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A propósito do link aqui deixado pelo Samuel no post anterior, os portugueses deviam manifestar alguma revolta por assistirem à subida da "verde-tinto" ao mastro olímpico. Para que tal imagem fosse limpidamente legítima, seria necessário o esquema vigente merecer a ostentação, pois a verdade que há a dizer, consiste na clara denúncia da situação de total abandono a que as múltiplas modalidades desportivas têm sido votadas neste país e isto logo desde os primeiros anos da escola pública. Ao contrário daquilo que se passa nos EUA, Rússia ou China - para ficarmos por apenas três evidentíssimos exemplos -, os portugueses estão muito longe de serem profissionais do desporto e competem por sua própria conta, treinando em quase-barracões, numa daquelas agendas part-time em que inevitavelmente entram dinheiros próprios ou sacrifícios familiares. O Estado olimpicamente ignora as suas porfiadamente tentadas façanhas e apenas surge na hora do triunfo que não lhe pertence, seja através de um comunicadozito rabiscado por um assessor de terceira categoria e refastelado numa cada vez mais terceiro-categorizada Belém, ou por um dichote governamental bolsado à hora do noticiário do almoço ou do jantar.
Onde estão os outrora habituais campeões do atletismo? Temos um Obikwelu que treinava em Madrid e um Évora bastante insistente, mas nem por isso deixam de ser as excepções que confirmam a fatalidade. Que memórias restam do hóquei em patins, do tiro, esgrima, da equitação? Surge agora a canoagem como jangada salvadora e o banzé já se adivinha durante alguns momentos, querendo alguns contabilizar um feito para o qual não contribuíram minimamente.
Ficou-se o regime da 3ª República pelo futebol e nem por isso se lobrigou um único título até à data, sendo contudo esmagador, o quase astral palmarés de dislates betoneiros e de contas-crime arranjadas à mesa do orçamento do contribuinte. Em boa justiça há que sublinhar os sucessos, mesmo que secundários, do bolês nacional. Num país com uma população diminuta, sem qualquer tipo de sérios incentivos à prática desportiva - o imprestável regime ainda não percebeu que se trata de uma questão de saúde pública e de poupanças futuras no SNS! -, uns tantos cabeçudos insistem em ombrear com os melhores, os mais subsidiados e sobretudo, com gente oriunda de países onde para cada português existem nove, dez, vinte ou cem rivais em potência.
Apesar dos milhões que a Alemanha despeja nas suas diversas equipas olímpicas, estes dois rapazes ficaram a milímetros do ouro e isso é o que mais conta. É que aquela medalha de prata é deles e apenas deles.