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Naquela minúscula, quase insignificante faixa de terra que de imediato nos faz recordar uma região homónima que nos encheu páginas de livros de história com os nomes de Mouzinho de Albuquerque e da sua Némesis, o Gungunhana, volta a ouvir-se o silvo dos mísseis e o metralhar das armas automáticas. Se a situação no Médio Oriente já se encontrava num crescendo de belicosidade, a incursão israelita em Gaza, insere-se num padrão de escalada que apenas poderá ter como alvo o Irão e os seus aliados regionais.
Este episódio teve início já há alguns dias, sabendo perfeitamente os dirigentes do Hamas que o lançamento de mísseis contra alvos israelitas teria uma rápida resposta. A estratégia não poderá deixar de a todos parecer intencional e assim estamos perante o possível alastrar do conflito sírio a um âmbito mais vasto e muito mais perigoso, no qual os contendores principais serão os israelitas e os persas. Talvez o governo de Netanyhau esteja a contar com a profunda desconfiança e espectável neutralidade dos países árabes, temerosos de um Irão armado de armas nucleares e apoios na Síria, Iraque e Líbano. A chuva de 500 mísseis que caíram em Israel, não poderá deixar de ser encarada como uma intencional provocação e os dirigentes iranianos poderão ter tido alguma influência no despoletar de mais esta crise.
A verdade é que esta guerra parece ser conveniente a ambas as partes e a incursão na Faixa de Gaza poderá ser o prelúdio de uma operação mais vasta, esperando os israelitas uma retaliação do Hamas e ser assim responsabilizado o tutor iraniano. Há quem avente a certeza de uma guerra cirúrgica visando as instalações nucleares que o regime dos aiatolás fez espalhar pelo seu território, mas não existe qualquer certeza acerca do verdadeiro potencial bélico com que Teerão conta, além de serem possíveis ataques directos directos ao território de Israel, dada a situação dos aliados do Irão no Líbano e na Síria. Neste último país, este distrair das atenções para outras áreas do Médio Oriente, poderá servir os interesses do regime de Assad, levando-o a um supremo esforço que liquide a oposição interna e os seus apoiantes brigadistas, armados e financiados por alguns países pró-ocidentais. Resta-nos então aguardar a evolução dos acontecimentos e verificadas as díspares posições dos países muçulmanos, a capacidade ou vontade da administração norte-americana do exercício da sua influência sobre israelitas e outros aliados .