por John Wolf, em 20.01.13
Assisti à entrevista do candidato ao emprego, António José Seguro, com vários sentimentos e pensamentos a assolar-me o espírito. A minha opinião, contudo, de pouco vale. Não serei obrigado a votar, por não ter a nacionalidade Portuguesa, mas que não signifique isso que o futuro dos Portugueses não me é querido. Bem pelo contrário. Preocupo-me imenso com a gravidade da situação e é aqui que travo a minha humilde luta. Mas ainda bem que não serei obrigado a eleger quem quer que seja. Entendo o desespero respeitante à ausência de alternativa. Faço o esforço para espremer alguma coisa de valor deste estagiário que justifique a sua promoção na carreira, mas nada encontro. Começemos com a aura, o semblante que também tem de fazer parte do perfil de um líder. O homem não tem vida política por detrás dos olhos, esse brilho que faz transparecer esperança. O erro de casting é brutal. O Seguro é o colega de licéu que todos tivémos, na primeira fila e com o ar de estar a aprontar alguma. Aquele tipo de miúdo marrão, mas não necessariamente inteligente e que não partilha os trabalhos de casa com o colega preguiçoso. O preferido da professora por não causar alarido. O miúdo arrumadinho que nunca fez gazeta às aulas e que tinha um dos primeiros computador Spectrum em casa, mas que não partilhou esse facto com os amigos para ser melhor que esses pobres coitados. Este homem nem sequer é simpático. É o tipo de conviva que não se embebeda, mas que sabe umas anedotas. Este político não serve. Repete uns chavões que foi coleccionando como selos e quer trocá-los por uma caderneta maior. Fala sobre as promessas que não faz enquanto jura a pés juntos. Este homem político nem sequer tem carisma negativo para vender. O magnetismo que exulta grandes paixões. Custa-me vê-lo a mudar de tom, como um pré-primeiro que acha que já são favas contadas. Que São Bento já está no papo, que é só uma questão de tempo. Como podem constatar nem sequer foi necessário meter-me com o candidato por causa das suas noções de governação, porque não as tem. O Seguro não tem sequer um portefólio de propostas que mereça ser chamado por esse nome. Não tem ideias seja de que natureza forem. É Pavlov em pessoa. Reage a estímulos e recebe um biscoito. Eleger um líder com este perfil eterniza um dos problemas crónicos de Portugal - a promoção de indivíduos ao seu mais alto nível de incompetência. Não sei se serve de consolo, mas estes candidatos também existem noutros países e por vezes chegam longe. No meu entender, é um mistério (ou não) que o PS o tenha escolhido como primeira rosa. Por vezes julgo que o melhor é nem sequer aparecer quando os requisítos mínimos nem sequer são cumpridos. Se tivesse de ajuizar sobre a sua contratação, a minha resposta seria negativa. A entrevista diz tudo.