Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Haverá alguma alma caridosa que me explique o porquê da possível - e desejável a meu ver - eleição de Mitt Romney representar, segundo as rabugentas palavras de Miguel Sousa Tavares, um "retrocesso terrível"? A ideia peregrina, que perpassa alguns estamentos da intelectualidade que tem poiso habitual nos media, de que Romney é um perigo político que deve ser travado a todo o custo, é um daqueles arroubos pueris que amiúde atingem gente muito bem formada. Obama foi uma decepção em toda a linha que, curiosamente, tem vendado as vistas de uma esquerda sem programa nem espírito. O Henrique Raposo, com alguma ironia - e mestria, diga-se de passagem -, descreveu Obama como o pretinho salazarista, em virtude do debate eleitoral estadunidense estar arrimado em bases bem diferentes das que presidem ao debate político europeu. É certo que nos EUA não se verificam os arrebatamentos, tão próprios de uma Europa em crise, em torno do agonizante Estado Social, contudo, Obama e a sua entourage, por mais que se negue o contrário, ajudaram, com a sua inépcia sufocante, a protelar a resolução da crise económica americana. A candidatura republicana é passível de muitas críticas, resultado, sobretudo, das suas insuficiências programáticas, porém, criticar Romney por, supostamente, ter como substrato ideológico um distributivismo pró-ricos, revela um primarismo político que, infelizmente, domina muita opinião dita e publicada. Romney pode perder, e é bem provável que perca, mas Obama, vencendo ou não, não terá a sua aura messiânica rejuvenescida.