por Cristina Ribeiro, em 30.01.13
" Ordenou-me um dia a medicina que fosse para Vizella, e em seguida fazer uma digressão pelo Minho. Obedeci-lhe.
Dizem que é uma formosura o Minho. Pois vamos vêr o Minho.
Felizmente que para o vêr não é necessario mais do que ir com toda a commodidade n'este wagon, ponto em que eu, adorador da poesia, me separo dos poetas que declararam guerra aos caminhos de ferro por julgarem vilmente prosaico o não irmos abrasando pelas estradas quando viajâmos no verão ( ... ) "
Um mero acaso, o de ter-me chamado a atenção uma linda encadernação, fez-me parar neste volumezinho, que ameaça levar-me pela noite dentro, tão deliciosa encontrei a escrita do autor, até agora desconhecido. Trata-se de D. António da Costa.
Como o nome nada me dizia, logo se impôs uma visitinha ao Dicionário de Literatura. Li aí ter este escritor, e político, ter sido um contemporâneo de Camilo, nascido, como este, em Lisboa, um ano antes do autor das « Novelas do Minho ».
Fala-nos de um Minho Pitoresco, o mesmo que, alguns anos depois, o valenciano José Augusto Vieira viria a espelhar em dois volumosos tomos; o Minho que aqui vejo ainda eu o entrevi na minha mais tenra meninice, quando não, mais verdadeiro ainda, nas palavras de pessoas mais idosas, e do qual restam parecenças em retalhos mais afastados da civilização que veio de Paris com Jacinto.
Ficaram as saudades, que - Haja Deus! - se vão colmatando com estas leituras.