é dedicado àqueles que acreditam nas virtudes da democracia, na voz da maioria, no slogan "o povo é quem mais ordena", na dinâmica que deve prevalecer nas sociedades, na busca do equilíbrio social e na clarificação dos desígnios políticos dos partidos e seus agentes. Este post não é dedicado a facções ideológicas que acreditam na prerrogativa do Estado e dos orgãos públicos enquanto reguladores do mercado e da verdade. Este post é dedicado não apenas ao povo brasileiro, mas ao povo que defende Sócrates, que tanto se tem esforçado para manter a imaculada virgem. Este post é dedicado aos amantes do golpe, da conspiração e da cabala. Este post não é dedicado àqueles que desejavam que tudo ficasse como está, que tudo não fosse mexido. Este post é dedicado às almas que se sentem perdidas, baralhadas pelos mais recentes eventos capazes de devolver uma réstea de esperança a um povo suprimido pelas promessas furadas de pão e justiça para todos. Este post é dedicado a todas as offshores do mundo que contribuíram para acelerar a inevitabilidade dos acontecimentos. Este post não é dedicado a quem não acredita no voluntariado e na acção humana que não conhece género feminino ou canino. Este post é dedicado a todos aqueles que diariamente contrariam as mentes parcelares que dirigem países inteiros usando a divisa da demagogia e proveito próprio. Este post é dedicado aos pêssegos do mundo e em particular ao impeachment de Dilma Rousseff. Este post é dedicado ao sumo que extrairemos de uma matriz de conluio e decepção que tem polvilhado a paisagem política um pouco por todo o mundo. Este post é dedicado à árvore de frutos, à natureza e ao bicho da maçã. Este post é dedicado aos pesticidas e os produtos biológicos. Este post é dedilhado por tantos que não encaixam numa coisa ou outra.

publicado às 09:52

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São coisas que acontecem. São eventos normais. São factos que devem fazer parte da Democracia para que esta se mantenha viva e tendencialmente intacta. O possível impeachment de Dilma Rousseff, a dedução da acusação de José Sócrates, a prisão de Ricardo Salgado ou o encarceramento do CEO da Enron, são apenas pequenos exemplos do modo como o motor das nossas sociedades realiza uma sangria, e mantém em andamento uma certa ideia de justiça. O equilíbrio é dinâmico e pressupõe um calendário moral que nem sempre coincide com a agenda política. O escândalo Panama Papers é, essencialmente, um catalisador do processo de transparência que se exige sobretudo a detentores de cargos públicos. Ainda não me explicaram quem paga os honorários do advogado João Araújo. Já leva umas horas valentes a discorrer absurdidades e decerto que tudo isso tem um preço. O balão de oxigénio que refere não é nada disso. Diria que se trata do oposto, de uma câmara hiperbárica para estrangular as incongruências e as jogadas espertas que encaixam que nem luvas na figura jurídica de uma offshore. Era isto tudo ou então ficar quieto. A escolha parece óbvia, incontornável. Existem motores gripados.

