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Que vença Hollande

por Nuno Castelo-Branco, em 01.05.12

Após a fragorosa vitória na guerra de 1870-71, Bismarck sabia bem o que dizia, quando considerava a hipótese de uma restauração da Monarquia francesa um imediato casus belli. Tinha as suas razões para apostar no sempre instável regime republicano e as décadas que decorreram até à I Guerra Mundial, foram pontilhadas de casos que alternavam tentativas de feitos espectaculares no ultramar, com os aspectos mais sórdidos do período dito liberal. Se a grande Guerra propiciou a União Sagrada que fez frente aos Impérios Centrais, logo os anos vinte e trinta fizeram regressar aquele clima de não declarada guerra civil, esse fervilhante viveiro que ditaria uma vez mais,  uma rápida e clamorosa derrota frente à Wehrmacht. Nas duas derradeiras décadas do século XIX e no período da Belle Époque, deram brado os casos do general Boulanger, o embraçoso episódio Dreyfus, as constantes ruínas empresariais e escândalos financeiros, a total capitulação que os ingleses impuseram em Fachoda - esse sim e que ao invés do "nosso", consistiu num Ultimatum com perdas bem reais - ou a deriva populista que encontrou na Igreja o alvo ideal, enfim, alguns episódios bem conhecidos e que para os cem anos seguintes permaneceram presentes na discussão da coisa política em França.

 

É desejável a vitória de F. Follande. Aparentemente, a opinião geral, mesmo aquela veiculada em surdina pelos seus próprios apoiantes, considera o homem "um molusco" sans aucun intérêt, querendo isto dizer ser ele pertença daquela zona desinteressante, cinzenta e sem chama ou grandes princípios, que desde há três décadas tomou de assalto muitos dos países da antiga CEE, precisamente aquela imensa coorte de gente ligada a escritórios de advogados, gurus dos truques baixos nas Bolsas e economistas yuppies do início da histeria colectiva desencadeada nos tempos da administração do Presidente Reagan. Oxalá nos enganemos. A premissa do "Tudo será cada vez Melhor", o absurdo princípio do politicamente correcto, a obrigatória posição dos braços abertos em accueill à n'importe qui parce que oui e a demencial padronização ditada pela moda financiada pelos conglomerados económicos e financeiros, fizeram o resto. Toda a Europa foi devastada por uma febre do lucro a todo o custo que nos primeiros momentos prometia um gargantuesco banquete a todos, mas que decorridos uns poucos anos, marcou o inevitável declínio daquilo a que hoje se designa de U.E. No campo da geopolítica, o caso francês torna-se ainda mais evidente, pois a derrota na II Guerra Mundial obrigou o país a uma Entente com a inimiga hereditária, sendo esta a principal razão para concertar o supremo esforço na tentativa da criação de um espaço de paz e de pujança económica capaz de garantir algum do passado lustro que durante cinco séculos fez brilhar a grande península crismada de continente. Por outras palavras, a França contrariadamente reconheceu a sua descida no ranking das Grandes Potências.

 

 

