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O ensinamento vem de longe, do tempo em que o PC era uma criança de teta, hábito que por muitos anos manteve, sequiosamente esmifrando os opulentos seios da mãezinha soviética que lhe deu sustento. O pai Estaline ensinar-lhe-ia o b-á-bá dos procedimentos, aliás criteriosamente seguidos pelos partidos irmãos. O ódio mortal à social-democracia que lhe "roubava" apoios - devia preocupar-se mais com o meio irmão nacional-socialista - que jamais lhe pertenceriam e que apenas seriam seus naqueles exóticos delírios de uma imaginação fértil, teve como representante máximo da praxis exclusivista, o já há muito defunto primogénito, o KPD. Apesar de repetente nas matérias prodigamente ministradas por todos os povos europeus - a começar pelo russo -, o actual chefe da lusa-tribo, o Excelentíssimo Senhor Jerónimo de Sousa, tudo esqueceu e pouco ou nada aprendeu.
No rescaldo da evocação saudosista do totem de alva cabeleira que durante décadas lhes garantiu o até sempre, o Supremo Congressista mostrou-se muito aberto àquilo que designa de "convergência de esquerda". O que significaria tal felicidade? Resumidamente, a união de todos os partidos que se reclamam de lutas, amanhãs qualquer coisa entre muros e promessas eleitorais repetindo 97% sobre 97,9% indefinidamente.
Em suma, o PC quer a participação do Partido Socialista numa Frente de Esquerda, desde que o timoneiro seja o próprio PC coadjuvado pelos satélites mais próximos. Quer um PS que o siga sem tugir nem mugir e que "não seja burguês", quando o PS apenas conforma aquilo que há muito é a sociedade portuguesa: teimosa e gostosamente burguesa. Utilizando as palavras há quase quarenta anos proferidas pelo Grande Totem, o PC estaria para o sistema político nacional, tal como o Sol existe para a Terra. O PS, esse enorme Júpiter, seria o frígido planeta gasoso onde vivalma aterraria.
As coisas são como são. O PC quer continuar a ser aquilo que sempre foi e estando no seu pleno e justíssimo direito, rejeita um PS que continuará a ser como desde 1973 o conhecemos. O Partido Socialista é algo de muito diferente daquel'outro mais original e nascido na Monarquia Constitucional. Passaram cem anos, o mundo está mesmo muito diferente e enfrentando os factos, o PS não tem outra hipótese por mais excêntrica que seja, pois o mínimo desvio transformá-lo-ia numa redição da UEDS ou numa repetição do grupinho do Manecas das Intentas.
Felizmente há coisas que não mudam e apenas nos resta a imagem de um Álvaro Cunhal, até sempre sorridente por mais uns séculos.