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É com um certo prazer que observamos a queda do pudibundismo republicano, a tal "superioridade moral" ao estilo francês. O combate das "companheiras" Massonneau e Royal, já ultrapassou em muito, as disputas que há quase trezentos anos opunham a Pompadour e algumas das "amigas, companheiras e camaradas" do S.M. Cristianíssima, o Rei Luís XV. Em Versalhes, as "amigas, companheiras e camaradas" do Bem-Amado, discutiam por sedas, precedências nas vénias ou lugares no teatro da Corte. Desta vez a coisa é bem pior, envolvendo a política do Estado e a titularidade de algumas instituições.
Excelente, até porque nem a Trierweiller - aliás, Massonneau - ou a Royal, chegam aos calcanhares de uma incomparável Pompadour que ditou a moda, criou um estilo, protegeu artistas e muito fez pela haute-couture que deu à França uma das suas melhores referências.
Nuno, é que, de facto, é interessante como muitos julgam que a política é Uma Dimensão aparte dos aspectos prosaicos da existência humana, quando política é tudo que diga respeito à vida do quotidiano de um mundo mundano, passo o pleonasmo, que muito mais o é nos bastidores do poder onde interesses, não raro, se sobrepõem a Princípios, caso contrário, o mundo Era Justo...
Eu, como mulher, tenho de reconhecer que, pelos quotidianos consuetudinários seculares, as mulheres incorporaram biologicamente uma característica- grande parte aprendeu a deter um poder invisível que cauciona a tal máxima :) "atrás de um grande homem há sempre uma grande mulher!"....ora, depois de Exempla de Mulheres que, ao longo dos séculos, de uma forma ou de outra, foram lutando pela emancipação feminina, até se atingir o feminismo militante nos anos 60-70 do séc.XX com prévias preparações de partir das sufragistas, Mulheres a quem devemos muito, mas cujo fundamentalismo não faz sentido no séc.XXI, temos todos de voltar um pouco atrás e termos consciência que mentalidades seculares cristalizadas e consequentes m.o. só se mudam em séculos...Ora, de facto, em termos teóricos legalistas somos todos iguais, mas todos sabemos que são poucas as sociedades onde tal se actualiza de forma efectiva, mesmo na sociedade ocidental, principalmente nos países Latinos. Mas estava eu a dizer- muitas mulheres, face à impossibilidade de liderarem de forma directa e visível, espaços simbólicos de poder maioritariamente masculinos têm duas atitudes estereotipadas :) (a) ou são totalmente masculinizadas, anulando em si qualquer traço de feminilidade, para poderem deter alguma credibilidade, o que, per se, é um contrasenso, pois estão a negar aquilo que defendem- que é a determinação do género feminino na sua essência, colando-se à imagem de quem dizem querer destacar-se; (b) ou cultivam uma feminilidade muito viperina, serpenteante, manipuladora, por portas e travessas, modelando como a torura chinesa do pingo na testa...Ora, este tipo tb diminui o género feminino, pois não age por Princípios, mas por instintos matreiros, dissimulados, desprezíveis...
Eu creio que a verdadeira emancipação feminina assenta na assunção das diferenças a vários níveis entre os dois géneros, na não tentativa de afirmação por anulação dos traços distintivos próprios de cada um e, acima de tudo, em contrariar, pela Consciência, esse chip que nos foi incorporado biologicamente por séculos de matrizes culturais chauvinistas, demonstrando que ser-se feminina não é sinónimo de não se ser Leal, Frontal (e cuidado- uma coisa é Frontalidade outra é ná educação (não raro vejo em certos blogs uma tentativa de afirmação pelo palavreado de caserna- posso ser conservadora, mas caramba, a pessoa até se pode expressar de forma mais prosaica sem se ser tão vulgar...mas, reconheç que, por vezes, há que se falar com o público-alvo de forma perceptível, caso contrário, corre-se o risco de não nos fazermos entender...
