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Não está em Berlim, Roma ou Moscovo. Ergue-se na Baixa de Lourenço Marques e aqui se situava a Fazenda do Estado de Moçambique, numa época em que o funcionalismo público era apenas uma fracção daquilo que hoje temos

 

Sabendo-se que o grosso da despesa pública respeita a salários, pensões, serviços de saúde e ensino - o nosso Estado Social -, não se compreende onde é que a oposição sonha encontrar mais pano para cortar. A menos que os indignados, Sr. Cavaco incluído, queiram reduzir o funcionalismo público para aquele nível dos tempos do Império - um cômputo três vezes inferior numericamente, apesar da enorme extensão dos Estados Ultramarinos e respectivos e competentíssimos serviços públicos, crescimento da economia em mais de 5%/ano, etc., etc. -, pouco nos ocorre para irmos em auxílio do aflito ministro Vítor Gaspar.

 

Os sacrifícios serão melhor aceites e compreendidos, se existir uma plena explicação dos mesmos, cabendo ao governo a urgente e obrigatória divulgação em termos de "livro branco", de números que envolveram negócios, tramas jurídicas das já hoje reconhecidamente intocáveis PPP e claro está, as tais famosas mordomias do estilo "era só o que mais faltava passarmos a andar de Cíio!"

 

Imitem os órgãos do luso poder republicano, aqueles bem conhecidos e bons costumes das Monarquias nórdicas. Corte o governo no automobilismo militante, ajuramentado e gratuito. Corte nos cartões de crédito à conta dos ministérios e outros serviços do Estado. Acabe de vez com as ajudas de custo, aponte a dedo os pretensos reformados que recebem a sua pensão enquanto desempenham outras funções oficiais - o bem republicano e escandalosamente indecente caso Cavaco Silva, por exemplo -, ponha um ponto final nos subsídios de habitação alfacinha de gente de Lisboa eleita por Coimbra, Viseu ou Braga. Definitivamente corte as asinhas às já esquecidas viagens de luxo e à conta do Erário. Arrume de vez com o "chóferismo" a eito e outras manigâncias que são afinal, um perfeito resumo daquilo que o regime há muito é. Nada disto é muito significativo para o cercear da opressiva dívida pública que nos trouxe o humilhante regime de protectorado estrangeiro, mas sem medidas simbólicas - as tais "ninharias" de fazer encolher os ombros dos hierarcas - não existirá qualquer grau de confiança, tal como a inexistência de um altar e de paramentos num templo, significa uma fé estranha à comunidade.  

 

Expliquem o porquê das dezenas de milhar de milhões que deram sumiço. Publiquem preto no branco os acordos celebrados com entidades portuguesas e estrangeiras, mostrem-nos os nomes  e os respeitantes números da ruína. O país tem o direito e exige saber toda a verdade, não havendo mais espaço para abusivos confidencialismos de pestífero odor mafioso.

 

Sem isto, nada feito.

 

A oposição - incluindo aquela existente em Belém, dentro do caótico PSD e do estranhamente oportunista e desleal CDS - bem poderá grasnar o que bem entender para o preenchimento das fastidiosas novelas telejornaleiras, mas os números a exibir são facilmente compreensíveis por uma imensa maioria que no íntimo, não desconhece as escondidas causas deste desastre nacional. De qualquer forma, mais tarde ou mais cedo ficaremos todos cientes de uma boa parte da realidade.

 

Terá o governo a coragem para enfrentar a verdade e ao povo dizê-la sem punhos de renda? Duvidamos.

