Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ao contrário do João Gonçalves, já há muito me desiludi com a sra. Clinton, essa platinada cabeça a abarrotar de vaidades sem tino. Inicialmente, a sua nomeação parecia ser um sinal de regresso à política da administração protagonizada pelo seu marido, pois apesar de tudo o que se possa dizer em relação aos erros de cálculo, abusos, inconsciência e perfeito desconhecimento que os americanos parecem nutrir pelo resto do mundo, Bill Clinton foi moderadamente interventivo, concitando a simpatia resignada do planeta.
Hillary é de outra safra. Estridente a roçar por vezes a histeria, parlapatona, indiscreta, malabarista da mentira descarada e sempre pronta para tiradas de uma espantosa vacuidade - nisso são exímios os nossos aliados, desde os New Deal, a Grande Sociedade e outros chavões próprios para um filme com horizontes infinitos ao estilo de Tom Cruise -, tem contra si, fora de portas, a opinião generalizada de tratar-se de uma fanática serviçal do lobby israelita, precisamente num momento em que o mundo é muito diferente daquele que viveu as décadas de 50, 60 e 70. Contra os próprios interesses da sobrevivência de Israel, a política dos EUA no Médio Oriente consiste por mania, falta de coragem e cedência à chantagem interna e externa, num assunto irresolúvel para qualquer administração. Os acontecimentos dos dois últimos anos confirmam a espiral de violência e dos perigos que aguardam a zona geográfica mais próxima: a Europa.
A tolerância para com todas as investidas subversivas e a falta de firmeza para com os aliados do Golfo, permite o alastrar dos grupos radicais islamitas que infestam todo o Magrebe e se preparam para tomar o poder na até agora laica Síria. Hillary foi um desastre e dela ficará aquela grotesca imagem de regozijo, aquando do vil assassinato em directo do tirano de Trípolis. Para cúmulo, durante a sua passagem pelo Departamento de Estado, a Turquia tornou-se na obsessão americana pelo infrutífero encontrar de um "islamismo moderado", sacrificando-se totalmente a Europa. Os americanos, Hillary à cabeça, ainda não entenderam que os seus parceiros além-Atlântico não desejam e pior ainda, temem um alargamento comunitário para lá do Corno de Ouro.
O desnorte do Departamento de Estado quanto a assuntos tão graves como os dossiers China, Afeganistão, Irão, Síria e Magrebe, são o verdadeiro legado da sra. Clinton. Melhor faria em regressar rapidamente à gestão dos seus esquisitos interesses imobiliários.
Como há uns anos dizia o meu amigo Lionel Alves, ..."Nuno, don't trust, she is an avogado (sic) vigarista".