Quanto à lógica materialista tão em voga nas últimas sete ou oito gerações, ele "tem razão": pintores, escultores, escritores ou filósofos não servem "para nada". Como seria eficiente e belo um mundo sem essa "escória". Como seria excelente podermos viver em cidades desenhadas por engenheiros - lembram-se das casitas Sókras? -, sem museus, sem praças com um D. Pedro IV ou um D. José no meio delas...
Espero que este trecho da entrevista esteja descontextualizado.
Pelo fanatismo ideológico que lhe subjaz, a conversa deste taliban neoliberal lembrou-me um diálogo do livro "A 25ª Hora", da autoria de Constantin Virgil Gheorghiu, que li há longos anos. Neste, um comissário político romeno interrogava um sacerdote ortodoxo romeno em julgamento popular e perguntava-lhe:
- Para que serve um Padre?
E o mesmo comissário, sem esperar, adiantava a resposta:
- Não serve para nada! Um Padre nem sequer um par de botas sabe fazer!
Este Camilo é um dos maiores lambe-cus do actual desgoverno. É impressionante ver ao estado a que este País chegou e onde os canais de TV dão tempo de antena a parasitas desta laia. Este País mete nojo.
Em 75, estava num autocarro com a minha mãe e naqueles tempos de efervescência "revolucionária", umas mulheres iam comentando o que viam: ..."olha para esta estátua, o dinheiro que se gastou nesta merda! Deviam mandar derretê-la e construir casas para o povo!"
Era a estátua de Pombal, ali para o topo da Avenida. Por sinal, o mesmo Pombal que "construiu muitas casas".
No fundo, aquilo que Camilo Lourenço disse não anda muito longe daquilo que se ouvia na gloriosa Lisboa do PREC.
Este Camilo personifica o materialismo mais rasteiro e chão da nossa época: simboliza a passagem da economia de simples realidade acessória ao serviço de realidades superiores para um fim em si mesma, encarnando o triunfo do "negócio" sobre o "ócio" no sentido que os clássicos - e ainda a Idade Média - davam a estas palavras. Se o mesmo não fosse um bárbaro notório e um evidente analfabeto funcional, em espírito quase tão boçal como um qualquer pato bravo suburbano, far-lhe-ia bem ler um filósofo como Joseph Pieper, far-lhe-ia bem tomar contacto com algo para além da vulgata neoliberal mal lida e pior digerida.
O Senhor Camilo Lourenço é Arrogante, Grosseiro e Bajulador. Os Cursos de Humanidades, têm a meu Ver muita Valia, o Problema é que as Elites Portuguesas, que chegaram a Esse Patamar, Abdicando de quaisquer Princípios Morais, desprezam a Cultura e o Saber.