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A blogosfera, no meio do muito esterco que a traga, tem preciosidades que um bom leitor jamais desdenhará. Deu-se o feliz acaso de ter deparado, com o devido aconselhamento do seu autor (Rui Albuquerque), com um blogue bastante interessante, que dispõe de um inesgotável manancial de informação acerca do liberalismo de origem francesa. Refiro-me ao blogue, "Revolução Francesa". Um blogue sobre as vicissitudes e contingências do percurso histórico de uma doutrina afogada, as mais das vezes, na incompreensão letal dos eternos perseguidores da liberdade. Uma leitura pelas muitas postas que o Rui Albuquerque publicou ajudará a perceber o que eu quis dizer neste pequeno texto. Há, em Portugal, um defeito congénito que infecta até o liberalismo mais purista. A luta pela hegemonia nas ideias que, vista assim de chofre até parece uma coisa gramsciana, exige a pré-compreensão de que a cultura política e intelectual portuguesa está incrustada até ao tutano por um snobismo elitista tipicamente francês. Estado, centralismo, Estado, centralismo. Não saísmo disto. A resposta de um liberalismo autêntico, apegado às suas raízes e, se quiserem, ecuménico, aberto e laico, terá de partir destes pressupostos de origem e de facto. Não se muda nada sem se entender que o liberalismo anglo-saxónico, com as suas idiossincrasias próprias, não é directamente transplantável para a nossa realidade. Reitero o que disse anteriormente, o empenho da intelligentsia liberal nacional deve e só pode estar no aprofundamento do diálogo entre as diversas tradições da família liberal, que, no fundo, bebem na mesma origem. O Pedro Arroja, que já tem bastante andança nestas matérias, acerta quando afirma que, num país como o nosso, com uma cultura de matriz católica, o liberalismo não pode prescindir do catolicismo. Não pode nem deve, acrescentaria eu. A hegemonia jacobino-socializante só se combate com um verdadeiro ecumenismo liberal-católico, que una e não divida. Que projecte e realize.