Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Mais um magnífico e inspiradíssimo post do Dragão, cuja leitura integral constitui um regalo intelectual. Ficam alguns excertos para abrir o apetite:
«Toda esta gente, bem no fundo, padece apenas dum mal das tripas -dado que neles o aparelho digestivo é mais complexo que nas pessoas normais, fazendo o cérebro parte crucial dele, na forma de tripa superior, ou intestino grosseiro -, que se resume num nome simples:: estrangeirite. Se o resto da europa tinha tido, nós também tínhamos que ter. Fascismo, claro. Se os outros partidos comunistas se tinham coberto de glória na luta contra a besta fascista, era imprescindível que eles não ficassem na hora do desfile triunfal. E assim, da noite para o dia, em patrocínio da farinha Amparo, o país amanheceu não apenas inundado de socialistas, comunistas e social-democratas efervescentes, aos molhos e aos saltos, mas, todos eles, com kit e curso anexo de antifascismo instantâneo e, em muitos casos, por correspondência. Ou mera osmose manifestante.
Este antifascismo de alguidar continua presente nos actuais anticoisos, só que reforçado agora dum anti-socialismo belicoso de ocasião. Porquê? Porque pertence ao passado, o putativo socialismo, e como lhes compete varrer e romper com todo o passado, urge obliterá-lo sem dó nem piedade. E mesmo que já não exista enquanto realidade, mas apenas enquanto fantasma, trauma ou resquício, isso só amplifica a urgência e o alarido extirpador. Em nome de quê? Já nem se percebe bem. Qualquer coisa que há lá fora, qualquer receita estrangeira. Tanto melhor quanto agora, mais que copiada estupidamente, até é imposta e administrada pelos próprios estrangeiros. E nem já a crédito, ou engodo, como a desbunda anterior, mas a descrédito, e por castigo de todos os pecados colectivistas, como manda a boa prática sado-masoquista. Do Portugal SA, passamos assim, sem transição nem anestesia, ao Portugal S&M.
(...)
Os anticoisos esquisitos, avançados mentais da hora presente, também estão imbuídos da convicção plena que para fazer a economia crescer é imprescindível primeiro reduzi-la a quase nada. (É consabido que crescer a partir de quase nada é bem mais fácil e provável do que crescer a partir do que quer que seja em dimensão apreciável. Do nada fez Deus o universo, e do zero qualquer unidadezinha que seja bota figura. Aliás, quando o crescimento no 1º mundo se torna proplemático ou periclitante, nada como regredir o país ao terceiro para vê-lo ganhar balanço e trampolim).
(...)