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As elites políticas americanas, atacadas por um surto de afasia política, insistem em não entender-se. Aparentemente, republicanos e democratas resolveram entregar-se a uma rave colectiva, esquecendo, por momentos, que lá fora, na Main Street, há muita gente à espera de um sinal de responsabilidade, ou como diriam os hermeneutas do politicamente correcto, de sentido de Estado. Na Europa dos federalistas à la carte os sinais também não são nada benfazejos. A propósito deste canto ocidental à beira-mar plantado, o Financial Times fala mesmo em "terramoto fiscal". O periódico da grande finança não errou no diagnóstico, é justamente isso que nos espera a breve trecho. Um terramoto que, se tudo correr como os podengos arregimentados desejam, não colocará em causa os fundamentos do regime. Mas, como dizia esse fazedor de platitudes chamado João Pinto, prognósticos só no fim do jogo. Juntem a irresponsabilidade americana à inépcia europeia, com uns pózinhos da inabilidade portuguesa de permeio, e terão uma mistura explosiva de caos económico, instabilidade social e crise política. O próximo ano não será nada fácil e, contra o que alguns pensam, os pressupostos de sempre e as teorias acabadas de antanho já não servem de nada perante uma crise estrutural. Uma crise que, de certo modo, é a crise de um modo de vida. Acordar disto será complicado.