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Ab initio

por Paulo Cardoso, em 01.01.13

Nunca achei piada apresentações. Talvez porque já tive que assistir a muitas em que múmias deificadas em círculos académicos (de mera designação) insuflam o peito e o ego que nem velhos sacos de papel, rotos no fundo por plágios que toda a gente finge não ver; ou até mesmo por já ter visto outras em contextos profissionais (também só de mera designação, pois afinal de contas estamos a falar de Portugal) em que se tenta balbuciar algo coerente em frente de uma mini-plateia de possíveis futuros colegas e de um qualquer Torquemada dos Recursos Humanos que finge que está a ouvir quando provavelmente está a jogar ao jogo do galo. No iPhone, como é óbvio.

Por isso prometo ser breve.
Quero agradecer ao Samuel pelo convite e confiança, antes de mais. Lembro-me perfeitamente da sua impressionante e douta figura quando nos conhecemos, de calções e havaianas, 8 anos atrás. E muito vivemos. Muito passou por nós. Muitas conversas que duraram noites e dias. Muitos silêncios arrastados pelas horas. E sempre sobrevivemos, com o amparo do ombro amigo um do outro.

Por motivos inerentes à minha profissão, que implica que esteja sempre a viajar permanecendo 3 a 4 meses em países diferentes, mas também por motivos de logística, sendo que nem sempre é fácil apanhar um sinal wifi decente no meio de lugarejos perdidos no tempo em plena Ásia Central, tenho algum receio de não dar o meu contributo ao Estado Sentido com assiduidade. Mas prometo um esforço, porém.

Desliguei-me consideravelmente da política em Portugal. Do Portugal social e cultural. Do Portugal tradicional. Pois cedo aprendi que a vida só começa quando saímos da nossa zona de conforto. E porque sempre me pareceu por demasiado evidente que o mundo não se resume a um rectângulo de terra de 848x250kms, por muito que o tradicionalismo tacanho ainda tente vender essa ideia que nem um ardiloso e insistente vendedor de cartões de crédito do Citibank.

Mas relatarei o mais objectiva e imparcialmente possível os diferentes political and business climates com os quais tenho que lidar diariamente nos países nos quais páro. Creio que esse poderá ser o contributo de maior relevo para o Estado Sentido e para os seguidores do blog. Desde o cenário de andar perdido no meio da tundra com neve até ao joelho (inteligentemente vestido de fato e gravata, pois até mesmo quando se está em situações de profundo aperto não há nada melhor que manter a pose, tipo James Bond), até ao cenário de estar a debater a Eurocrise com o recém eleito Primeiro Ministro na Geórgia (onde me encontro actualmente).

Cordiais saudações a todos. E também somente para ninguém me achar rude como o-tipo-que-chega-aqui-e-nem-deseja-bom-ano, votos de um excelente 2013, com motivação para domar a besta da austeridade. Pois alegadamente o pior já passou, embora se continue a passar pelo pior ano após ano. Enfim, certamente mais uma questão metafísica que escapa ao conhecimento humano.

 

Disse.

publicado às 22:15


3 comentários

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De Duarte Meira a 02.01.2013 às 00:09


Caro Paulo Cardoso:

Boa entrada. Entra e anda bem quem consegue  andar perdido no meio da tundra com neve até ao joelho... de fato e gravata! Vejo que a licenciatura em ciência política não lhe apagou a licenciatura em filosofia, que me está a parecer uma licença de livre trânsito à maneira do dos velhos sábios que tinham como pátria o mundo inteiro.

Como demoro num lugarejo perdido no tempo deste velho Portugal, acho que poderei captar como próximos os seus sinais, por mais longínquos. Sou todo ouvidos.
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De John Wolf a 02.01.2013 às 09:08

Caro Paulo,
Aprecio muito aqueles indivíduos que ousam sair da sua zona de conforto.
O Samuel tem uma capacidade especial (entre tantas outras!!) para fazer os seus "convidados" darem o melhor de si.
Um abraço de coluna de Blog,
John
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De Paulo Cardoso a 02.01.2013 às 11:15

Obrigado Duarte e John. De facto, a vida de perpetual traveller (parece que é esta a designação formal que agora tenho no sinistro mundo das deduções fiscais) resume-se a 35kgs convenientemente arrumadinhos tipo Tetris em duas malas. Mas enfim, quanto menos se tem, menos se tem a perder. E menos coisas nos prendem.
Da minha parte prometo ser o mais assíduo possível aqui no "É-Ésse".
Abraços.

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