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2012: o Estado da Nação

por João Quaresma, em 08.09.12

Foram décadas de "modernização" do país. Muitas estradas e auto-estradas, pontes, viadutos e rotundas aos milhares, combóios de alta velocidade e aeroportos, a "modernização" do ensino ano-sim ano-não, as gerações de doutores, a "modernização" da economia pela eliminação da Agricultura e das indústrias do mar, a "modernização" demográfica pela ruína do interior e pela urbanização soviética, os bons alunos de Bruxelas, os bons clientes de Madrid e de Berlim, a "modernização" do comércio pelas grandes superfícies e grandes importações, a "modernização" dos hábitos pelo fecho pela ASAE e pela multa da EMEL, das mentalidades pela "cultura" do regime, a "modernização" dos carros eléctricos e dos postos de carregamento, as energias alternativas e a falta de alternativas à energia que pagamos, a "modernização" do investimento público pelo endividamento desmesurado e pelas parcerias público-privadas, a modernidade da Expo, dos estádios do Euro e das capitais da cultura, a "modernização" da ortografia e até do conceito de família. Nunca um país foi tão modernizado em tão pouco tempo! E o resultado? É que as facturas de tanta "modernização" obrigam-nos a ser mais empreendedores:

 

«Agricultores regressam à tracção animal para poupar no combustível


O aumento do preço dos combustíveis está a obrigar alguns agricultores transmontanos a optarem pelo regresso à tracção animal, relataram hoje alguns profissionais do sector.

 

“Todos sabemos que os combustíveis estão cada vez mais caros. Os burros, depois de ensinados, são um bom auxiliar para os trabalhos no campo, o que ajuda a poupar nos gastos com o gasóleo”, disse Artur Gomes, um agricultor do concelho de Miranda do Douro, com vários anos de actividade.

Animais como os burros desempenham várias tarefas na agricultura, como lavrar, puxar a carroça, transportar pessoas e ferramentas para os campos, entre outras utilidades, o que leva os seus proprietários a afirmarem que “cada vez mais compensa trabalhar com eles”, já que são “dóceis e de fácil maneio”.

“Tenho duas burras de raça mirandesa que estão habituadas aos trabalhos do campo. São animais que me ajudam nas tarefas da lavoura e isso reflecte-se em menor gastos na aquisição de combustível para o tractor”, acrescentou.

Também Iria Gomes, uma agricultora e proprietária de quatro burros de raça mirandesa, residente na pequena aldeia mirandesa de Paradela, garante que com os seus animais lavra a vinha, arranca as batatas e planta couves. Para além destas tarefas, os animais acabam por se revelar uma companhia diária.

“Por vezes, estes animais chegam aonde não vão os tractores e sempre fica mais barato que utilizar outros equipamentos motorizados que são mais caros”, frisou.

Por seu lado, Amâncio Fernandes, agricultor em Vimioso há mais de 30 anos, garante que adquiriu um cavalo para se deslocar às suas propriedades.

Estas foram algumas das ideias deixadas à margem da secular Feira de Gado Asinino, que hoje decorreu no Santuário da Senhora do Naso, situado na Póvoa (Miranda do Douro), um certame que juntou cerca de meia centena de proprietários de burros mirandeses, uma raça autóctone com o solar circunscrito à região do planalto mirandês.

Já o secretário técnico da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA), Miguel Nóvoa, é da opinião que a utilização da tracção animal é útil e que os jovens agricultores deveriam reconhecer o valor dos animais nas tarefas agrícolas.

“Quem tiver um burro na sua exploração está salvaguardado de despesas acrescidas com máquinas agrícolas e combustíveis”, destacou o técnico.»

publicado às 13:00


3 comentários

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De Carlos Velasco a 08.09.2012 às 17:18

Caro João,


Revelar essas informações numa ditadura como a nossa é um perigo. Se algum agente do governo ler esse post, garanto que dentro de algumas semanas surgirá um movimento de cidadãos pela defesa dos direitos humanos dos burros reivindicando a melhoria das condições de trabalho dos mesmos.

Logo depois, o movimento fará uma acção de protesto, sob o olhar atento de uma legião de jornalistas, para exigir a aprovação de leis de protecção aos asnos. Depois de um mês de bombardeamento propagandístico pelas televisões, será aprovado um pacote de medidas.
Imagino que a partir daí será necessário registar os burros, pagar pelas inspecções mensais para averiguar a saúde dos mesmos, conceder um mês de férias e carga de trabalho máxima de 40 horas semanais, se submeter a fiscalizações humilhantes praticadas por agentes de mais um bando qualquer com a desculpa de se zelar assim pela segurança no trabalho dos burros, fazer uma formação, dada por algum "especialista" qualquer, que deverá ser renovada a cada dois anos, de preferência num sítio remoto e com duração de algumas semanas.
Enfim, se o regime não cair, em breve terão os agricultores que puxar as carroças, até o dia em que o governo resolver pôr o Codex Alimentarius e a Agenda 21 em prática. É nessa altura que toda a gente vai compreender o porquê dos agentes da ASAE terem passado por um treino militar em acções "anti-terrorismo".

Um abraço.   
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De Carlos Velasco a 08.09.2012 às 17:19

P.S: Peço desculpa pelas letras grandes. Não sei como isso aconteceu.
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De João Quaresma a 08.09.2012 às 18:48

Caro Carlos, eu vejo isto como uma jogada muito pragmática da parte dos agricultores. É que de certeza que a burrice não vai ser taxada: ao legislador não interessa nada que esse imposto exista.


Abraço!

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