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(imagem daqui)
Portugal está podre. E está podre não só pela acção dos carrascos da nossa autonomia nacional, como pela omissão de todos os restantes. Em especial, de todos aqueles envolvidos na academia e na política, pilares fundamentais de qualquer democracia saudável. Já nem falo da qualidade do sistema de ensino. Refiro-me apenas à generalidade dos indivíduos que em maior ou menor grau controlam verdadeiramente estes dois círculos. Há académicos e políticos "bons", isto é, que independentemente do seu trabalho, são genuinamente boas pessoas, íntegras e honestas? Há, mas geralmente não são actores relevantes no controlo dos respectivos sistemas em que actuam. Os que verdadeiramente controlam, na sua generalidade são medíocres e mal formados. Portugal transformou-se num imenso esgoto onde a putrefacção tornou o ambiente irrespirável. Mas isto aconteceu não só pela acção destes ignóbeis indivíduos, mas também pela omissão dos restantes, e por estes compactuarem, ou melhor, compactuarmos, com aquilo que muitos de nós sabem que acontece, que é injusto, que é errado, mas contra o qual ninguém diz nem faz nada - sabendo-se que quem por aí envereda normalmente acaba em maus lençóis. E porque compactuámos e compactuamos com estas coisas, era apenas lógico que se tornassem dominantes e normais na sociedade portuguesa. Perdeu-se completamente o sentido de justiça em Portugal. O país é um enorme esgoto de corrupção, que começa no Governo e na Assembleia da República, qualquer Governo e qualquer Assembleia da República, e perpassa todo o aparelho estatal, o funcionalismo público, as autarquias e as universidades. A democracia portuguesa não se vai reformar, não só porque aos controladores do regime não interessa que se reforme, mas também porque nem sob protectorado, em estado de necessidade, se conseguiu reformar, já que o memorando de entendimento com a troika não tem sido cumprido no que à reforma do estado diz respeito. A III República já morreu, mas o seu óbito ainda não foi declarado. O regime vai implodir, mais cedo ou mais tarde. A quem eventualmente leia isto, digo apenas que não só não estou em Portugal, como provavelmente não estarei quando o regime implodir. Mas quando isto acontecer, se os portugueses e portuguesas, homens e mulheres livres e de boa fé, quiserem regenerar Portugal através de um regime assente nos princípios da liberdade e da justiça, que não compactue com aquilo que apodreceu a III República, contem comigo, naquilo que possa ser a minha parca contribuição para um futuro mais digno para todos os portugueses que aquele que actualmente enfrentamos. Tenham bem presente apenas isto: não se conseguirá empreender tal projecto se os senhores feudais que controlam actualmente o país forem mantidos no poder, nas estruturas que já referi. Sem um saneamento básico nacional, esta empresa estará falhada à partida.
Portugal não está
podre... Podre está a fonte dos seus males, uma classe de gente que engordou a
ideia de que a mestria e a inteligência são predicados exclusivos dos
académicos. Como pode um académico gerir um País com um conhecimento
fraccionado, sem se alicerçar na experiencia, como se fosse possível
programar-se uma sociedade numa folha de excel, só com conhecimento científico.
Não, uma sociedade tem que ser gerida por pessoas, gente que também mexe com as
mãos nos problemas e não exclusivamente com o cérebro, o conhecimento empírico
é irremediavelmente superior ao científico, não há volta a dar, quando tudo
descamba é com as mãos que desbravamos a terra e refazemos caminho. Por isso,
quando se projetam resultados baseados exclusivamente em modelos científicos,
temos como resultado esta parafernália de dramas sociais, este caminho que nos remete
ao inferno. Também é cómodo verberar a podridão do sistema, lá longe, onde
outra gente se debate com a mesma veemência para depurar o quotidiano desta
classe de académicos infestados de sapiência inócua, mas como se sentem
estrangeiros justificam-se da inércia e do cómodo laxismo, lançando mão de tudo
maldizer onde não se está. Coragem meninos.