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A Manifestação sem Rei nem roque

por Nuno Castelo-Branco, em 02.03.13

 

A última Manifestação Nacional digna desse nome, foi aquela que já há mais de uma década uniu os portugueses Por Timor. Existia um propósito, a vontade cumpriu-se e lado a lado, gente vestindo t-shirts com a foice e o martelo, estrelas, setinhas ou o símbolo da pátria coroada, fez ouvir a sua voz mundo fora. Eu estive presente.

 

As manifestações de hoje darão naquele Nada a que intimamente todos há muito se resignaram. É fácil explicar esta inevitabilidade.

 

Hoje desfila uma enorme manifestação Avenida abaixo. Tal como naquela outra antes mencionada, aí estão portugueses de todas as cores partidárias, exaustos pelo assalto estatal aos bolsos privados, enervados por promessas jamais cumpridas, exasperados pela falta de perspectivas e de um rumo que a todos garanta um futuro, mesmo que incerto. Sem o saberem, são gente conservadora, vivendo ainda a ilusão de um passado recente que fazia cair o crédito tão fácil como os óbolos que noutro tempo o Marquês de Fronteira atirou carruagem fora ao povo de uma Roma extasiada pela aparente opulência do Portugal de setecentos. Subsídios, abonos, deduções, férias pagas, natais, direitos a..., cortes e recortes, não consistem num programa que salve qualquer nação em apuros.

 

Em suma, daquela nada ameaçadora mole de gente sairia algo de tremendamente preocupante para a plutocracia dominante, se:

 

- Os manifestantes exigissem uma Outra Democracia alicerçada na liberdade de expressão e de reunião que já temos, mas organizada por um sistema eleitoral mais justo e próximo do eleitor, conhecendo este quem iria eleger.

 

- Os manifestantes reivindicassem um regime em que a política do interesse geral se sobreponha claramente ao financismo extorsinista da nomenklatura dominante. 

 

- Os manifestantes exigissem a imediata correcção da catastrófica adesão ao Euro, preparando-se atempadamente o país para o retomar de uma parte vital do exercício da soberania nacional. No aceitável rumo da consolidação das contas públicas, os manifestantes estão no pleno direito de imporem a sua vontade de não quererem Portugal dependente de um grupo muito restrito de países com uma agenda mundial que cerceia gravemente os interesses do Estado e da nação portuguesa.

 

- Os manifestantes claramente indicassem a urgente necessidade da revisão da organização autárquica, transformando o velho sonho municipalista numa realidade bem estudada e que devolva as regiões aos seus habitantes.

 

- Os manifestantes exigissem a rápida revisão de todos os planos de desenvolvimento económico num plano integrador que contemplasse a necessária salvaguarda das especificidades e aptidões das regiões, a defesa do património rural e histórico, a salvaguarda das nossas cidades.

 

- Os manifestantes impusessem a criminalização dos responsáveis pelos enganos, falsificações de contas, comissionismos, tráfico de influências e favoritismos partidistas, evasões financeiras, negócios ruinosos e depredação dos bens públicos. Deveriam exigir a urgente investigação do paradeiro de biliões extorquidos ao país e escondidos algures. 

 

- Os manifestantes indicassem a imediata revisão da Política Externa Portuguesa, exigindo ao poder político a aproximação aos países da esfera da lusofonia, não se limitando estas relações ao mero âmbito comercial, mas estabelecendo-se laços políticos integradores e que possibilitem a salvaguarda da independência nacional.

 

- Os manifestantes exigissem a imediata revisão da política de Defesa Nacional como fundamental esteio para a segurança dos interesses portugueses no Atlântico e no mundo.

 

- Os manifestante ditassem na rua a queda da 3ª República e do já longo período de mais de cem anos de abusos e desrespeito pela integridade histórica de Portugal.

 

- Fossem quais fossem as consequências na "Europa", os manifestantes perdessem todo o receio e apelassem abertamente às Forças Armadas, o eterno e derradeiro recurso para os momentos em que a dissolução do todo pátrio é iminente. As Forças Armadas Portuguesas devem hoje reparar aquilo que desgraçadamente não ousaram fazer na fatídica noite do 1º de Fevereiro de 1908.

 

Aferrando-se a folclores situacionistas, servindo involuntariamente este ou aquele agrupamento político-partidário e correspondente agenda sectária, entoando melancólicas canções que consagram a presente situação e nada apresentando como sólida e viável alternativa ao desastre que vivemos, quem desfila apenas diz "querer menos impostos" e ao mesmo tempo exige o impossível, ou seja, "mais Estado", mais poder para quem o controla e as sempre inevitáveis taxas em ininterrupta alta.  

 

Bem melhor fariam os manifestantes, se exaustivamente entoassem A Portuguesa e apenas A Portuguesa

publicado às 18:41


23 comentários

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De Anónimo a 02.03.2013 às 23:48

Cale essa boca. I M E D I A T A M E N T E
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De Carlos Velasco a 03.03.2013 às 14:32

Sr. Duarte Meira,

Me calo e peço desculpas por não ter entendido que o comentário era irónico e por ter sido tão bruto. Desconhecia o senhor e o tomei por outra pessoa, cometendo um injustiça.

Saudações,

Carlos Velasco
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De Duarte Meira a 04.03.2013 às 21:27


Prezado Carlos Velasco:

Não faz mal nenhum: logo vi que devia haver confusão. De resto, tenho a maior compreensão e simpatia pela luta que vem travando como o seu Gládio. É precisamente um magnífico exemplo da guerra que, hoje mais do que nunca, se trava na mente e no espírito.
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De Carlos Velasco a 05.03.2013 às 21:59

Caro Sr. Duarte Meira,

Agradeço por essas palavras e fico contente por ter resolvido esta injustiça cometida contra si. Me esforçarei por ser merecedor das suas gentis palavras.

Saudações patrióticas,

Carlos Velasco

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