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Por Adolfo Mesquita Nunes:
"Temo bem que, com o enquadramento constitucional que temos, e não existindo qualquer disponibilidade socialista para o rever, estejamos de facto sem verdadeiras alternativas, obrigados a cortar toda e qualquer despesa que não toque na dimensão do Estado, porque a Constituição não deixa. E não há forma justa e eficaz de o fazer, porque o problema continua lá. A Constituição, feita para nos proteger, está, afinal, a condenar-nos, com maior ou menor sentido de justiça, à mera gestão do declínio."
À laia de conclusão, é forçoso sublinhar o facto de o debate acerca da revisão do actual enquadramento constitucional ser totalmente inexistente. Nem a consumpção lenta do país nas inclementes garras da crise é capaz de provocar uma comoção nacional que desvele de vez a exaustão do regime. O célebre grito rimbaudiano de "mudar a vida", alcandorado a lema de mudança - que bem nos faria juntar à apoteose poética do bardo francês, a genuína vontade de alterar a putrefacção reinante - jamais terá mutatis mutandis um amplo seguimento em terras lusas. Aqui mudar a vida é, sobretudo, manter tudo como está.