Para quem gosta de bom cinema aconselho uma visitinha ao Cinema São Jorge. A programação do Festival Ler, capitaneada pelo Pedro Mexia, é particularmente apelativa. Mais que não seja pelo filme "In a Lonely Place" de Ray. Numa época de austeridade e atomismo alienante, a revisitação, numa sala de cinema, do drama solitário delineado por Nicholas Ray é uma verdadeira preciosidade. A não perder.
Uma maravilha este pequeno excerto. Todos os filmes deste tempo eram bem representados, bem filmados, as músicas de fundo ficavam no ouvido e os guiões, salvo raríssimas excepções, de altíssimo nível. Infelizmente vi poucos porque quando passavam nos cinemas era muito pequena para ir vê-los, ainda assim lembro-me vagamente de ir com a minha mãe, uma cinéfila à moda antiga, ver um ou outro porque não havia classificação por idades. Uma vez retirados de exibição, desapareciam. Só muito mais tarde, nos ciclos de cinema ou em reposição, voltavam às salas, como mais tarde no Estúdio do Cinema Império e no Monumental. Foi então que vi mais alguns em Portugal e depois vários no estrangeiro. E mais recentemente, felizmente através da Cabo, tenho visto alguns antigos verdadeiramente excepcionais. Como, para dar um só exemplo, duas vezes separadas no tempo o famosíssimo Johnny Guitar: pela representação espectacular; pelo guião brilhante e pela magnífica e inesquecível música - já há muito um clássico com todo o mérito.
Parafraseando Barbara Stanwick (numa entrevista e já com bastante idade) , quando lhe perguntaram o porquê dos filmes do seu tempo serem todos tão bons: "... the scripts of course... they were wonderfully written... oh!, those marvelous writers!" Maria