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Se Paul Lafargue fosse vivo pensaria duas vezes antes de escrever o célebre panfleto "O direito à preguiça". Hoje, na era das troikas, dívidas e calotes, a preguiça deixou de ser um desígnio para tornar-se numa imposição insuportável. Uma obrigação exigida pelos poderosos aos pobres de alma e pecúlio. Desocupados e desempregados, sem alegria nem propriedade, os pobres pé-rapados, os descamisados de hoje e de amanhã são e serão os grandes preguiçosos da Humanidade desumanizada. Lafargue provavelmente sorriria com a ironia desta estória, com a preguiça esparramada em conjunto com a miséria inapelável, no entanto, e como a vida não é feita só de ironias, o sofrimento que perpassa muitos estamentos sociais das nossas sociedades opulentas e anafadas é uma lição que nós, os que sabemos e verberamos este estado de coisas, jamais poderemos desprezar. O fim da felicidade aparente de alguns é sempre o começo do desespero de outros. Cuidado, nada é eterno, muito menos a paz dos sepulcros.