por Cristina Ribeiro, em 30.03.08
A ler o primeiro romance de Camilo, «Anátema», que escreveu na verdura dos vinte e cinco anos (ou terá sido na dos vinte e dois, como diz no prefácio da segunda edição?), deparo, a dado passo, com a frase "Não pulsa um coração debaixo do céu, que não sofra"; e dou comigo a sair do universo da ficção para o da a realidade crua que nos cabe viver: será que tal se pode dizer daquela, para não ir mais longe, mãe, e do tio da pequena Joana, por eles barbaramente assassinada ,ou da avó e do pai da pequena Vanessa(?), que teve o mesmo destino, depois de arrepiantemente torturada?
Ninguém me convence de que em indivíduos assim, no lado esquerdo do peito não existe apenas um músculo que bombeia o sangue; não, debaixo deste nosso céu pulsam corações que não sentem nada...