 

Apenas ao poder compete a escolha do caminho do bunório, evitando o previsível pancadório

publicado às 20:17


6 comentários

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De Anónimo a 16.10.2012 às 21:27

A realidade existe, mas se soubermos negociar, há soluções que contemplam o respeito pelos que pagaram impostos, pelos reformados, etc. Este PSD, o actual, ou melhor, grande parte dos seus actuais dirigentes, deveriam ser exterminados. Se Sócrates foi um irresponsável e um bandido (sem dúvida), estes nojentos não o são menos. Criticam os socialistas, por taxarem todos de forma a quase ninguém poder ganhar dinheiro. E que fazem estes pistoleiros?
Como é mais que claro e tem sido afirmado poor várias personalidades, este orçamento não é exequível e não haverá nem de perto, receita para que os objectivos do déficit sejam atingidos. São tão estúpidos e tão burros, que chegam ao ponto de taxar o Euromilhões, em que a adesão dos diversos Estados, implica a aceitação da não taxação dos prémios -  muito simples, fazer online de um qualquer outro Estado aderente e em caso de prémio, viajar para esse País e depositar no banco local. Criticam os socialistas por taxarem tudo, mas estão a fazer pior -  em Portugal ninguém pode ter bens ou ganhar dinheiro - são muito estúpidos.
A economia paralela já atinge proporções alarmantes (e muito mais aumentará) e só se compreende que quem apoia este tipo de medidas com este horizonte temporal, ou nunca pagou impostos, ou acha que só ele/a trabalha/ou e merece recompensa, ou pensa que o conhecimento não é extensível à populaça, ou acha que certos bens existem para essa certa 'elite cultural'. Os tais que até há pouco mais de um mês, pensavam ser impossível que a tal populaça abrisse os olhos. Na Lybia, por exemplo, até um mês antes da queda e assassínio de Khadafi, também muitos pensavam impossível essa mudança.  
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De Nuno Castelo-Branco a 16.10.2012 às 21:36

Sabe? Parece-me que estamos em Setembro de 1909. Não tem essa sensação?
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De Anónimo a 17.10.2012 às 01:06

Penso que não há outra opção que não a queda deste regime podre, inde impera a corrupção, o domínio do poder político e económico por gentalha inqualificável, a falta de escrúpulos e como tal, as semelhanças com Set 1909 são cada vez acentuadas.
Se de facto isso se concretizar, penso que iremos assistir a convulsões sociais graves (nada de cravos), pois a raiva e a frustração de diversos sectores da sociedade é cada vez m ais notória. A via do diálogo ou da concertação, com gentalha desta laia, está fora de questão.
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De VH a 17.10.2012 às 10:08

Concordo com tudo o que se disse, desde o texto aos comentários. Porém, pessimista como sou, não tenho dúvidas que o regime vai cair (até aqui tudo bem); parece-me é que o que virá a seguir não augura nada de bom.
A minha esperança, para contrariar o meu pessimismo, é que ainda exista um resquício de massa cinzenta, por mais ínfimo que seja. Muita falta nos fez e faz grandes "pensadores universais" como outros países tiveram: não tivemos um Victor Hugo, Bertrand Russel, um Karl Marx, um Freud, Marcel Proust, Popper, Mozart, Kant, Picasso, Balzac, Kierkgaard. O nosso QI pouco transpôs a fronteira, não obstante alguns vultos que por aqui passaram, mas não o suficiente para nos afirmarmos como um país inserido numa Europa moderna (confesso que nem sei bem o que isso quer dizer). É esta falta de massa cinzenta que me assusta. Tivemos Pessoa... mas não foi em vida que o seu pensamento se tornou visível.
Gostava, muito sinceramente, de estar completamente enganado.
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De Filipe Ramos a 17.10.2012 às 12:08

Penso que não está a ser pessimista. Infelizmente, está a ser realista. De facto, um dos grande problemas que temos neste País, é que a massa cinzenta, em vez de ser aplicada no desenvolvimento sustentável e na tomada de decisões inteligentes, centra-se, maioritariamente, no saque e roubo dos dinheiros públicos E PRIVADOS (ex: gestores inúteis, pagos a peso de ouro, em empresas que só geram prejuízo), na prepotência e na arrogância com que se tratam os mais fracos e os idosos, no desdém os que estão em posições menos favorecidas da escala social e empresarial, etc., etc.
Esta escumalha precisa mesmo duma lição. E duvido que isso possa acontecer sem que algo de muito grave se passe neste País.
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De Nuno Castelo-Branco a 17.10.2012 às 15:45

Creio que no íntimo, já muitos estão à espera disso mesmo. 

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