publicado às 17:07

Marcelo lava as mãos no Parlamento Europeu

por John Wolf, em 13.04.16

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Não é preciso ser uma velha raposa (ou um jovem Wolf) para entender onde pretende chegar Marcelo Rebelo de Sousa no seu discurso ao Parlamento Europeu. O Presidente da República Portuguesa necessita de uma apólice de seguro para os mais que prováveis ventos que far-se-ão soprar pela Europa, e as incertezas que pairam sobre Portugal. A União Europeia está à mercê de um novo continente, da profusão de certas tendências ideológicas e de centros de decisão que não se encontram em Bruxelas. A narrativa que administrou pode servir para encaixar desfechos distintos. Seja qual for o pendor do referendo no Reino Unido, Marcelo pode tentar, embora em vão, invocar o excepcionalismo português como se fosse um berliner em Bruxelas, e, deste modo lançar Portugal para o pseudo-lugar suplente deixado pelos retro-nacionalistas britânicos. O apelo à musa da inspiração literária e cultural é um caminho incerto, volátil e de entusiasmo perigoso. Dizem que Fichte foi precursor de certos regimes, e servindo-nos da mesma metodologia do lirismo sagrado, não sei até que ponto Pessoa seria europeísta - para não falar do desprezo que nutria em relação a Portugal. O "europeísta incorrigível" de que fala, soa a estabelecimento prisional, a síndrome de Tourette, a fetiche por algo esfumado. A Europa já não é nada disso. A Europa deixou-se confundir com a União Europeia, e essa sobrelotação está a gerar fenómenos que se afastam da concentração de desígnios, dos grandiosos princípios de solidariedade e paz. Marcelo Rebelo de Sousa antecipa, com alguma argúcia, o que se passará em Portugal. A sustentabilidade, e o grande projecto do governo de Esquerda do seu país, que apregoa para ouvinte parlamentar, não passa de uma aula preparatória para discentes domésticos. Quando o próximo resgate bater à porta, Marcelo será escusado. Dirá habilmente que, enquanto presidente, tudo fez para não desarmar os intentos da Esquerda. Não sei o que anda Marisa Matias a fazer. Não deve estar a ver o que está a acontecer. Mas aplaude entusiasticamente, como se acreditasse.

publicado às 12:55

Os novos Zelotas

por Fernando Melro dos Santos, em 12.04.16

Conversa numa rede psicopata a proposito desta alarvidade:

 

Sofia Castelo -  tu dizes com cada coisa, xxxx. Nao percebo se estas a dizer q sou apoiante do Bernie (q nao sou, e mesmo q fosse era irrelevante) ou a questionar as alteracoes climaticas (que e' o equivalente a dizer que "ela nao se move")
  

Fernando Melro Dos Santos - as alteracoes climaticas sao parte de um padrao normal, que so nao é perceptivel para cabecinhas cuja escala de observacao se resuma ao tempo de uma vida humana (ou duas, va) e em caso algum, mas mesmo algum, poderao ser imputadas ao Homem.
  

Sofia Castelo - Fernando, nao sei o que faz mas sei o que NAO faz: nao e' cientista
  

Fernando Melro Dos Santos - olha, uma dona da verdade absoluta. sou licenciado em Fisica e comecei ha pouco tempo o mestrado. de permeio dei umas aulas. para ser-se cientista é preciso envergar as vestes da cúria dos maluquinhos alarmistas?
 

Sofia Castelo - pec,o desculpa mas nao falo nem com negacionistas nem com malcriados
  

Fernando Melro Dos Santos - negacionistas! grin emoticon
 
 

publicado às 11:06

Gravatas e o melhor amigo de Costa

por John Wolf, em 12.04.16

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Queria começar com a gravata perdida do ministro que passou revista aos militares, mas tropecei nesta outra modalidade de descontração. António Costa contrata amigo a preço simbólico? Se isto não configura tráfico de influências, favorecimento e dumpingSócrates também não é amigo de Dilma. Portugal continua igual a si: o país das amizades, das borlas, dos favores, do fico a dever-te qualquer coisa, do depois acertamos contas. Enfim, a falência ética em todo o seu esplendor de quem não pode merecer o respeito do povo de Portugal. Quanto à gravata e o nó que deixa na garganta. Estamos a falar da instituição que assegura a defesa de um país. Estamos a falar das forças armadas que alicerçam a sua escola na disciplina, no rigor e nas hierarquias de comando. Estamos a falar num código de conduta que corresponde a uma tradição que não pode ser enxovalhada. O exemplo do chefe deve ser descartado sem demoras. Mina uma gama alargada de princípios que orienta a instituição militar. A gravata, assim como o contrato que Costa firmou com o seu melhor amigo, devem ser do género pro bono. De graça, sem ter piada alguma. Mas por alguma razão estamos a registar cada vez mais deserções. As chefias militares estão abandonar a geringonça. E não tarda muito, quando as ilusões caírem por terra, a Catarina Martins também abandonará o cangalho. O que julgam que significou a viagem de 24 horas de António Costa à Grécia para posar com Alexis Tsipras? Foi precisamente para defender o interesse nacional. O interesse nacional dos acordos com o BE e PCP atados com cordel feito num desenlace que ainda  vai engravatar todos os portugueses.

