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Ricardo Lima, Os Portugueses não são números:
«A quadrilha tecnocrata que a academia pariu, embriagada nos títulos que a pompa, a circunstância e a graça do financiamento público garante, erra. E não erra por se enamorar da matemática, fiel amiga do saber. Erra quando por ela se obceca, esquecendo outras prendadas garotas cujos cantares são fulcrais ao feliz entendimento de uma nação, do seu povo e das suas efemérides.
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A pretensão de salvar o país com modelos matemáticos saídos de empurrão de umas tantas cubatas cimentadas a que os mais visionários resolveram apelidar, quiçá por simpatia, de Universidades e Institutos é o mesmo que pretender salvar o Casamento com rosas, bombons e travessias de ferry a Marrocos. Ao início parece que tudo vai correr bem, a quem está de fora o cenário é positivo, até se deparar com um mancebo magrebino no próprio leito. Ora, no pós-operatório desta road-trip literária, retorno ao início. Da muitas sodomizações ao latim que a esquerda-caviar do rojão e do favaios promove, “os portugueses não são números” é dos poucos chavões cujo conteúdo foge ao desnível comum.
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Querer fazer política rejeitando não só os modos de ser, as tradições, a cultura e os valores de cada um e das comunidades em que este se projecta não é apenas imoral e imprudente. É, sobretudo, a receita certa para uma barracada de proporções astronómicas.»