Muito se tem escrito e comentado acerca das "profundas divergências" que separarão Hollande daquilo a que genericamente e de forma oportunista se sintetiza na "solitária" pessoa da Sra. Merkel. Nada existe de mais errado quando se  aposta nesta ilusória cartada. A França de De Gaulle que ao mundo ofereceu durante um quarto de século a aparência de uma quase equidistância em relação às super-potências, já não existe, aliás, verdadeiramente nunca existiu no autêntico cômputo das forças em presença. Sabia-se a que campo pertencia, quem eventualmente a atacaria e com quem alinharia em caso de conflito com a URSS e países satélites. A realidade crua e dura, é que toda a parafernália discursiva e militar do Caudilho da V República, se baseava no pleno conhecimento dos condicionalismos impostos pela Guerra Fria, obrigando o longínquo aliado norte-americano a uma certa moderação de estilo na sua política europeia que por necessária coincidência, encontraria na Alemanha o pilar fundamental, a linha de frente diante do Pacto de Varsóvia. A verdade, agrade isto ou não aos mais entusiastas federalistas, garante que não existe qualquer hipótese de um projecto europeu - tenha ele a amplitude mais ou menos restrita que tiver -, se a Alemanha não estiver presente como o elemento central, coordenador e capaz. O federalismo que a gente da cúpula parisiense tanto deseja, significa tão só, a plena liderança alemã coadjuvada por uma França num exercício de salvar as aparências. Num âmbito mais vasto e sempre tendo em presença o imprescindível complemento atlantista que garante a segurança militar e um certo refrear da possibilidade de extremadas guerras económicas e financeiras, o outro esteio europeu ao qual de Gaulle ingloriamente se opôs por mais de uma década, é o Reino Unido. Escusado será apresentarmos as razões para a apresentação deste dado, falando as evidências por si. A Europa existirá num todo harmónico e multipolar - a Europa dos Estados e das nações -, se permanecer fiel à génese da construção da CEE. Os elementos componentes da União são demasiadamente díspares, como díspares são os seus interesses - por vezes em acesa rivalidade - em África e noutros continentes onde outrora os homens brancos ditaram a lei. 

 

Quando Sarkozy iniciou o seu mandato, o discurso procurou atrair ao seu governo gente capaz e proveniente de distintos sectores. A muitos espantou pela sua inaugural abertura de espírito e vocação conciliadora. Ora, a tentação pelo escândalo exibicionista, o carácter ostensivamente grosseiro e bastas vezes a ultrapassar a vulgaridade mais reles, fizeram dissipar a tradicional imagem daquilo que todo o mundo conhecia como uma certa ideia de grandeza da República Francesa, a herdeira e sucessora dos Bourbon e dos Bonaparte. Sarkozy é um sitoma, significa uma vulgaridade assumida e sem rebuços, um talvez inconsciente macaquear de uma telenovela ao estilo Dallas ou Falcon Crest e é isto precisamente o que ficará de um arrivista metarmofoseado num J.R. conspirativo, um colaboracionista logo tornado conspirador tomba-potentados petroleiros. O homem é um portento de força irritada, uma língua afiada que não conhece limites à brejeirice mais chã e pior ainda, sempiterno esquecido do papel que no país desempenha. Tal como verificamos noutras capitais europeias, o grande chefe vive obcecado com o telejornal da hora do jantar e a longo prazo, essa é a opção fatal que liquida qualquer sistema político, por muito sólido que aparente ser. Desde os hilariantes tempos das irmãs de Napoleão e seus picarescos episódios na parvenue corte do Eliseu, não se conheciam tantos sketches de má comédia, péssima conduta ou evidente vigarice. O enfraquecimento da imagem da França é talvez tão nocivo à própria, como a verdadeira situação financeira que de tão intencionalmente bem escondida, ainda é capaz de iludir os muito distraídos. Aquele país é hoje e devido a múltiplos factores, a Senhora Doente da Europa. Durante anos, tranquilamente beneficiou do colossal caudal de dinheiros vertidos pela sua parceira além-Reno, consubstanciando-se estes numa simples sigla que é inegável sinal da subversão das regras do próprio jogo imposto pelos "espíritos liberais": a PAC. Em grande medida paga pela Alemanha e alegadamente em gaulesa capitalização por uma ínfima minoria, a sua existência tal como a conhecemos, implica a ruína de dezenas de milhões que na margem sul do Mediterrâneo perderam a base do seu ancestral sustento, ou seja, a viabilidade do trabalho da terra. Em ricochete, a Europa tem sido submergida por contingentes oriundos dessas antigas colónias, gente revoltada, odiando a priori o branco rico e pagão, mas colhendo a oportunidade oferecida por uma forma de organização do sistema distributivo que face à lei geral, torna difícil a legitimidade ou não, da perfeita atribuição de direitos. Assim, não é surpreendente a ascensão da chamada extrema-direita que vai buscar uma parte importantíssima do seu peso eleitoral, precisamente àqueles núcleos que outrora seguiam os partidos moscovitas e sucedâneos, hoje irremediavelmente órfãos de um passado sem retorno possível. A ser derrotada, a direita francesa poderá ter a oportunidade única de alijar todo aquele fétido e parasitário esquema plutocrático e semi-analfabeto que encontra ampla ressonância e correspondência no próprio campo socialista, o presumível vencedor. Este é um desejo de bastante improvável concretização. Em Portugal sabemos o que isto significa, dada a situação que há uns vinte e cinco anos solidamente se instalou entre nós.

