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Sábias palavras de João J. Vila-Chã, via facebook:
É tarde demais para eu poder pensar. Mas dado que ainda estou em pé e ao tomar conhecimento de que em Portugal corre uma petição, ao que parece já com mais de 20000 assinaturas, "pedindo" que um cão de raça perigosa que acaba de matar uma criança de 18 meses algures no sul do País "não seja abatido", e ainda por cima com argumentos do tipo "não é justo castigar o cão" e outras coisas do género, para não dizer bem piores do ponto de vista da racionalidade, faz-me, mesmo nesta hora em que pensar é mais do que difícil, dizer de imediato o seguinte: 1. um País em que mais de 20000 pessoas assinam uma petição em que se protesta contra o abate de um cão que é manifestamente perigoso, das duas, uma: ou se está rapidamente transformando num país de néscios ou é já um país de irresponsáveis; 2. um País em que 20000 pessoas já não conseguem ver a diferença entre a vida de um cão e a de uma criança é, simplesmente, um país que, para além de estar a abismar-se no ridículo, pode muito bem estar a transformar-se num país realmente perigoso; 3. um País em que mais de 20000 pessoas se mobilizam para salvar a vida de um cão que morde uma criança e a mata, tanto mais que o instinto animal é mesmo assim, só pode ser um país a mergulhar com abissal rapidez na pior e mais grave das ignorâncias, nomeadamente, aquela que leva os seres humanos a não serem mais capazes de se reconhecerem como o que são, a verem com olhos de ver o real que os circunda, a serem capazes de se situar na Ordem real das coisas.
Francamente, ainda não acredito que Portugal já esteja assim. Mas se estiver, ou seja, caso se confirme o que acabo de ler, acho que começa a ser mais do que tempo para que se grite de todas as janelas: haja em Portugal, pelo menos, uma coisa: Educação! Claro, refiro-me à Educação que leva ao reconhecimentos dos Valores, que ensina a discernir, que ajuda a ver, entre outras coisas, que um cão não é uma pessoa, que um ser humano está infinitamente acima de qualquer cão, que a nossa responsabilidade para com os animais não se pode, sob pena de nos perdermos todos (nós e os animais), transformar em apelos públicos à ignorância e à irresponsabilidade, pois se o fizer, uma coisa ficará à vista: o discurso público transformar-se-á no que a “indecente” petição, certamente, já manifesta, ou seja, indecência transmutada na mais ridícula insignificância!
Deus permita que uma coisa "assim" não seja já sintoma do pior, nomeadamente, de que Portugal, por falta de Educação e Valores, começa já a ser um retângulo caído na pior das derivas, aquela a que o Papa Bento XVI tão sabiamente e desde há muito vem apelidando pelo nome que lhe pertence: relativismo! Neste caso, ainda por cima, um que se mostra tão profunda e ridiculamente insensato. Rezo pela criança que faleceu, bem como pelos seus pais. E já agora, invocarei o Altíssimo para que à onda de animalismo que parece estar a invadir Portugal se possa seguir, o mais rapidamente possível, uma outra bem maior que, para variar, definiria apenas assim: bom senso!
Apenas referir que, neste preciso momento, já não serão 20000 assinaturas mas sim, mais de 46000. Que sociedade civil tão vibrante!
Leitura complementar: Direitos e Antropomorfismo da Bicharada