No passado mês de Agosto, o Paulo Cunha Porto, do blogue
As Afinidades Efectivas, lançou um repto muito interessante aos seus leitores: se pudéssemos falar com personagens do passado, com quem quereríamos dialogar- respondi que uma dessas pessoas seria Vitorino Nemésio, e a outra era Fernanda de Castro, autora do primeiro livro que li, nas minhas primeiras férias escolares, acabada a primeira classe, numa altura em que ainda era o meu pai quem me seleccionava as leituras- «Mariazinha em África».
E lembrei-me agora dela porque, ao fazer uma busca no Google deparei com um seu poema, num blogue que lhe é dedicado:
Asa no espaço, vai pensamento!
Na noite azul, minha alma flutua!
Quero voar nos braços do vento
Quero vogar nos barcos da Lua!
Vai minha alma, branco veleiro
Vai sem destino, a bússola tonta
Por oceanos de nevoeiro
Corre o impossível, de ponta a ponta
Quebra a gaiola, pássaro louco
Não mais fronteiras, foge de mim
Que a terra é curta, que o mar é pouco
Que tudo é perto, princípio e fim.
Castelos fluidos, jardins de espuma
Ilhas de gelo, névoas, cristais
Palácios de ondas, terras de bruma
Asa, mais alta, mais alta mais
