Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Bom dia a todos.
Segundo sondagens realizadas este mês na Grécia, o partido Amanhecer Dourado, de inspiração Nacional-Socialista, colheria 12% dos votos em hipotéticas eleições legislativas.
De acordo com as mesmas fontes (na Grécia é costume haver diferenças grosseiras entre as várias sondagens, uma vez que existem, salvo erro meu, oito entidades públicas responsáveis pelos inquéritos) o Syriza, da Esquerda Radical - portanto os socialistas da maralha, versus os socialistas do taco de baseball mencionados em primeiro lugar neste post - iria com 31%.
Este valor é superior ao do partido que formou governo aquando do último sufrágio, o Nova Democracia, e que é por seu turno um partido socialista de persuasão centrista e tecnocrática.
Decerto conseguiremos detectar o denominador comum a todos estes nossos heróis, mas nem é por aqui que segue a história; e até porque apesar de tudo, das minhas visitas a Atenas, onde tenho um punhado de amigos, duas coisas retenho. Uma, nunca fui apanhado numa manifestação violenta que não tresandasse à presença de grupelhos radicais; e outra, não ouvi nenhum dos meus amigos, que se distribuem por diversas classes sociais, exorbitar em devaneios despesistas, nem apelar à engorda do Estado.
Quer-me parecer, por tudo isto, que a Grécia é, em tudo, Portugal à distância de uns poucos meses, como sempre o disse, efeito este que será extensível à Espanha, porém neste caso pejado de maior incerteza devido à absoluta diferença de escala entre esta economia e as anteriores.
Ora eu vi, em 2008, Die Welle (A Onda) que é um filme alemão realizado por Dennis Gansel. Ali é ilustrado o percurso de Rainer, um professor de Educação Física e Filosofia (só isto já dava um tratado, porque em Portugal, a ser possível, exigiria dúzias de licenças, certificados, e as respectivas taxas) que um dia decide evoluir na sua carreira, através de um projecto numa das turmas à qual lecciona.
Rainer começa por colocar, na aula, a questão "quantos de vós acham possível a Alemanha regressar a uma ditadura?". Naturalmente, de entre os petizes, que no caso em apreço são alunos do Secundário, nem um responde pela afirmativa, havendo mesmo alguns a ter reacções de choque e de assombro. Como é que a democracia permitiria isso, inquirem uns; as pessoas agora têm outra cultura, decidem outros.
O professor toma então entre as suas mãos a tarefa, por meios a início subreptícios, de verificar a razão da maioria.
Seria vil e contraproducente contar como se desenvolve e termina o filme, por isso recomendo que o vejam. Com uma dedicatória especial ao meu confrade João Quaresma e aos demais que ainda, por serem talvez melhores pessoas que eu, têm a crença de que a democracia, e com ela o acto eleitoral, não se encontram viciados.