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No seguimento do meu post anterior, renovo o convite para estarem presentes numa das sessões de lançamento do meu livro, desta feita deixando a imagem do convite para a sessão a ter lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior, no dia 11 de Dezembro, pelas 14h30, no anfiteatro 7.22, bem como a ligação para a respectiva página do evento no Facebook

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(também publicado aqui.)

publicado às 14:45

A minha tese de doutoramento, subordinada à temática "Tradição, Razão e Mudança", conceitos abordados à luz de ideias liberais, conservadoras e comunitaristas, será publicada nos próximos dias pela Edições Esgotadas e terá uma sessão de lançamento em Lisboa, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa, a 5 de Dezembro, pelas 19h00, e outra na Covilhã, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior, a 11 de Dezembro, pelas 14h30.

 

É com muito gosto que vos convido a estarem presentes, aproveitando a oportunidade para vos persuadir com as apresentações a cargo do Professor Doutor José Adelino Maltez, da Professora Doutora Cristina Montalvão Sarmento e da Dr.ª Ana Rodrigues Bidarra, autores, respectivamente, dos dois prefácios e do posfácio, bem como com a belíssima ilustração da capa da obra, onde figura um quadro do Dr. Nuno Castelo-Branco apropriadamente intitulado "O Fim do Ocidente".

 

Aqui ficam a imagem e a ligação para página da primeira sessão de lançamento. Em breve partilharei a imagem e a página da segunda sessão.

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(também publicado aqui.)

publicado às 17:24

Que seja bem-vindo

por Nuno Castelo-Branco, em 22.11.18

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Portugal não pode dar-se ao escusado luxo de ter deficientes relações com qualquer um dos países onde tenha, mercê da história, exercido qualquer tipo de soberania, fosse ela longínqua como naquelas paragens asiáticas - Índia, Ceilão, Birmânia, Tailândia, Malásia, Indonésia, China e Japão -, como noutros temporalmente mais próximos, na América do Sul, África e Oceânia. São os nossos aliados históricos e isto deveria ser sentimentalmente tão válido como a aliança luso-britânica.

A vinda do muito corajoso presidente angolano a Lisboa é um sinal de um possível recomeço numa relação multissecular, onde no mapa surgiu uma Angola unificada que deve as suas fronteiras a Portugal, fossem elas ditadas pelos acasos da política local, ou pelo seu delimitar como resultado da Conferência de Berlim. Esta é uma trivialidade tão conhecida em Luanda como na capital portuguesa e ultrapassados os complexos após quatro décadas de independência, há que rechear os ditos fáceis da oratória, com resultados concretos.

Foi bem recebido e muito merecidamente com todas as honras. 

* Nota: nada nos poderá surpreender quando atitudes nos chegam através do único e odioso partido fake news, Panem et circenses com assento parlamentar. Digno sucessor da contra natura aliança UDP/LCI, possui um espantosamente inesgotável cardápio  de antiportuguesismo, não hesitando em cometer todo o tipo de baixezas que roçam a vulgar ordinarice. A última foi a atitude após o discurso de João Lourenço, permanecendo grosseiramente sentados e sem sequer aplaudir um discurso mais do que aceitável, aquela pedra que por si tapa todos os buracos abertos inadvertidamente pela inépcia de ambos os lados. Não têm o menor resquício do sentido de Estado a que nem o cada vez mais respeitável PCP,  muito escrupuloso cumpridor do protocolo e das instituições, escapa.
Já tinham feito algo semelhante na última sessão extraordinária do Parlamento, aquando da visita oficial de Filipe VI. Esta tarde repetiram a dose, com a agravante de J.L. significar agora e neste preciso momento, a possibilidade de um corte radical na praxis política até há pouco julgada eterna em Angola.