Voltando à territorialidade da Rotweiller, claro que os ciúmes tb são uma forma de territorialidade, mas essa hipótese é completamente distinta daquela territorialidade associada à defesa de interesses. Bem, não estou aqui a falar de ciúmes obsessivos como ter palavras-passe de emails e cometer a barbaridade de se andar a controlar o telemóvel do marido/companheiro/mulher/companheira, que considero uma baixaria de todo o tamanho- eu prefiro ser mil vezes enganada a descer a esse nível, pois creio que, como a correspondência, os emails e os SMSs fazem parte do espaço simbólico de cada qual (bem, ao que esta conversa veio dar...:). Só em casos extremos de perigo e de Legítima Defesa de Inocentes é lícito recorrer-se à visibilidade da Verdade, que seria escusado ter sido revelada publicamente se as pessoas tivessem sido civilizadas e não andassem em jogos maquiavélicos, anulando e torturando os outros, o que constitui um crime ...
Um casal não é uma cooperativa, um casal é a união voluntária Amorosa de dois indivíduos que devem deter uma capacidade crítica activa distinta, perspectivas de Vida diferenciadas, mas e isso a experiência de Vida mo mostrou- Valores e Princípios Similares, senão é uma hecatombe! Logo, o ex-marido da Ségolène teria todo o direito de apoiar a ex-mulher sem que à Rotweiller lhe desse um ataque apoplético e se vingasse apoiando outro candidato! E repito :) se foi por ciumeira Amorosa, territorialidade sentimental, não agiu bem, mas ok, ao menos foi emocional no sentido de revelar Laços Afectivos pelo homem que, agora, está com ela; se foi por territorialidade associada ao poder, ao protagonismo no espaço público (neste caso, a questão do dinheiro creio não se pôr em causa, pois a Rotweiller não necessita...:), então, esteve muito mal, comprovando que de lady nada tem!
O mesmo se aplicará à Ségolène :) se agiu sem qualquer intuito de espicaçar a Rotweiller por ciúmes/ ou por interesses ou se o fez para que à outra lhe saltasse a tampa, por ainda ter Laços Afectivos com o ex-marido ou por meros interesses e daí tirar dividendos políticos!
Ora, seria muito interessante descobrir-se uma 4ª hipótese que juntasse 3 delas :) que os três protagonistas, fingindo Laços Afectivos inexistentes, mas apenas alianças e confrontos teatrais, o fizessem sabendo que a matriz da sociedade do espectáculo tb modela a política- quanto mais catalisadores emocionais, quanto mais as audiências seguem os capítulos da novela estão a ser, subliminarmente, modeladas, pois estão a personalizar os intervenientes e isso só traz vantagens aos 3- nos cafés, uns torcerão pela Ségolène, a ex-mulher, Mãe dos Filhos, outros torcerão pela Rotweiller, a actual companheira que adora o companheiro, como de uma telenovela se tratasse- e quem ganhará no meio disto tudo? O Hollande que, no palco, mostra saber enfrentar a Rotweiller (até o nome que dá origem à chalaça dá força ao plot!...:) e apoiar a sua ex-mulher demonstrando às audiências ser um cavalheiro...
....a prata da casa tb tem casos desses- olhe, está a decorrer uma Gestão de Imagem de alguém, depois de um deslize a 199 km/h, através da publicação de Cartas de Amor, por um semanário (e eu ainda não percebi como é logo neste- é algo que me está a escapar, mas talvez tenha a ver com o apoio antigo do protagonista à UNITA e do seu Filho ter caído na Jamba com um crash de uma avioneta que, segundo testemunhas, iria muito carregada; ora, arrasada a UNITA quem sempre adorou o poder não vai querer perder a oportunidade ou fazer uma pega de caras com quem tem muito mais do que ele...logo, há que fazer uma aproximação diplomática subliminar que é um 2 em 1:) (a) mais uma vez, o aproveitamento da memória curta de um povo tendencialmente amnésico, para que a sacralização do perfil da dinastia laica em questão se mantenha, através do reforço de laços afectivos (quem resiste a cartas de amor e logo de um "mártir" exilado em Paris???!!!:); (b) a construção de uma ponte simbólica com o Novo el Dorado...e o que mais se revela tétrico é que, mesmo numa terceira idade tão avnaçada a sede pelo poder é hiperbólica!