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José Adelino Maltez, Breviário de um Repúblico, 29 de Janeiro:
«Pensar é dizer não. A realidade sempre foi subvertida pelas autonomias, pessoais e comunitárias, quando estas assumem que, no princípio, tem de estar o fim, o tal dever ser que é, das essências que apenas se realizam pelas existências. Todos os decretinos processadores, em nome da ideologia ou do vértice hierárquico, do ministerialismo, com os seus sucedâneos, directoristas, presidencialistas ou rectorísticos, temem os que praticam o pensar é dizer não, como dizia Alain. Ou que a revolta é bem mais fecunda que a revolução, como vai acrescentar Albert Camus (2011).
Resistência individual. Quem experimentou as garras do saneamento e do processamento da persiganga não pode admitir que o rolo unidimensional do conformismo nos faça enjoar, sobretudo nesta praia da Europa que sempre foi partida para todas as sete partidas. O sinal do nosso futuro continua a passar pela resistência individual e pelo pensamento crítico da liberdade. A essência do homem ocidental sempre foi o individual do indiviso, que é expressão da fundamental dignidade da pessoa humana. Mesmo quando se rejeitam as normalizações impostas pelos pretensos antidogmáticos, neodogmáticos, como esses que, perante certo situacionismo, proclamam que têm o monopólio da contestação e assim nos desmobilizam. Os bobos da demagogia, da tirania e da mentira podem alimentar-se desses irmãos-inimigos. Quem quiser continuar mesmo do contra tem que procurar o mais além e antecipar o tempo da revolta (2011).»
"remake de Adeus Tristeza de Fernando Tordo
Nesta nossa gandula vila piquena, tivemos galas e espectáculos
Foi aventura feita de notas, sacos e indignos receptáculos
Aconteceu-nos viver num palco com bácoros bastidores
A vista que poderia ser tão vasta e promissora
E o nosso futuro foi para a vendida que os pariu!
Nesta nossa gandula vila piquena, tivemos vampiros e ladrões
Esquecemos a fome em prol dos banquetes de poltrões
Não entendemos a maior parte dos dissabores
Só temos de aturar estupores armados em doutores!
Perdeu-se a Honra que nunca alguém viu,
E o nosso futuro foi para a vendida que os pariu!
Adeus, Colectiva Honra e Pureza, até depois,
Chamamo-nos tristes por sentir que somos todos uns bois,
Mas ainda há muito a fazer e destronar,
Chegou a hora de com a pouca vergonha acabar!
Nesta nossa gandula vila piquena, fizemos infinitas viagens de sono e retorno,
Ouvimos de tudo e tivemos de engolir em seco o corno,
Devagarinho num psiché e guichet para os aguentar e não regurgitar,
Com tanta gente desfibrada a com as corjas a compactuar
E a cada dobrar da coluna o barco a afundar
E o nosso futuro foi para a vendida que os pariu!
Nesta nossa gandula vila piquena fomos sempre uns quaisquer
Foi tudo tão fácil com o hiperconsumo que era só escolher
E ansiar e dos outros, como gado, usar e abusar e descartar,
E nada vai passar se não resistirmos por Honra e Verdade,
Não deveríamos andar cá para levar e calar, mas para VIVER
E O NOSSO FUTURO PODERÁ SER O QUE DEUS, QUE ESTÁ LÁ EM CIMA, QUISER!