Neste tipo de duvidosa gente surgem os Pol Pot e outros genocidas deste mundo, pois é assim que funcionam os mais descerebrados esquerdistas, no presente caso nem sequer blasés por defeito ou virtude de classe. São apenas histéricos terroristas sociais. Dada a ignorância que campeia no eleitorado e a inveja que por cá impera, talvez seja impossível  existir a felicidade de erradicá-los do mapa parlamentar na próxima eleição geral. Oxalá seja daqui a um ano conhecido pelo partido do tuk-tuk.   

publicado às 16:51

Rien

por Nuno Castelo-Branco, em 18.11.18

 

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No final da tarde de 14 de Julho de 1789, Luís XVI, distante umas léguas de Paris, não podia ter certezas quanto aos acontecimentos daquele dia e assim limitou-se a apor "Rien" à entrada referente àquela terça-feira.
Ontem a situação foi diferente, pois decerto Macron viu em directo o que se passava de norte a sul da França e não deve ter compreendido que não se trata apenas de questões de preços, pois existe muito mais combustível à espera da chispa. Naquele país os petits-riens podem ser seguidos através das redes sociais, da tv, rádio, e "aipádes". Como diz o outro, let's see what happens.

 

publicado às 10:39

Fake news, ou no news is good news

por Nuno Castelo-Branco, em 12.11.18

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Na RTP3, um interessante debate entre o deputado Diogo Feio e aquele verdadeiro Senhor que dá pelo nome de Honório Novo, focou alguns aspectos do Congresso, perdão, da bem mais jacobina Convenção bloquista.
Passando sobre o conhecido e contraditório posicionamento daquela agremiação de socialmente muito bem acomodados, faz-se então o imediato paralelo de toda aquela ofegante oratória com o assunto da moda, as fake news. O BE tem em Portugal a honra de ter inaugurado institucionalmente este recurso com garantido futuro, pois todos decerto se recordam de Catarina Martins apontando o dedo às mentiras quanto ao caso Robles, sendo em poucas horas ela própria desmentida pelos factos sempre em crescendo de ignomínia, desfaçatez e reserva mental. Como se vê, julgando-se acima de qualquer suspeita, Catarina Martins tornou-se perita no lançamento de cortinas de fumo. Bem a propósito do Armistício ontem recordado, talvez uma inconsciente homenagem à já mais do que centenária Batalha da Jutlândia.

O embaraço não se fica por este ou aquele bloco de apartamentos e respectivas mais valias, ambos legais e caindo sob a alçada dos preços do odioso mercado. Soubemos como o caso rapidamente ficou reduzido a uma memória já muito difusa, para isso contando com o beneplácito da imprensa cujos mais conhecidos títulos pertencem a dois bem identificados grupos económicos, hipotéticos inimigos mortais dos propalados princípios defendidos por aquele bando de burgueses envergonhados. Bem vista a tradição daquela área política, o sacrosanto Trotsky também foi ciosamente protegido pela plutocracia novairoquina que lhe verteu copiosos donativos antes da revolução de Outubro e já bem depois, quando o caudilho voltou a exilar-se.
Voltando ao Caso Robles, o BE beneficia então da prestimosa colaboração de uma imprensa que a seu bel-prazer silencia e censura o que não convém. Com que fim? Isso é o que se verá.

As fake news existem, mas em perfeito paralelo com a maravilhosa descoberta no news is good news. Foi este o essencial resumo do Congresso, perdão, da Convenção. 


publicado às 22:30

Sobre o populismo

por Samuel de Paiva Pires, em 12.11.18

O Alexandre Homem Cristo está cheio de razão quando afirma que está em curso uma batalha pela linguagem centrada na definição de "populismo" - o novo fascista, neo-liberal ou comunista enquanto insulto no quotidiano politiqueiro. Cá no burgo, esta batalha, à semelhança do que acontece(u) com os epítetos anteriormente mencionados, faz-se em larga medida entre pessoas que sofrem de hemiplegia moral, políticos e comentadores que procuram colar aos adversários este rótulo como forma de deslegitimar a sua participação no processo político demo-liberal.

 

São, portanto, incapazes, de perceber ou admitir o que já tantos autores, de Margaret Canovan a Ernesto Laclau, ou mais recentemente, Cas Mudde e Jan-Werner-Muller, pese embora o sempiterno debate em torno da definição de populismo - como acontece com qualquer outro conceito na ciência política -, definiram enquanto características centrais do populismo, nomeadamente, a possibilidade de acomodar qualquer ideologia, de esquerda ou de direita (o populismo é uma ideologia de baixa densidade - na classificação de Mudde e Kaltwasser, que se socorrem desta expressão originalmente utilizada por Michael Freeden - ou seja, como escrevi num artigo para o Jornal Económicotem um reduzido conteúdo ideológico normativo, aparecendo normalmente ligado a outras ideologias que, essas sim, procuram articular determinadas concepções a respeito da natureza humana, da sociedade e do poder político, estabelecendo a partir destas uma determinada visão do mundo. O mesmo é dizer que o populismo se acopla a ideologias quer de esquerda quer de direita, existindo inúmeros exemplos de políticos e partidos de ambos os quadrantes que articulam uma retórica populista com as mais diversas ideologias. Existem, assim, subtipos do populismo, mas raramente se encontrará o populismo numa forma pura), a divisão da sociedade entre o povo puro e a elite corrupta e a pretensão de que a política seja a expressão da rousseauniana vontade geral, de que os populistas dizem ser os únicos e legítimos representantes.

