Há na montanha, ao vivo, a História Viva.
Recalcaram sôbre ela as as várias gentes:
Peregrinos, ou nómadas, ou bárbaros
Condusidos por Átilas e Césares;
Mas passaram: lá vão...Nos seus recóncavos
- E como o liquem agarrado à pedra -
Para sempre ficou a Raça estóica.
Reboa na montanha uma só fala,
Primígenas raizes dum só verbo.
Não assim a falaz babel oceânica,
Onde todos os rios balbuciam
A língua natural das várias fontes.
A montanha é estável, fidelíssima;
Subversivo é o mar, confuso e múltido.
As vagas - quási sem nenhum desígnio -,
Estas atrás daquelas acorrendo,
Embatem, no recontro, a espúmea fúria
Das que voltam na espuma da ressaca...
Desordenadas tribus do Deserto!
Não apenas um íncola, seu hóspede,
Mas terrantês, extático aborígene,
Há na montanha um impassível povo.
Há nela um bem sei quê de Majestade,
De Realeza a todo o fundamento.
Formando pátrias, enfrentando pátrias,
Já soberanas Dinastias houve.
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E também a montanha é religiosa.
Tem a soidade mística de ascetas,
Nos fundos ermos meditando e orando
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Antonio Corrêa d'Oliveira, « Elogio da Monarquia »
Toda a razão, Duarte Meira: " Ao nível do melhor que se escreveu na literatura portuguesa em todos os tempos. "