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Não se detenham na fotografia postada, ainda que seja, eu sei, uma tentação quase imperdível olhá-la pausadamente. Começo com este intróito, provavelmente cómico para alguns dos leitores, por uma razão mui singela: Rajoy foi, é, e, perdoem-me o determinismo, será sempre um líder acanhado, titubeante e inerte. Dali, por mais que se tente bosquejar o que quer que seja de positivo numa personagem que só oferece mediocridade a rodos, jamais sairá algo que alegre e mobilize "nuestros hermanos". Num ano, sim, num simples ano, Rajoy foi notoriamente incapaz de fazer o que quer que fosse de considerável pelo seu país. Pouco ou nada reformou, adiou e recalcitrou perante o inevitável, e, mais grave ainda, protagonizou uma das gestões mais ineptas da horrivelmente chamada crise das dívidas soberanas. Ontem, após alguns dias de intenso fogo mediático, no qual o PP e as suas lideranças estiveram sob uma enorme pressão, Rajoy, num discurso apoucado e pateta, foi absolutamente incapaz de debelar as suspeições que sobre si recaem. Paralelamente a este jogo de culpas e inocências em que todos saem chamuscados, a sociedade espanhola, mergulhada numa crise profundíssima, começa a manifestar os primeiros sinais de exaustão. O desemprego atinge já níveis ciclópicos, a economia está de rastos, as instituições, desde o poder político ao judiciário, encontram-se numa crise existencial, em que todos os protagonistas, e que protagonistas, resvalam pela ladeira da descredibilização terminal. Em resumo, os cimentos do poder político esboroam-se paulatinamente perante a passividade de uma cidadania aturdida pela indocilidade da austeridade. E, perante este cenário dantesco, o que faz Rajoy ? Nega, retrocede, recua timorato e permite o avolumar das suspeitas. O que se está a passar em Espanha é demasiado grave para passar ao lado da nossa tola agenda mediática, mais preocupada com as geniais movimentações do edil Costa. Repito, é demasiado grave para passar ao lado da agenda mediática indígena, porque, queira-se ou não, o que se passar aqui ao lado influirá sobremaneira no andamento subsequente da vida política nacional. Mais: não se esqueçam que uma Espanha sem governo e sem alternativa, sim, porque não há neste momento uma alternativa visível e credível à pobreza política rajoyana - quem é Rubalcaba? -, será uma catástrofe não só para a Europa, mas também para Portugal. Fixem isto, de uma vez por todas.