Arnold Schoenberg, Um Sobrevivente de Varsóvia, 1946
Por vezes, ouvir a genialidade de Arnold Schoenberg dirime qualquer dúvida que possamos ter a respeito da legitimidade do belicismo defensivo protagonizado pelo Estado israelita.
O belicismo defensivo de qualquer povo é legítimo. Misturar essa legitimidade com o que aconteceu com o holocausto nazi, dá asneira. Se Israel tem legitimidade para se defender, já não me parece que tivesse legitimidade para se ter formado como se formou, baseado num massacre em que os palestinianos nada tiveram a ver, passando a vítimas para descanso da memória dos culpados. Sabendo até que o sionismo é muito anterior ao holocausto. Misturar estas coisas dá sempre asneira. É quase o mesmo que legitimar a não audição de Wagner em Israel. Schoenberg é bom, porque é bom. Israel tem legitimidade para se defender porque nenhum povo deve ser mandado para o matadouro. Os palestinianos têm legitimidade para atacar lutando pela sua terra. Agora resolva esta equação, sem necessidade a ir buscar tragédias que não têm a ver com o sítio nem com o tempo.
Não vou entrar na discussão, estéril e pouco produtiva, acerca da justeza ou não dos actos do Estado de Israel. O que quis ressaltar com esta posta foi, sobretudo, o sofrimento hiperbólico que desde sempre acompanhou o povo judeu. Schoenberg ilustrou como poucos essa viagem pelo inferno.