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Terminou há pouco o Prós e Contras dedicado à privatização da TAP (a três dias do anúncio da decisão do Governo), numa das edições mais importantes do programa da RTP.
Ficou perfeitamente evidente como este negócio será desastroso para o País (a par da venda da ANA), do ponto de vista empresarial, patrimonial, económico e do interesse nacional (e não apenas do Estado), a tal ponto que os três convidados que começaram por defender a privatização acabaram no final por dar razão aos argumentos para não privatizar. Mesmo que o assunto estivesse a ser tratado com transparência e normalidade (que claramente não está), seria na mesma um erro histórico, cujos prejuízos se sentirão para sempre. Foram referidos os exemplos do desmembramento e da destruição da Cimpor, contra todas as promessas feitas no momento da sua venda a empresas brasileiras, e por outro lado, da possível renacionalização da Ibéria, uma hipótese que o país vizinho equaciona.
Em resumo, a TAP é uma empresa estratégica (uma expressão que muita gente parece não compreender) de uma importância capital não só pelo ingresso de divisas que representa para Portugal (representa 1% do PIB) mas também pelo serviço que presta à economia portuguesa e aos interesses portugueses no Mundo (4 milhões de cidadãos estrangeiros expatriados), algo de que Portugal não pode prescindir, e nada disso fica assegurado se for privatizado e o seu centro de decisão sair de Portugal e do Estado (como estão os espanhóis a sentir no caso da Ibéria, com os interesses ingleses a sobreporem-se aos espanhóis). A situação estratégica de Portugal é um activo valioso (economica e politicamente) que deve ser usado por Portugal e para bem dos Portugueses; nunca cedido a estrangeiros.
Se este negócio prosseguir, Portugal ficará mais pobre economicamente, politicamente e na sua dimensão internacional, e não é por acaso que outros países não se aventuram a fazer o mesmo. Será mais um erro histórico a lamentar, mais um numa longa série que nos trouxe à actual situação.
Espero que o Governo não prossiga neste erro e se o fizer, pela minha parte, PSD e CDS saem definitivamente do meu boletim de voto, sem hipótese de regressar.
Vivo no Porto, vivo a baixa portuense desde que nasci, tenho memória, pouco tempo antes da ANA ter gestão autónoma, que o Porto não tinha turistas, posso afirma-lo que por volta de 2005 a cidade estava deserta, mesmo com a crise Europeia vejo o Porto a crescer. Ainda no sábado fui para a Baixa,(fui mais cedo do que necessitava), fiz umas ruas a pé, e fiquei agradavelmente surpreendido com prédios recuperados. Isto só possível pelo movimento que o Turismo gera na cidade.
A TAP fez o que lhe competia? NÃO. Pois o Porto nunca foi servido pela TAP como a Rainair.
Claro que não, ser patriota não é defender incondicionalmente a TAP.
Por muito nacionalista que eu seja, a Rainair fez mais pelo Aeroporto Sá carneiro que alguma vez a TAP faria.
Não quero saber da TAP, os interesses estratégicos defendem-se com a "competência". (Em espanhol Concorrência. Leiam das duas formas.)