publicado às 09:12

Os Santos Silva da casa

por John Wolf, em 11.04.16

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A estirpe de neo-liberalismo do governo de António Costa é diferente. Não obedece às leis do mercado - é do género político. E o Banco Central Europeu sabe disso. A partir do momento em que países cuja supervisão de bancos não é equivalente às práticas da zona euro, são "convidados" a entrar na bolsa, o rácio de credibilidade vê-se afectado. O BPI, que se meteu em aventuras que deram para o torto, encontra este modo de passar o encargo ao mercado, aos investidores, e se a coisa correr mal, aos contribuintes. Esta operação, embora com contornos distintos, é uma modalidade de Swap - uma troca manhosa de dinheiros e direitos. A bolsa de Lisboa terá de ter algum cuidado ao aceitar as rifas desta ou daquela empresa. A New York Stock Exchange (NYSE) tem critérios de aprovação muitos apertados em relação a American Depositary Receipts - a cotação de empresas estrangeiras na sua praça. A única empresa portuguesa cotada nessa praça americana é a Portugal Telecom, e veja-se o que aconteceu à mesma. Enquanto um Santos Silva janta com o Sócrates, o outro Santos Silva serve-nos esta refeição.

publicado às 09:14

Ricardo Costa apresenta a Gala do Panamá

por John Wolf, em 09.04.16

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Quem ontem assistiu à Gala do Panamá, apresentada por Ricardo Costa, no programa o Expresso da meia-noite, teve a oportunidade de ver os jornalistas mais frouxos e comprometidos à face da Terra. A única convidada digna foi a Elisa Ferreira (Socialista - como podem ver, não estou a enviesar-me ideologicamente) que rebateu a tendência de relativização dos males dos offshores operada pelos jornalistas e os seus convidados.  Se repararam com atenção, havia um nervoso miudinho por aquelas bandas. Parece que esta história pode comprometer certas pessoas. O que vale é que o jornal Expresso, assim como a TVI, não valem grande coisa no universo de jornalismo sério e idóneo. O que vai safar os portugueses, ávidos por saber quais os ex-ministros e afins metidos ao barulho, é que os jornalistas de meia-tigela desta praça não têm o exclusivo do franchising do escândalo. Se não for o Expresso ou a TVI a "botar a boca no trombone", poderemos contar com a irresistível força do disclosure que já está em marcha a nível internacional. Correio da Manhã? Mexe-te. O Expresso está tão orgulhoso por colocar três tristes tigres (um foi águia) na capa do seu semanário - Luís Portela, Manuel Vilarinho e Ilídio Pinho. Que vergonha. E desde quando o Expresso tem a autoridade para servir o público às pinguinhas? Portugal precisa de uma bomba. E sem demoras. O Expresso, em particular, deveria ser alvo de investigação do tal consórcio internacional de jornalistas. Há sempre toupeiras e traidores dentro das organizações.

publicado às 08:46

Para lá do canal do Panamá

por Nuno Gonçalo Poças, em 08.04.16

Alguns sectores liberais foram rápidos a criticar a existência de infernos fiscais para justificar a honestidade de quem recorre a offshores para não pagar impostos. Mas não, a história dos papéis do Panamá não é a simples demonstração de que se cobram demasiados impostos em determinados países. Claro que há gente que legitimamente leva o seu dinheiro para paraísos fiscais porque, de facto, nos seus países se cobram impostos absurdamente elevados. É óbvio que a competitividade fiscal se conquista e que o capital só permanece se a percentagem dos rendimentos cobrada pelo Estado for razoável - isto é, baixa. É nessa medida que só há paraísos fiscais por comparação. A Holanda ou a Suiça, por exemplo, são paraísos fiscais em comparação com Portugal. Não precisamos de ir para ilhas de areia branca e mar transparente para descobrir paraísos fiscais. Onde há impostos baixos há mais liberdade, há mais respeito pela propriedade privada, há mais investimento, há maior capacidade de gerar riqueza, há mais igualdade de oportunidades, há mais elevador social. Isto não é condenável. Querer não perder rendimento é racional e legítimo. Mas esse é só o lado claro do "Panama Papers". Existem lados negros que não podem ser ignorados. E se não percebemos que esses lados negros existem, então é sinal de que o capitalismo é um sistema moralmente falido. E que quem ganhará com isso serão precisamente os seus adversários. É por isso que é urgente recentrar o capitalismo, recuperar padrões morais dentro de um quadro de economia de mercado.

