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Devo confessar que simpatizei com o actor que representou o papel de especialista do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O artista Artur Baptista da Silva convenceu a crítica com o seu desempenho. As várias nuances gravosas com que expressou os seus diálogos, o refinamento dos gestos que acompanháram os momentos de maior tensão dramática. Sim senhor. Isto é bom. Há anos que a SIC produz ficção em televisão, mas nunca havia atingido este grau de credibilidade. E isto é bom teatro, é quase sétima arte. O papel desempenhado foi maior que o homem - serviu o interesse nacional, por demonstrar que até os burlões estão seriamente preocupados com o estado da nação. E a SIC e o Expresso sentem-se ofendidos e querem vingar o desfalque. Porquê? Não concedem (todos os dias ou semanalmente) tempo de antena e páginas inteiras a mentirosos compulsivos, a farsantes profissionais? Nem vou responder. Só sei o seguinte; o Sr. Artur Baptista da Silva mostrou como se faz. Não apresentou uma amostra de diploma da Universidade Lusófona, não fez algumas cadeiras e não lhe ofereceram outras. Não senhor. O homem fez a coisa com estilo, com o grau de exigência de quem consome apenas o melhor. Um alto cargo na ONU, um mandato no Banco Mundial, um duplo doutoramento em Harvard, conferências internacionais. Enfim, a crème de la crème que não chega a ser crime, na minha humilde opinião. Pergunto, o que preferem: um dignatário credenciado que mente todos os dias ou um condenado a chamar as coisas pelos nomes? Qual dos dois oferece mais garantias neste mundo de poses e cartões de visita. O homem-embuste não disse nenhuma mentira, o seu nariz não cresceu nem decresceu. É patético que a SIC ou o jornal Expresso queiram processar o homem que lhes passou a perna. Fica demonstrado como funcionam as coisas nos meios de comunicação social. Em condições normais, a haver cabeças a rolar, nunca seria a do Baptista. Se desejam apurar responsabilidades e aplicar processos disciplinares, será na estação de televisão SIC ou no Expresso que isso tem de acontecer. Seria o expectável. Despedimento com justa causa por incompetência flagrante. O método investigativo desses meios de comunicação social revela o seu modus operandi. De nada serve o Nicolau Santos retirar o laço e aparecer de camisa de ganga, num registo de hippie enganado, e apregoar que em décadas de carreira nada disto lhe havia acontecido. Não senhor. Assim não vão lá. Agora vão ser obrigados a confirmar a identidade de todos que se apresentam ao serviço ou aqueles que se fazem de convidados. Será que sou quem sou? Ou será que isto não passa de uma invenção da minha cabeça equivocada pela quadra natalícia? São muitas perguntas deixadas no ar pelo pai Natal.