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Mais do que a remodelação no Governo ser inevitável, o que é imperioso é a remodelação do desgastado e desanimado Governo de Pedro Passos Coelho, ou seja, a sua substituição por outro, não necessariamente de diferentes cores partidárias, mas, pelo menos, com outro líder e sem que haja recurso a eleições, que quase ninguém deseja. Passos dá mostras diárias de público desnorte e incompreensão do País. Os portugueses não percebem Passos e Passos não percebe os Portugueses.
Ponto final. Parágrafo.
E quando aqui se chega mais vale partir para outra. O PSD profundo já o percebeu. O CDS sabe-o de há muito. Agora falta que as "forças vivas" afastem o líder, ou este se auto-afaste, e mudar. Vários candidatos da área do PSD poderiam ser apontados para uma tarefa ciclópica mas que não deixará de ter o Parlamento como necessário suporte à espinhosa missão de governação pós-Passos. Luís Marques Mendes - o homem com maior capacidade de análise e previsão política em Portugal - tem a desvantagem de ter chegado cedo de mais à presidência do PSD e, dificilmente, "a água corre duas vezes debaixo da mesma ponte". José Eduardo Martins, de uma geração mais nova, mas com a experiência que Passos não tem, teria certamente dificuldade imediata em trocar a advocacia por uma tarefa gigantesca de liderança, sem prejuízo de, eventualmente se poder perfilar para participar numa nova e eficaz solução de governação. A hora é pois, e claramente, de RUI RIO. E Rio está na linha da frente para a protagonizar, como o escrevemos há semanas aqui nestas páginas, aliás de forma isolada até ao momento em toda a blogosfera portuguesa. Bem aceite em Belém, Rio mantém uma auréola de grande rigor de actuação junto da opinião pública, não se vergando a quaisquer pressões, nem mesmo as do poderoso FC Porto. Com formação germânica, que admiramos por, a exemplo dele, a compartilharmos (enorme vantagem para Portugal porque sabe como os teutónicos pensam e a forma mais eficaz de os convencer), Rio junta o rigor de gestão alemão ao conhecimento que tem da realidade nacional. Mas, ao mesmo tempo, o necessário distanciamento das estruturas partidárias laranjas, que sempre fez questão de cultivar. Rio tem dado nas últimas semanas discretas, mas relevantes, notas públicas da sua disponibilidade. Em primeiro lugar porque pôs o dedo na ferida e apontou, e bem, as falhas da actual governação e do sistema partidocrático existente, defendendo, ao contrário de quase todos, o "aumento do prestígio dos políticos", contra os "poderes fácticos fortes". Por outro porque deu mostra pública de saber fazer a ponte com o PS, ao condenar, e bem, "linchamentos na praça pública. Ademais aponta caminhos acertados e diferentes, coisa que mais ninguém faz nos últimos tempos, pelo menos dentro do PSD. Tem, por último, que não em último lugar, uma grande vantagem: é bem aceite pelo parceiro de coligação CDS, que lhe reconhece competência técnica e política, coisa que nunca aconteceu com o impreparado Passos, um produto exclusivo, mas falhado, de uma, até então, aparentemente bem urdida campanha de marketing do seu mentor, Miguel Relvas.
Post scriptum - Uma última nota, em antecipação e exclusiva para os potenciais detractores deste meu post, falível como não pode deixar de ser, quando se abordam matérias políticas com um elevado grau de futurologia: não conheço Rui Rio e, ao invés de muitos, não aceito "encomendas". Ademais sou monárquico, logo aposto, e luto, mas de forma democrática, pela queda do Regime. O que não significa que, entretanto, não possa contribuir, através da análise e de apresentação de propostas políticas para que este, enquanto existir, não possa trazer mais felicidade aos Portugueses. Afinal, não é para isso que serve a Democracia?