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O acórdão do Tribunal Constitucional trouxe à colação um dilema de difícil resolução: o Governo deve ou não demitir-se? Sim ou não? Bem sei que a indústria do comentário de uma certa "Lesboa", que vive da e para a intriga, já está assanhada com a possibilidade de o Governo cair a breve trecho, porém, é de bom tom recordar aos mais incautos que, com ou sem demissão, o essencial da política em curso não se alterará. Com a Europa bloqueada no imobilismo merkeliano e uma soberania nacional completamente espartilhada é utópico conceber que um acto eleitoral prenhe de demagogia permita a tão ansiada mudança. Mais: em boa verdade, a situação tenderá a piorar significativamente. Dito isto, é evidente que este arranjo governativo não responde de uma forma satisfatória aos problemas do país. Portugal precisa de paz, de trabalho e, acima de tudo, de um espírito de compromisso. Tenho alertado frequentemente para esta necessidade nos meus escritos. Mas, olhando para os rostos desta elite partidocrática, não me parece de todo crível que esse espírito surja, ou, pelo menos, irrompa no curto prazo. O compromisso histórico português não passa, em bom rigor, de um mero sonho. Perante isto, o mais avisado é acender uma velinha e rezar, porque o futuro mais imediato será negro. Muito negro. No fundo, este regime já deu tudo o que tinha para dar. E falhou no essencial: a consolidação de uma democracia madura e civilizada.