 

Disto facilmente se percebe que, independentemente da forma como seja teorizado (ideologia, estilo discursivo ou estratégia política sendo as três formas mais comuns), o populismo é incompatível com a democracia liberal, daí que seja particularmente apropriada a definição mínima avançada por Takis Pappas (recomendação de Pedro Magalhães no Facebook) de populismo enquanto democracia iliberal. Esta definição mínima está, aliás, em linha com as considerações de Mudde e Kaltwasser a respeito dos impactos do populismo consoante a fase do processo de democratização em que surja, podendo ter impactos positivos sobre regimes autoritários, ao catalisar uma transição democrática, mas tendo frequentemente impactos negativos se surgir numa democracia liberal consolidada, representando uma ameaça que se pode concretizar num processo de desdemocratização (dividido em erosão democrática, ruptura democrática e repressão).

 

É por isto que, na minha humilde opinião, o populismo contemporâneo representa uma séria ameaça ao que Michael Doyle se refere como a zona de paz liberal, uma actualização da teoria da paz democrática derivada da ideia de paz perpétua de Kant, e, consequentemente, ao modo de vida a que estamos habituados no Ocidente. Mas sobre isto, passe a imodesta publicidade, falarei na próxima semana, no dia 21, no I Congresso de Relações Internacionais da Universidade Lusíada-Norte.

 

(também publicado aqui.)

publicado às 18:20

No Dia do provisório Armistício

por Nuno Castelo-Branco, em 11.11.18

 

Bisavô uniformizado copy.jpg

Acompanhado por oficiais britânicos, é o quarto militar a contar da direita para a esquerda, na segunda fila. Sempre lhe conheci aqueles bigodes à Kaiser

 

Aconteceu há um século, num tempo cada vez mais distante do qual a memória colectiva portuguesa, desde sempre bastante ténue, apenas retém aquilo que dentro de portas as lendas familiares garantem ou o que os livros dos sucessivos regimes fazem difundir como verdades. Na prática, a participação portuguesa quer-se resumida à necessidade de defender o Ultramar em várias frentes, nisto se notabilizando o soldado Milhais. Ponto final, acabou a história.


Não se duvidando minimamente do esforço e extremado sacrifício individual, a participação de Portugal na I Guerra Mundial ter-se-á devido a vários factores entre os quais surge esmagador e prepotente, o desejo de legitimização internacional da casta política que meia dúzia antes tomara o poder na Rotunda, transmitindo a nova ordem de coisas por telégrafo a todo o país, então do Minho a Timor. 

Já estabelecido em Moçambique numa data tão incerta como o seu alegado nome, José Silva, por vezes vagamente referia as suas origens na zona da Anadia e se a conversa porfiasse, diria também que a família produzia vinhos. Tudo muito enigmaticamente vago, dir-se-ia ter vindo ao mundo na segunda década do século XX, quando nascera muito antes, por altura do Ultimatum. Isto foi durante décadas um motivo para todo o tipo de elucubrações, umas mais fantásticas do que outras, mas todas tendo algumas certezas quanto à sua participação nos acontecimentos que levaram à proclamação do novo regime. 

