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A educação de um Príncipe Real.

por Cristina Ribeiro, em 26.07.12

Como disse já, ando tão enojada com a politiquice que se vai fazendo - " atrás de mim virá quem tão mal como eu fará -, cansada destes politicos liliputianos, que só no Passado encontro bons exemplos.

Recupero, por isso, um texto aqui colocado há já dois anos, talvez, na esperança de ver  a pedra dura da actualidade furar com a água mole que vai caindo.

Trata-se da carta de um Português que deveria envergonhar os que se passeiam pelo poder, se estes tivessem capacidade para pôr a mão na consciência.

 

                                        

« Meu Senhor

 

Quando Vossa Alteza chegou á idade em que a superintendencia da sua educação tinha que ser entregue a um homem houve por bem El-Rei nomear-me ayo do Principe Real. Foi Sua Magestade buscar-me às fileiras do exército. ( ... )

Escolhendo um soldado para vosso ayo que fez El- Rei? Subordinou a educação de Vossa Alteza ao estado em que se acha o paíz. N'esta epocha de dissolução, em que tão afrouxados estão os laços da disciplina, entendeu Sua Magestade que Portugal precisava mais que de tudo de quem tivesse vontade firme para mandar, força para se fazer obedecer ( ... )

Tão bom Rei, tão bom soldado foi D. Pedro V nos hospitaes como outros no campo de batalha, porque a coragem e abgnação são sempre grandes e nobres seja onde fôr que se exerçam e tudo que é grande e nobre è proprio de Rei e de soldado.

Não faltará ensejo a Vossa Alteza de revelar aquellas qualidades.  Não lhe escassearão por certo provações e cuidados, revezes que trazem o desconforto ao espírito. Para todos eles carece Vossa Alteza de estar preparado temperado pela educação, pelo estudo dos bons exemplos pela firme vontade de vir a ser um Principipe digno d'esse nome e do da sua Caza. E para ser Principe é preciso primeiro que tudo ser homem (... )

 

Do seu ayo muito dedicado »

 

Este excerto duma carta, dirigida por Mouzinho de Albuquerque a D. Luíz Filipe de Bragança, realça a importância da educação num futuro Chefe de Estado, relevando o crucial da autoridade ( que não autoritarismo ) que advém do exemplo.

Numa época em tudo semelhante à que então carecia desmedidamente de um homem de pulso, espera-se que esta carta não caia em saco roto...

 

 

 

publicado às 01:08


4 comentários

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De xico a 26.07.2012 às 09:06

A carta certamente cairá em saco roto. Tal como caiu Mouzinho com um tiro, dentro de um trem de praça, que ele próprio achou por bem disparar sobre si. É que os políticos liliputianos estão aí desde pelo menos meados do dezanove, e reproduzem-se... como os ratos.
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De Cristina Ribeiro a 26.07.2012 às 16:25

Temo isso: os actuais monarcas optam por outra cartilha: a da insignificância...
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De Duarte Meira a 26.07.2012 às 22:06


Minha Senhora:

«Ando tão enojada com a politiquice que se vai fazendo» ... e por isso a Cristina volta-se com lógica e elegância, para o Passado português, porque também não há (ainda) esperanças de futuro. Mas não é certamente para encontrar no Passado uma « época em tudo semelhante»!...

Não, o Passado teve grandeza nos bons e... até nos maus. Ratos como o Afonso Costa eram ainda excepções, que infelizmente sobremultiplicaram a espécie e, desde os nossos anos 80 do XX, são maioritários. E espero não a escandalizar muito, minha Senhora, se lhe disser que mesmo indivíduos como o Manuel Buíça e o Alfredo Costa, os regicidas, eram valentes para sair a lutar e morrer por ideais em que acreditavam sinceramente. Miseráveis iludidos e miserandos seres humanos, que é melhor deixarmos com Deus e a consciência plena daquilo que fizeram.

Continue, por favor, com os seus retratos históricos, que é uma boa e urgente obra cívica que a Cristina  pode fazer por nossa edificação e para nossa consolação.
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De Cristina Ribeiro a 27.07.2012 às 01:13

Muito obrigada, Duarte, por tão precioso incentivo. E tenho de lhe dar razão quanto àqueles republicanos que lutaram por uma ideia na qual acreditavam piamente, como Machado dos Santos, que depressa se desiludiu com o que ajudou a criar, vindo mesmo a ser engolido pela criatura.

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