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Um ano aziago, este de 2012. Como se não bastasse o catastrófico estado de saúde do meu pai, há perto de um mês foi a minha mãe fazer um exame de rotina. Após uma ecografia à bexiga, o relatório redigido em habitual mediquês, garantia a existência de uma "massa" na parede do dito órgão. Foi explicado que a dita "massa-deve-ser" um tumor. Assim, a minha mãe foi recambiada pela médica pública para o Hospital dos Lusíadas - estão a perceber, não estão? - onde de imediato quiseram operá-la. Em suma, uma mulher de setenta e nove anos, pronta e escorreita para a faca e crrespondente pecúlio compensador e, claro está, convenientemente direccionada para uma das tais famosas PPP. Prudente, a minha irmã encetou contactos com alguns médicos conhecidos que aconselharam quais os passos mais indicados a encetar e assim, no Centro de Saúde de Paço d'Arcos, facilmente consegui obter a marcação de uma rápida consulta no local mais apto para proceder aos necessários exames: o IPO.
Hoje, pela hora do almoço, chegou a explicação. Quando dos primeiros exames, o enchimento da bexiga fora feito por via oral. Em suma, garrafa de Luso à boca e o resultado logo viria. Hoje, semanas decorridas e após a repetição dos exames no IPO a conclusão foi bem diferente. O atencioso e competente médico, desconfiado como estava e aconselhado pela prudência, repetiu-os em conformidade com aquilo que nestes casos é exigido. A bexiga foi cheia por outra via, a directa. O resultado? Paredes da bexiga em excelente estado, não existe qualquer "massa", qualquer "tumor" que urja remover. A tal "massa" que surgira no primeiro exame, era apenas um... espaço vazio na bexiga semi-cheia de água!
Ficámos radiantes, o alívio foi imenso e voltei para casa descansado. Após algumas menos preocupadas horas, surgiu-me uma dúvida. Como é possível serem desta forma anunciadas desgraças a pacientes, sem que os médicos estejam absolutamente seguros do diagnóstico? Vê-se assim que pouco lhes importarão os traumas causados ao "doente quase-quase à beira túmulo", mas que afinal se encontra de perfeita saúde. Muito menos ainda, alguns serralheiros de estetoscópio, capitosamente se borrifarão para o resto de uma família já esmagada pela situação do patriarca da mesma.
Claro que estamos em Portugal. Claro que não existem responsabilidades, pois tudo está bem quando a coisa acaba bem. Não é?