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Participou na guerra levado na massa da mobilização geral, fosse ela oriunda da Metrópole ou nas parcelas coloniais e logo deixou Lourenço Marques integrado numa das expedições que recentemente chegara com armas e bagagens com o fito de rapidamente fazer boa figura, tomando o considerado não muito difícil alvo que era o então Tanganica germânico, território este já desde 1914 isolado de reabastecimentos e contudo nunca  completamente submetido pelas forças britânicas que se adentraram naquele vasto espaço africano. Tremenda desilusão, pois apesar de todos os esforços, o Tanganica estava muito longe de ser um cenário bélico idêntico ao europeu, tanto na amplitude do espaço como nas condições gerais que condenaram contingentes inteiros à morte por doenças, abandono em postos no mato recôndito ou a mais descabelada inépcia dos comandos militares onde o desinteresse rapidamente se seguiu às atoardas marteladas pelos agentes políticos que compunham as expedições, sendo o representante do regime, o bem resguardado e iracundo governador Álvaro de Castro o cabeça de fila que sem sair de Lourenço Marques ordenava acções completamente desfasadas da realidade no terreno. Saneados liminarmente os oficiais tidos como thalassas que conheciam a verdade acerca do que era possível ou não realizar em África, a confiança política sobrepôs-se à competência militar e em consequência o desastre foi total, absoluto, passando rapidamente os teres e haveres dos militares portugueses a abastecer regularmente o esforço de guerra alemão sob o comando do brilhante oficial que foi von Lettow-Vorbeck. 

 

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O monumento à Grande Guerra 


O bisavô recusava-se a falar da campanha propriamente dita, rosnando entre dentes todo o tipo de palavras que contradiziam as versões oficiais acerca dos acontecimentos e com isto, vindo o Armistício, para sempre se desligou da sorte do regime, continuando os seus afazeres profissionais pontilhados por esta ou aquela tomada de posição, a réstia da sua fidelidade, como a colaboração no erguer do palácio maçónico erguido na Av. 24 de Julho, então o mais imponente edifício do género existente em qualquer um dos territórios sob soberania portuguesa. Preferiu então dedicar-se totalmente às suas funções na Agrimensura da Câmara Municipal de Lourenço Marques, a ele se devendo as medições para o risco ortogonal da parte alta da capital moçambicana. Ali casaria com a minha bisavó que já nascera em Lourenço Marques na derradeira década do século XIX, em 1896.

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Vivo ou morto nunca mais voltou à parcela europeia, considerando Moçambique como a sua terra. Por vezes, sentado na sua varanda que dava para a Baía do Espírito Santo, deixava soltar alguns comentários acerca da Situação, sem que jamais com esta tivesse comprometido aquilo por ele julgado como o mais certo, logo acrescentando ..."enquanto forem vivos os da minha geração, Salazar pode considerar-se seguro, o que antes dele sucedeu foi terrível, inesquecível". Não gostava do que significava a 2ª república, mas resignava-se à compreensão das razões da sua já então longa vigência. 

Bisavô copy.jpegNo início da década de sessenta

 

Um dia anunciei-lhe a minha entrada na Escola Industrial Mouzinho de Albuquerque, já há muito estabelecida naquele palácio maçónico que ajudara a construir. A sua reacção foi típica, dizendo com um desabafo, ..."afinal o mono sempre teve alguma utilidade prática". Mais satisfeito ficaria se soubesse que ainda hoje a escola vai funcionando, realizando após o regime das promessas ocas e daquele que lhe sucedendo realizara o pretendido seguimento material, um bastante intermitente trabalho na formação de quadros. 

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 Quando se aposentou no final da década de quarenta, no terreno que como recompensa pelos seus serviços recebera da Câmara Municipal de Lourenço Marques, construiu a casa na artéria que estoicamente homenageava um conhecido vulto republicano que ali arribara num misto de recompensa e pontapé para o alto. Ainda existe, hoje ocupada por outra gente que por vezes em quentes tardes de ciclone se refrescando na mesma varanda, nem sequer sabe que o antigo proprietário imitava Homem Cristo, dizendo que habitava na Cabrito Macho. Dito isto, o bisavô levava o polegar e o indicador a pressionar as narinas, num gesto que poucos compreendiam como directamente relacionado com a imorredoura fama de um homem escassamente dado a banhos. 

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 Uma ainda relativamente recente foto da sua casa erguida na então R. Brito Camacho, Lourenço Marques


Não quis regressar à terra natal e morreu já depois da independência em 1975, em Lourenço Marques. Qual seria o seu verdadeiro nome?

publicado às 10:12

Programa para hoje

por Samuel de Paiva Pires, em 06.11.18

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Mais informações aqui.