 

Hollande convém. Não que isso queira significar uma profunda modificação na correlação de forças na Europa, ou das políticas prosseguidas até agora. Trata-se de um salvar de face, de uma fórmula ou de um pretexto que à própria Alemanha talvez convirá. Hollande deverá desde os primeiros dias compreender a necessidade do prosseguimento daquilo a que nos habituámos a designar por eixo franco-alemão. Poderá tentar um novo formato que faça um curativo no orgulho nacional ferido, mas deverá manter-se fiel ao princípio. Não tem escolha, pois é quase seguro que saberá que a alternativa será o prelúdio da catástrofe. Nem a França tem o poder necessário para criar qualquer outro organismo aglutinador de um espaço europeu mais restrito, como essencialmente perderá influência dentro e fora da Europa, dado o evidente ascendente económico e financeiro que a Alemanha apresenta. De facto, o governo de Berlim tem sustentado e mantido a aparente imagem de uma França que até há pouco apresentou ao mundo um orgulhoso AAA e sem aqueles problemas de financiamento de que hoje são exemplos evidentes a Grécia, a Irlanda, a Hungria, Portugal, a Itália ou a Espanha. Mas até quando será isto possível? Em suma, franceses e alemães encontram-se atados e bem atados para o bem de ambos ou pelo menos, naquela necessidade que a França e a Alemanha têm em manter o esquema que lhes permitiu um certo poder entre os maiores que por sinal, já não são precisamente os mesmos que conhecíamos há apenas uma geração. 

 

Outro dos temas de campanha: Hollande não resolverá o problema da presença islâmica em França. Não há que esconder o facto: é mesmo um problema, dado o evidente ultrapassar dos limites impostos pela lei geral. Mesmo que sinceramente quisesse tomar medidas verdadeiramente dissuasoras do crescente subir da absurda parada de abusos, faltas de respeito pelo poder do Estado, pelo património cultural francês e repetidas exigências e atropelos à lei, o novo Presidente não conseguirá fazê-lo, dado o caldo de cultura em que o seu país mergulhou, num auto-convencimento de um "mundo ideal" e tendente à "harmonia entre livre-pensadores" e isto, quando precisamente enfrenta uma concepção de sociedade radicalmente oposta e feroz inimiga daquilo a que os franceses designam de República no seu sentido mais lato. Centralista no trilho batido por Luís XIV e restantes Bourbons e consolidado pelo bonapartismo e seus herdeiros da IV e V Repúblicas, o Estado francês sempre quis ser o dono das consciências, continua tirânico na sua descarada religião baptizada de laicismo e é omnipresente em todos os campos de acção da sociedade. Ora, por muito que isso desagrade aos teóricos do liberalismo, decerto ninguém desconhecerá os efeitos perversos que hoje sofremos, mercê do livre arbítrio da finança que não conhece "pátrias ou desígnios", que não se compadece com os liberais interesses individuais mas sim com os números arrecadados no éter pela "matilha cosmopolita". Esta suicidária opção, conduziu à intromissão corporativa nos negócios públicos e à submissão do mundo da política caído de joelhos diante da plutocracia de todos os cambiantes, tornando impossível de identificar quem é quem e o porquê do acerto ou desastre de certas opções, sejam elas de índole económica, financeira, militar ou até, educacional.