Em primeiro lugar, a opacidade e o obscurantismo dos offshores não se justificam com a existência de infernos fiscais. Os impostos elevados e injustos não se resolvem com sociedades veículo, com directores fiduciários, com esquemas pouco claros e transparentes elaborados na penumbra e nas zonas cinzentas do Direito.

Em segundo lugar, aquilo que se vai percebendo é que esta zona de ninguém jurídica serve, em grande medida, para processos de lavagem de dinheiro, de branqueamento de capitais, de saneamento de casos de corrupção, de fraude, de tráfico de estupefacientes e de armas. Há de tudo. Desde o sentimento egoísta mais positivo, que é o de não perder rendimentos, à simples lavagem de rendimentos obtidos de forma ilícita, há de tudo. Mas a argumentação que purifica o offshore não é compatível com a sobrevivência de um capitalismo transparente, legítimo e que ainda é a única forma de assegurar condições de bem-estar social a uma grande maioria da população mundial.

Em terceiro lugar, existe também nesta história um problema de disparidade de rendimentos. A argumentação que purifica o offshore é a mesma que desculpa a desigualdade absurda de salários. Alguns sectores têm santificado os salários milionários de presidentes de grandes empresas com o fundamento mais simples de que essas empresas são privadas, que a responsabilidade dos seus CEO é muito grande, que a margem de lucros potencia e dá cobertura moral ao facto de o CEO auferir anualmente milhões de euros enquanto os seus trabalhadores ganham pouco mais que o salário mínimo. Este argumento roça a racionalidade. Mas aprofunda o sentimento de injustiça, fomenta a luta de classes, gera ódios sociais. A sensação, na maioria das populações do mundo capitalista, é a de que não existe de facto igualdade de direitos. E esta desigualdade é sentida também quanto ao mundo dos offshores. O trabalhador do salário mínimo não sente, legitimamente, qualquer igualdade de direitos, quando o dono da sua empresa ganha milhões de vezes mais o seu salário e que coloca esse rendimento fora da alçada do Estado e da máquina fiscal a que o trabalhador não consegue escapar. Também é por aqui que o capitalismo morre. Porque as pessoas podem começar a preferir o Estado à liberdade. Sobretudo quando a liberdade é exercida desta forma.

Se o socialismo julga que os homens são iguais nas suas necessidades e que, por isso mesmo, tudo lhes deve ser concedido na exacta medida das suas necessidades (o que, na verdade e segundo os casos conhecidos, acaba sempre em cenários de miséria generalizada), o liberalismo puro julga-os iguais em direitos. É disto que se trata, no fundo. E é verdade que os homens devem ser iguais em direitos e em oportunidades de forma a que tenham todos os mesmos meios de ascender social e materialmente. Mas esta igualdade e esta ascensão precisam de um centro moral. Se as escolhas devem ser feitas pelos indivíduos e não pelo Estado, na medida em que são os indivíduos que determinam mais acertadamente o que é melhor para as suas próprias vidas, não se descure que essas escolhas devem ser pautadas por padrões morais. O homem já egoísta por natureza. É esse egoísmo que nos permite alcançar uma série de resultados positivos na nossa vida. Mas querer transformar esse egoísmo natural no padrão (a)moral que prevalece é que me parece profundamente errado. O capitalismo salva-se por aí. Não é pela anarquia, pelo salve-se quem puder. É pela moralização do dinheiro. Pela transparência. E, acima de tudo, por uma direita política que defenda as liberdades, o capitalismo e o mercado, mas que também se bata pela moral, pela transparência e que defenda uma coisa tão simples: só porque se pode fazer, não quer dizer que seja legítimo.

 

 

publicado às 11:20

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