Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Winston Churchill era senhor de uma exuberante, controversa e multifacetada personalidade. Sem fugirmos muito à realidade dos nossos dias, poderíamos até dizer que a surgir alguém com uma craveira de estadista capaz de ombrear com os maiores de um passado ainda não tão distante, esse nome chegar-nos-á da Inglaterra.
Quando rabiscou o papel que a imagem mostra, o Premier britânico limitava-se a reconhecer os factos no terreno, resignando-se a salvar o possível e desta forma assim se submetia à imprevista boa vontade do bastante irascível José Estaline. Para Estaline, a Roménia e a Bulgária significavam precisamente o mesmo que para a Grã-Bretanha, eram o Portugal de Salazar e a Espanha de Franco. A guerra corria de feição para a frente aliada e os britânicos tinham visto liminarmente rejeitado, o seu ambicioso e estrategicamente racional plano de desembarque anglo-americano no "baixo ventre da Europa", os Balcãs. O que Churchill talvez tenha minimizado, foi a ânsia norte-americana em eliminar o majestoso edifício internacional que era o Império Britânico e com ele, todos os outros que a Europa fora construindo no além-mar: a França, Portugal, Holanda e a Bélgica, automaticamente teriam de ceder pela força das circunstâncias criadas no pós-guerra. Roosevelt decidira-se por um mundo bipolar dependente de um condomínio russo-americano e pelo ocaso da Europa.
A avalanche soviética nos Balcãs e na Europa Central, ditava o fim do predomínio germânico na área, reordenando à vontade de Moscovo, uma meia dúzia de países essenciais ao equilíbrio de forças no continente. Tudo cedendo para manter a Grécia, Churchill evitava o absoluto controlo do Mediterrâneo, por uma Rússia até então contida pelos Dardanelos. Mantendo-se a Grécia, a Turquia resistiria e com ela, uma boa parte do Médio Oriente. Este pedaço de papel, vergonhoso e indecente na forma, foi contudo bastante realista no conteúdo e merece alguma reflexão. Oxalá os senhores de Bruxelas, Paris e Berlim dele se recordem. Há uma semana, aqui deixámos algumas reflexões acerca do posicionamento da Grécia no todo europeu e o que significaria a sua passagem para outra esfera de influência. A clara mudança de discursos orados por Angela Merkel e F. Hollande, talvez indiciem algo. Esperemos e veremos se compreenderam aquilo que a história tem para lhes contar.