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Sem ter qualquer tipo de pretensão em infiltrar-me na cada vez mais divertida faena do Samuel, desde já quero reiterar a minha certeza quanto à limpidez e excêntrica honestidade do Carlos Vidal. Nestes nossos dias, os partidos comunistas são exotismos tão ou mais flagrantes que aqueles outros dos tempos do consulado de Brezhnev, quando este paizinho dos povos enchia garagens e garagens com a sua colecção de viaturas de luxo compradas não se sabe como à Jaguar, Ferrari e Mercedes. Por mais que leia o 5 Dias - e faço-o regularmente -, jamais lhe lobriguei uma única linha manifestando qualquer tipo de apreço pelo actual regime vigente em Portugal. Se a memória não me falha, C.V. chegou a afirmar o seu ódio por esta democracia, justificando-o com alguns previsíveis porquês. Imagine-se o que seria no caso do PNR afirmar tal coisa em público! Neste aspecto, o blogger Carlos Vidal é infinitamente mais sério do que o Partido do seu esperado enlevo, pois embora todos conheçamos a verdade oculta por detrás do cada vez mais absurdo finca-pé do PCP atrás da Constituição de 1976 - nem que esta seja revista mais um milhão de vezes, mesmo hipoteticamente aproximando-a daquela outra da 2ª República -, o Partido Comunista não ousa afirmar qualquer intenção em liquidar o regime. Simplesmente, não tem a necessária coragem para o fazer, ou melhor ainda, nem sequer se pode dar a esse "revolucionário" luxo.
Gostaria de perguntar a Carlos Vidal, como encararia um sistema constitucional ideal a estabelecer no nosso país? Admitiria a existência de outros Partidos ou de informação veiculada para além do controlo do aparelho do PC? Se sim, qualquer um dos concorrentes poderia participar livremente em campanhas, receber fundos estatais ou privados (?), organizar manifestações e comícios? As listas seriam decididas pelos diferentes directórios partidários ou teriam estes de obedecer a critérios estabelecidos pelo PC através de um truque de prestidigitação estabelecido constitucionalmente? No inesperado caso de derrota eleitoral, admitiria o PC/Vidal qualquer tipo de alternância no poder, ou recorreria ao conhecido artifício da "não necessidade de eleições" abertas, uma vez que o "povo é que está" no poder"? Álvaro Cunhal deixou bem clara a sua opinião, quando numa entrevista a Oriana Fallaci, declarou que as eleições (de 1975) ..." não interessavam para nada". Isto, após os inesperados 12%.
Já vimos algo quanto à existência de "Partidos" ou grupos de pressão dos bem apagados esboços de sociedade civil nos defuntos regimes do leste europeu. O mais evidente era o da Alemanha Oriental, onde até os antigos nacional-socialistas - outrora perigosos concorrentes directos do eleitorado KPD - poderiam conformar-se numa espécie de Frente Nacional. Para uma rápida e bastante incompleta vista de olhos no modelo que fazia funcionar o sistema, bastará uma pesquisa de uns cinco minutos que definitivamente não serão 5 Dias passíveis de abalar este nosso paroquial mundo.
Já agora, garantimos um não, não estamos interessados na esmolinha. De qualquer forma, obrigado pela atenção.
Adenda: notem os zelosos camaradas que o Dr. Salazar é contemporâneo da geração da minha bisavó Argentina e no caso do Samuel, o caso é remetido para os seus trisavós. Tudo muito actual.