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Longe vão os tempos em que retirava um certo prazer da leitura habitual da blogosfera política dita de referência. Os textos e temas são cada vez mais repetitivos e o suposto pensamento livre que caracterizou e mobilizou muita da blogosfera contra os governos socráticos deu lugar a um pensamento cada vez mais amorfo, comprometido, simplista e muitas vezes demagógico. O maniqueísmo desbragado vai fazendo escola, provocando um certo fastio, já para não falar na escrita cada vez mais descuidada, talvez dando primazia a um certo imediatismo que, se é muito próprio dos blogs, não deixa de ser sintomático de uma infeliz adaptação a um certo tipo de jornalismo. Por vezes chego a ter até a sensação que certas redacções e a Assembleia da República se deslocaram para a blogosfera, ou que esta se tornou uma extensão daquelas. No fundo, a blogosfera vulgarizou-se, partidarizou-se e perdeu profundidade. Talvez seja eu que, ao fim de 5 anos de Estado Sentido, esteja um pouco cansado. Sinto, contudo, que vários bloggers que me habituei a ler também alinham um pouco por este diapasão, já não sendo tão assíduos e não trazendo com tanta frequência novos temas e abordagens originais. Ainda assim, falando concretamente de bloggers, ocorrem-me três excepções neste panorama depauperado: o Filipe Faria (O Insurgente), José Pacheco Pereira e o Dragão. Retêm uma profundidade e uma elegância ao alcance de poucos. Vale bem a pena segui-los, mesmo que por vezes se discorde do que escrevam.
P.S. - Por decoro, obviamente não me referi ao Estado Sentido na avaliação supra. Felizmente, nesta casa ainda se trata o português com respeito e a liberdade, mais do que apregoada, exerce-se. Acima de tudo, agradeço aos meus caros colegas pela qualidade que conferem a este blog, pelo privilégio que me dão de os poder ler aqui, e por suprimirem a minha cada vez mais parca assiduidade sem, contudo, se aborrecerem comigo.