Julguei que ia deparar com um dilúvio de questões acerca da correlação de forças na Europa medieval, com alguns aspectos do início da luta pelo comércio com o Oriente e pelo domínio do Atlântico. Pensei por lá ter de responder a uma ou outra questão sobre o Pde . António Vieira, a Reforma, o Mediterrâneo e os turcos, a diplomacia na Restauração, Luís XIV, D. Luís da Cunha, a Sucessão de Espanha e Utreque, a Guerra dos Sete Anos, a Revolução Francesa, Bonaparte, o Congresso de Viena, a ascensão do liberalismo, 1830, 1848, a Revolução Industrial, a Alemanha de Bismarck e a Itália de Cavour , o nacionalismo, a corrida para a África, Versalhes e o fim da Áustria-Hungria , Attatürk , Mussolini, Hitler e a crise dos anos 30, o Japão e o caminho para Pearl harbour , a II Guerra Mundial, a Índia, a Coreia e o Médio Oriente, o despontar da descolonização em África, a Guerra Fria, a dissuasão nuclear, a CEE, etc, etc.
Não saí descontente com o teste, para quem tenha feito o antigo 7º ano do liceu não pareceu ser "o fim do mundo". No entanto, a pressa em responder a perguntas bem colocadas para uma resposta aparentemente evidente e o enferrujar da memória prega-nos algumas partidas na filosofia, na literatura e na astronomia, entre outras coisas. Por exemplo, lembrava-me lá da primeira medalha de ouro portuguesa nas Olimpíadas? Passei pela pergunta uma meia dúzia de vezes e situei o grande feito correctamente, em Los Angeles. Ou, por exemplo, a armadilha onde tínhamos de escolher entre Malraux e Pearl Buck, tendo a Xangai de 1927 como pano de fundo. Assinalei Pearl Buck - Vento Leste Vento Oeste é um bom livro que li há muitos anos - e devia mesmo ter colocado a cruzinha em Malraux. Assim, as certezas podem facilmente esfumar-se.
Espantou-me o critério adoptado para a identificação dos candidatos. Como capa das 17 folhas de teste, tínhamos uma folha onde deveríamos escrever o nome e o número do BI, sendo totalmente proibido qualquer outra identificação ou até uma simples rúbrica nas folhas reservadas "às cruzinhas". Rúbricas não identificam o examinando, apenas servem para uma posteior confirmação da autoria. Penso sería sido obrigatório a inclusão de um número de código imediatamente quando da entrega das folhas ao funcionário do MNE, de modo a que não pudesse acontecer qualquer tipo de extravio, troca de testes, desaparecimento de folhas, etc. Aliás, os examinandos nem sequer poderão provar terem estado no exame, uma vez que não assinaram qualquer folha de presenças ou lhes ter sido facultada qualquer confirmação da mesma. Parece que é a primeira vez que o MNE adopta este modelo de avaliação e urge melhorá-lo, tornando o teste mais funcional e transparente. Tal como este foi apresentado, a identificação torna-se muito mais difícil e num bastante natural percalço durante a correcção, cometer-se-ão involuntárias injustiças e erros sem remédio.