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Não sou um grande apreciador dos escritos de Viriato Soromenho-Marques. Aliás, nunca fui, exceptuando um ou outro artigo bem localizado. Porém, há excepções para tudo, e, hoje, quinta-feira, dia 21 de Novembro de 2013, vou citá-lo aqui, neste blogue, porque, no meio de tanto ruído mediático, de tanto afiar de facas, de tanta gritaria desalmada, o escriba do DN foi o único, repito, o único que colocou os pontos nos is: "Ficar condoído com o silêncio forçado de Relvas, e esquecer as vozes inteligentes que a sua ação tem afastado do serviço público de comunicação social, parece-me tão despropositado como acusar a poesia erótica de Bocage de pôr em causa as liberdades fundamentais do intendente Pina Manique. Em Berlim, um ministro que plagia uma tese sai do governo em menos de 24 horas. Em Lisboa, um homem cuja vida é um perpétuo faz-de-conta, esgota a agenda política. Só o primeiro-ministro não percebeu, ainda, que o caso Relvas não é uma questão de direitos constitucionais, mas um assunto de higiene pública. Contamina a pouca autoridade do Governo e mina o moral que resta ao País". Respondendo a Viriato, o primeiro-ministro não percebeu porque manifestamente não quer perceber, pois está agarrado até ao tutano ao ministro faz-de-conta. O problema que se coloca é tão-só um problema de legitimidade. Relvas - por favor, tentem abstrair-se de quem se manifesta e apupa - há muito que devia ter saído do Governo. Só diminui e prejudica, não acrescentando absolutamente nada à governação. Qualquer criança de 5 anos consegue entender esta obviedade. O desafio é muito simples: ou Passos Coelho entende que Relvas tem de sair, e sair implica 1) demitir-se, 2) deixar de influir na governação, ou o Governo continuará nesta senda de deslegitimação. Isto dito, que fique claro que Relvas não é nem pode ser o bode expiatório do esbulho fiscal em curso, mas o simbolismo que acarreta o facto de ser alguém permanentemente acossado e que, no fundo, está no poleiro com o dinheiro dos nossos impostos, é algo que é extremamente difícil de extirpar. Como diria o outro, é a ética, estúpido!