 

Estas considerações poderão parecer caóticas e contraditórias, levando os leitores a questionar a razão desta necessidade de apresentar Hollande como o candidato mais desejável. A resposta é clássica e óbvia. É necessário que algo mude, pois temos a certeza de que uma vez mais se cumprirá a máxima lampedusiana. Em termos de redistribuição de forças políticas no jogo partidário, é possível o emergir de uma situação diversa da actual, aliás outrora apadrinhada por Mitterrand quando ao introduzir o sistema proporcional, guindou a Frente Nacional a uma posição de inegável destaque. Uma vez mais se confirma a existência de raízes comuns entre o chamado Regime de Vichy e uma parte substancial da esquerda francesa e a isto nem o próprio Hollande escapa, dada a sua proveniência familiar. A verdade é que num processo evolutivo que a ninguém surpreendeu, a Frente Nacional é hoje infinitamente mais perigosa para o sistema tradicional do que outrora jamais o foi, penetrando em todos os sectores da sociedade francesa. A menos que ocorra um milagre capaz de ofuscar o Santuário de Lourdes, nada de muito substancial se alterará, a não ser o mitigar do crescendo de vulgaridade institucional e a abertura de uma oportunidade para um discreto redesenhar da aliança franco-alemã. Os alemães têm sobre a mesa do seu teórico Kriegspiel político, algumas arriscadas jogadas que seguem a linha da velha Ost-Politik que outrora Guilherme I e Bismarck fundaram, Guilherme II desperdiçou e Hitler efemeramente reeditou com o seu comparsa de agressão José Estaline. Contabilizando todos os dados conhecidos, nem a França nem a Alemanha poderão prescindir uma da outra e muito menos ainda, delirantemente auto-convencerem-se de um "esplêndido isolamento" em relação ao espaço Atlântico.

 

Entre os principais países europeus, o declínio da França é o mais evidente e ininterrupto ao longo das últimas três décadas. Passemos então a trautear por umas semanas o refrão da já quarentona canção Paris en collère. É mesmo isto que resta, o passado, pois actualmente os franceses já nem sequer são capazes de compor e oferecer ao mundo, algumas belas melodias de sempre. Gostam do faz de conta e de brincar às barricadas, mas o fim dos ruidosos episódios, fatalmente terminarão num bistrot há uns dez anos transformado numa qualquer Pizza Hut. Que ganhe Hollande e Sarkozy definitivamente parta com a Bruni, naquele longo cruzeiro do Club Mediterranée do qual poderão ser cabeças de cartaz. Mas isto não é ainda seguro, pois Sarkozy poderá surpreender-nos uma vez mais.

 

publicado às 02:56


5 comentários

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De Anónimo a 01.05.2012 às 15:08

Você tem razão, pouco mudará. Angela Merkel deve estar mais que preparada para deixar sair um judeu e começar a falar com outro. Admiro-me da sua paciência para escrever posts tão completos e longos. Pouca gente se interessa. Preferem linhas gordas e curtas.
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De Pedro Matias a 01.05.2012 às 21:07

Acho o mesmo, o homem deve sair. Hollande promete muito daquilo que nunca poderá fazer, mas sempre se muda alguma coisa.
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De Octávio dos Santos a 01.05.2012 às 22:51

Nisto não concordo consigo, Nuno. Hollande, por aquilo que já disse e prometeu, é um «Sócrates francês» à espera de acontecer, não só ao nível económico mas também social - se ele vencer, quase de certeza que o casamento vai ter uma «versão alternativa». Sarkozy pode não ser grande coisa (nos dois sentidos), mas é o menor dos males.
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De Nuno Castelo-Branco a 01.05.2012 às 23:31

Se se limitar ao folclore, tal é de esperar. Seria muito mais perigoso se tentasse prosseguir aquilo que declara no campo da economia, por exemplo. É igualzinho a "Sarkozycrates", mas o que lá está é insuportável.
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De Luís Reis a 03.05.2012 às 12:01

Ontem confirmou-se aquilo que o seu post diz. Foi uma história de mercearia e sem grande interesse. Os franceses deviam questionar-se acerca do que deve ser um chefe de estado. Com poderes executivos? Que disparate!

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