 

publicado às 03:05

Milagre de Tancos, parte II

por Nuno Castelo-Branco, em 05.11.18

 

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Saiu-lhes a sorte grande por algo que já estava programado há muitos meses, coincidindo esta altura com a turbulência que tem abanado o regime na sua vertente militar e política.

O Comendador de La Vichyssoise, hoje na sua versão de Supremo Comandante, disse um disparate monumental, quando relativamente à Alemanha de 1914 insistiu no apodo do odioso.

Odioso era o regime que então vigorava em Portugal, capaz de todas as infâmias e violências contra a sua própria população usada como carne para canhão, fosse ele o que troava a partir dos cruzadores surtos no Tejo disparando metralha em direcção à Rotunda, ou os de 75 que em Monsanto varejavam o Torel, a zona da Duque de Loulé, o Príncipe Real, enfim, praticamente a cidade inteira. A isto acrescentaremos os caceteiros e facas de mato de Afonso Costa, os assassinatos ao domicílio, a destruição de jornais e espancar de jornalistas em plena via pública, o corte radical dos cadernos eleitorais recebidos da "ominosa Monarchia", a fome generalizada e a ruína económica que significou uma enorme vaga de emigração para o Brasil, a repressão do sindicalismo ou os massacres contínuos no qual se evidenciou o Movimento das Espadas que acabaria com montões de cadáveres.

Comparativamente àquele Portugal, o que era então a Alemanha do Kaiser Guilherme?
- Tinha no Reichstag o SPD como principal partido eleito.
- Tinha direitos sindicais e um correspondente movimento sindical determinante e muito poderoso.
- Tinha assistência social com direitos que a maioria dos países europeus apenas adquiririam décadas depois: creches do Estado e das empresas, escolas públicas e alfabetização generalizada, escolas e institutos técnicos de primeiro plano em termos mundiais, reformas de aposentação garantidas, ensino grátis e escolaridade obrigatória, saúde pública e os mais avançados hospitais do mundo, etc.
- Uma imprensa livre e bastante dinâmica.
- Era a vanguarda científica mundial onde sobressaía o Instituto Kaiser Guilherme, hoje conhecido por Max Planck


Relativamente à França, Reino Unido, Itália ou Rússia, o II Reich estava num plano de superioridade a todos os níveis, apenas destoando das democracias ocidentais por ser o imperador quem nomeava o Chanceler, geralmente em contraponto com os deputados do Reichstag. Longe de ser um ditador, de facto Guilherme II tinha a palavra final e isso era algo que colidia com a praxis francesa, britânica ou italiana, mas num plano muito diferente da situação russa, também parte integrante e vital da Entente. Passe o anacronismo, o Kaiser retinha atribuições que hoje são atribuídas ao ocupante da Casa Branca e nem sequer presidia ao Conselho de Ministros. Noutro prisma, a própria organização territorial alemã, não sendo a de um Estado unitário, acabou por facilitar os jogos de interesses e a preponderância prussiana, não apenas ditada pela sua dimensão territorial, como pela concentração dos meios materiais. Tal como hoje acontece, a Alemanha era um Estado Federal.

A descendente longínqua dessa Alemanha também hoje foi vista, incompreensivelmente afastada dos contingentes francês, americano e britânico, sendo nestes tempos todos eles aliados de Portugal. Má decisão por parte dos organizadores.

Voltando ao desfile, para além da subliminar mensagem de aviso transmitido pela presença de um forte contingente de elementos pertencentes a duas unidades militarizadas que desfilaram na companhia de equipamentos destinados à repressão interna, o Comendador poderia ter retido um lampejo de grandeza e por uma vez, deixar-se de recaduchos político-partidários. Como se comprova a tentação é insuperável e não deixa de ser alguém oriundo de um sector político que rotineiramente vai a votos. Isto é tão válido para ele, como para os seus antecessores. Pareceu no que interessava para o caso, um desfile bem realizado e com uma certa grandeza, não faltando evocações históricas e os sempre esperados espectáculos de cavalaria e respectivos uniformes que atestam a passagem de séculos que tudo o mais secundarizam.

No que ao mais se refere, apenas duas peças de artilharia, dois blindados Leopard II e a bem visível falta de uniformes de parada. Dir-se-ia estar aquela mole de gente preparada para dali mesmo ter de seguir para uma frente de combate qualquer, tal era a predominância de camuflados que camuflam a penúria geral na instituição.

publicado às 11:04






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